Economia

Cesta básica em BH tem alta de 1,67% em janeiro

Valor apurado pela pesquisa do Dieese em janeiro foi R$ 707,93, equivalente a 58,78% do salário mínimo líquido
Cesta básica em BH tem alta de 1,67% em janeiro
Com elevação de 20,63% em janeiro, a batata foi o produto com maior alta na cesta básica | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

O morador de Belo Horizonte teve que desembolsar R$ 707,93 para adquirir uma cesta básica no primeiro mês de 2023. A quantia equivale a 58,78% do salário mínimo líquido, após desconto de 7,5% da Previdência Social. Frente a dezembro de 2022 (R$ 696,32), o preço do conjunto dos itens essenciais subiu 1,67% – a quinta alta mensal seguida. Já em relação a janeiro anterior (R$ 632,83), o aumento foi de 11,87%.

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Conforme o levantamento, para comprar a cesta básica completa, sem que fosse necessário excluir itens do carrinho, os consumidores da Capital que recebem R$ 1.302,00 mensalmente precisaram trabalhar durante 119 horas e 37 minutos. 

Ainda de acordo com o estudo, sete dos 13 produtos que compõem a cesta básica tiveram elevação no preço médio em janeiro se comparado a dezembro. O item que teve a maior variação foi a batata, após encarecer 20,63%. O feijão (8,64%), tomate (6,19%), arroz (5,84%), leite (2,65%), farinha (0,36%) e o açúcar (0,30%) também subiram. No sentido contrário, a banana (-3,30%), café (-1,97%), óleo de soja (-1,45%), carne (-1,43%), manteiga (-1,43%) e o pão de sal (-0,64%) baratearam entre os períodos.

Já no acumulado dos últimos 12 meses, nove dos 13 itens apresentaram elevação. Novamente, o maior aumento foi da batata, que encareceu 54,30%. Em seguida vieram, o feijão (50,68%), leite (34,42%), manteiga (28,62%), farinha (26,89%), arroz (16,30%), pão de sal (15,93%), tomate (8,01%) e a banana (6,48%). Do lado oposto, sofreram reduções o açúcar (-4,82%), café (-1,49%), carne (-0,57%) e o óleo de soja (-0,37%).

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A técnica do Dieese em Minas Gerais, Isabella Mendes, ressalta que os valores da cesta básica já vinham aumentando desde antes da pandemia. Ela explica que essa tendência está atrelada a vários fatores, como políticas públicas, aumento dos combustíveis e a desvalorização do câmbio – que afeta os produtos exportados e importados. Além da ocorrência de fenômenos climáticos mais extremos – tanto seca mais prolongadas quanto chuvas mais fortes –, e a guerra entre Rússia e Ucrânia – que afetou o comércio em geral. 

“Em janeiro tivemos altas de alguns produtos, só que a maior parte deles com relação ao mercado interno. A batata, que ficou em primeiro lugar, tem a ver com o acumulado de chuva atípica no começo do ano, inclusive, ela teve um aumento expressivo em 12 meses chegando a aumentar 81,84% em Curitiba (Paraná). Em segundo lugar o feijão, que tem relação com a alta nos fertilizantes que também foi repassada para o consumidor, além da redução da área plantada. O tomate também está ligado às questões climáticas e apesar de em algumas cidades ter caído, em Belo Horizonte foi bastante afetada pelas chuvas de granizo”, avalia.

Tendência

Embora afirme ser complicado antever como será o cenário da cesta básica nos próximos meses, Isabella Mendes comenta que para ela, a tendência, caso não continue aumentando, é de que os preços se mantenham em patamares elevados. Ela esclarece que alguns fatores, por exemplo, dependem de políticas públicas, como estoques de alimentos e agricultura familiar, e são questões que não fazem efeito no curto prazo. 

“Tem algumas coisas que o governo poderia mexer mais rápido, como os combustíveis, porém tem a questão política e não é nada muito simples, mas o governo tem sinalizado, e isso pode vir a ter efeito na cesta básica. Porém, o impacto, apesar de ser importante, não ia fazer com que tivesse uma queda que compensasse, já que aumentou muito nos últimos dois, três anos. A verdade é que é necessário que aumente a oferta de alimentos, com a política de proteção do mercado interno de alimentos. O Brasil já teve, por exemplo, a política de estoques reguladores e é uma coisa que precisa ser retomada, mas não é uma política que tem efeito rápido, precisa de um tempo”, esclarece.

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