Economia

Cesta básica em BH atinge menor valor em 13 meses, puxada pelo ‘prato brasileiro’

Queda atípica para novembro foi impulsionada por itens essenciais do “prato brasileiro”, como feijão carioquinha, arroz e tomate
Atualizado em 4 de dezembro de 2025 • 19:45
Cesta básica em BH atinge menor valor em 13 meses, puxada pelo ‘prato brasileiro’
Foto: Reprodução/Adobe Stock

O preço da cesta básica recuou 2,14% em novembro em Belo Horizonte, passando a custar R$ 730,55. Além de atípico para o mês, o resultado é o menor em 13 meses e foi impulsionado por itens essenciais do “prato brasileiro”, como feijão carioquinha, arroz e tomate, que registraram quedas expressivas.

Os dados são do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG). No acumulado de 12 meses, também houve queda de 3,1% na capital mineira, refletindo um arrefecimento gradual das pressões da inflação sobre os alimentos.

Em novembro, 11 dos 13 produtos analisados registraram queda, com destaque para:

  • feijão carioquinha (-14,18%)
  • arroz (-8,58%)
  • tomate (-6,04%)

No recorte sobre a importância relativa de cada produto, a banana-caturra (-5,11%) também teve uma queda expressiva.

Já o óleo de soja e chã de dentro encerraram o mês em alta, de 8,52% e 1,27% respectivamente. No acumulado do ano, o café segue como a maior variação positiva, pressionando os preços dos alimentos com alta acumulada de 33,25%, embora tenha recuado 4,08% em novembro.

De acordo com o gerente de pesquisa do Ipead, Eduardo Antunes, a queda observada é expressiva para o mês de novembro, já que normalmente os preços costumam aumentar com a chegada do fim do ano. “A boa notícia foi a grande quantidade de produtos que recuaram ao mesmo tempo, especialmente por se tratar de itens essenciais do prato do brasileiro, que começa com feijão e arroz”, comenta.

No entanto, a persistência de elevações em alguns produtos como o café moído, chama atenção. “Os preços, neste ano, não subiram tanto quanto no ano passado, mas ainda há alguns reflexos e muitos itens seguem acima do patamar historicamente praticado. É uma boa notícia, mas com algumas ressalvas”, completa Antunes.

Outro destaque no mês é o preço da cesta básica sobre o salário da população em Belo Horizonte. Em novembro, o item representa 48,13% do valor do salário mínimo, índice que chegou a 58,7% em dezembro de 2022 e a 53,39% no ano passado, o que indica ganho no poder de compra em relação à cesta básica na comparação interanual.

Apesar do crescimento em novembro, a expectativa é de um novo aumento no próximo mês em função da sazonalidade. “Como muitos produtos caíram agora, é possível que haja algum reajuste, mas uma nova queda também não seria surpreendente”, avalia Antunes.

Desinflação é incompleta: preços ainda não são compatíveis com renda familiar

A redução percentual do custo da cesta básica frente ao salário mínimo pode refletir uma recomposição parcial do poder de compra do cidadão de Belo Horizonte. O economista, consultor e conselheiro de política econômica, Stefan D’Amato, relata que o consumo de uma menor parcela do salário mínimo que em anos anteriores mostra que há um ganho relativo, ainda que insuficiente, para eliminar a perda acumulada desde o fim da pandemia de Covid-19.

Mesmo com a redução observada, o economista considera que a dinâmica interna da cesta reflete desequilíbrios relevantes, como produtos que ainda operam em níveis historicamente elevados, por motivos, como altos custos de produção, desafios em safras e logística.

“Isso mostra que a desinflação dos alimentos é incompleta. Ela ocorre de forma desigual entre os produtos e não permite, por enquanto, afirmar que os preços tenham retornado a um patamar compatível com a trajetória de renda das famílias”, argumenta.

Segundo o economista, o equilíbrio entre renda e custo de vida segue frágil. Mesmo com a queda momentânea no preço da cesta básica em Belo Horizonte, as famílias ainda convivem com orçamentos apertados em outras frentes, como energia, serviços e habitação.

Para o futuro, o ponto decisivo deve se concentrar na capacidade de manter a desaceleração dos alimentos ao longo dos meses. “Somente assim será possível criar um ambiente em que a recomposição do poder de compra se torne mais permanente”, conclui D’Amato.

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