Concorrência com China impacta emprego da indústria do aço em Minas Gerais

As importações elevadas de aço da China estão impactando negativamente o mercado de trabalho do setor siderúrgico nacional. O CEO da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas), Marcelo Chara, declarou, recentemente, que a companhia deixou de contratar 600 pessoas em razão da concorrência com o país asiático.
E a Usiminas não é a única empresa afetada. No fim de setembro, o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, informou que a companhia paralisou parte de sua capacidade produtiva no Brasil em função do aumento substancial da importação de aço no País.
De acordo com o executivo, 600 pessoas estão com contratos de trabalho suspensos temporariamente. Ele acrescentou que as usinas da empresa em Minas Gerais, por enquanto, não foram afetadas.
Diante do problema, Gustavo Werneck disse que está otimista de que o governo federal vai adotar tarifa de 25% de Imposto de Importação sobre o aço. O percentual é o mesmo praticado por 27 países da União Europeia, além dos Estados Unidos e México. A alíquota adotada hoje no Brasil é de 9,6%, exceto para alguns produtos.
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O CEO da Gerdau contou que tem ido quase todas as semanas a Brasília e que a interlocução com o ministro e vice-presidente Geraldo Alckmin e equipe tem sido boa.
Importação
Somente em agosto deste ano, o Brasil importou 496 mil toneladas de aço, o maior volume desde julho de 2021 e um patamar bem acima da média dos últimos dez exercícios, de 250 mil toneladas. Para este ano frente a 2022, a previsão é de uma alta de 40% na quantidade de importados.
Durante a 33ª edição do Congresso Aço Brasil, que aconteceu em setembro, em São Paulo, o presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, Jefferson de Paula, disse que, se nada for feito para que o atual cenário seja alterado, certamente, até o fim de 2023, diversas usinas de aço terão que paralisar as atividades, gerando, inclusive, desemprego no Brasil.
Outro impacto pode ser o adiamento dos investimentos já programados pelas companhias, cuja projeção indica mais de R$ 63 bilhões nos próximos quatro anos. O Instituto Aço Brasil reúne nove grupos produtores de aço do País, que respondem por 86% da produção nacional de aço.
Neste evento, o presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração Latam, Jefferson de Paula, avaliou o atual cenário como dramático. Ele contou que a empresa revisou suas projeções para este ano devido à situação adversa e vai produzir, no Brasil, 1,3 milhão de toneladas de aço a menos do que previa antes.
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