Codemge conclui venda de participação na CBL

A Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) começou, em 25 de março, a receber as propostas de compra para sua participação acionária (33,33%) na Companhia Brasileira de Lítio (CBL). Em julho, o leilão do ativo teve como vencedor o Fundo Ore Investment, que pagou R$ 208 milhões, ou R$ 125 por ação.
Em setembro, depois de todo esse processo, os demais acionistas da CBL decidiram manifestar seu direito de preferência na aquisição das ações. Previsto no acordo de acionistas, foi aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica em 19 de setembro e formalizado no dia 30.
Segundo o presidente da Codemge, Thiago Toscano, ao adquirir as ações depois de todo esse tempo, os acionistas perderam a oportunidade de fazê-lo gastando menos, porque a empresa se valorizou nesse período. A CBL chegou a oferecer um valor no início do processo, mas este foi recusado pela Codemge, pois estava abaixo das avaliações da estatal.
Não se sabe qual foi esse valor – há uma cláusula de confidencialidade. Mas a participação foi adquirida com ágio pelo fundo vencedor da concorrência, e, ao exercer o direito de preferência, os acionistas controladores da CBL tiveram que pagar o mesmo valor que o da proposta selecionada.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Toscano acredita que a CBL, com isso, quis impedir a ampliação do rol de acionistas. “Quando um fundo entra, passa a impor uma série de regras de governança que podem fazer quem está tocando o negócio perder a flexibilidade. Mas, ao decidir isso depois, a empresa perdeu uma boa oportunidade de negócio”, diz o presidente.
A alienação das ações da CBL faz parte das iniciativas do Programa de Gestão de Portfólio da Codemge, que reavalia a carteira de ativos da companhia. Única produtora integrada (mineração – beneficiamento – compostos químicos) de produtos de lítio fora da China, a CBL, fundada em 1986, produz principalmente concentrado de espodumênio (mineral fonte de lítio), carbonato de lítio e hidróxido de lítio.
A empresa atua no Vale do Jequitinhonha com uma unidade de mineração em Araçuaí e a planta de processamento químico em Divisa Alegre. Os produtos de lítio da CBL são aplicados em diversas indústrias, como a de fármacos, graxas lubrificantes, metalurgia e cerâmica, além das baterias para carros elétricos, ou seja, é uma matéria-prima fundamental nas políticas de transição energética.
O presidente da Codemge deixa claro que reduzir o tamanho do Estado é uma pauta do governo estadual e que não vê sentido na presença governamental em uma empresa privada, mesmo em um negócio estratégico como a exploração de lítio.
Para ele, a iniciativa privada não tem as limitações do Estado e, para ela, é muito mais fácil acessar o mercado de capitais e levantar os recursos para uma possível expansão. Ao mesmo tempo, ela pode enfrentar riscos que o Estado não pode.
“A pergunta não deve ser por que o Estado está se retirando do negócio e sim porque o Estado entrou. Na época, não foi um aporte para investir e sim uma compra pura e simples da participação, ou seja, o estado deu R$ 78 milhões aos sócios”, afirma Toscano.
“Ao ser devolvida, com lucro, à iniciativa privada, esta participação está onde sempre deveria ter estado”, acrescenta.
Ouça a rádio de Minas