Economia

Com cenário mundial incerto, renda fixa é opção

Tesouro Direto, LCIs, LCAs e CDBs também entram no radar das aplicações
Com cenário mundial incerto, renda fixa é opção
Crédito: Divulgação

A falta de perspectivas reais de um cessar-fogo entre Ucrânia e Rússia, a alta da inflação e dos juros no mundo estão interferindo no mercado e nas bolsas de valores. Em um mês, de 28 de março a 28 de abril, a B3 acumulava queda próxima a 9%, após quatro meses de resultados positivos. Com o cenário incerto, o momento exige que os investidores fiquem atentos e diversifiquem a carteira. Diante da instabilidade, para investimentos de curto prazo, aplicações em Renda Fixa, Tesouro Direto, Letra de Crédito Imobiliário (LCI),  Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e Certificado de Depósito Bancário (CDBs) são opções seguras e interessantes.

Mas, para investidores que podem aplicar a longo prazo, com a queda da B3, é interessante avaliar ações que estão bastante deterioradas e que podem gerar oportunidades de compras, com papéis com descontos interessantes, mas que vão exigir maior prazo para resultados. 

A líder regional da XP. Inc em Minas Gerais, Jéssica Oliveira, explica que após mais de dois meses de conflitos na Ucrânia e sem perspectivas reais de um cessar-fogo, mesmo distante geograficamente, os reflexos do embate entre os países afetam a economia internacional, inclusive no Brasil. 

“O mercado vem sentindo os efeitos desse cenário de conflitos geopolíticos e de outras variáveis macroeconômicas, como a inflação e a oscilação das moedas, como o real, o dólar e o euro. Por isso, a nossa orientação ao investidor neste momento é manter a calma e analisar com maior critério sua base de ativos para ser assertivo na tomada de decisões, entendendo que com o tempo esse cenário se ajusta”.

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Diante do cenário instável, a cautela e a diversificação da carteira se tornam ainda mais necessárias para evitar perdas e obter um bom resultado com os investimentos.  

“Nós costumamos dizer que a receita de sucesso para quem investe é a diversificação, paciência e cautela. Distribuir o dinheiro em diferentes classes de ativos dá uma maior segurança nos momentos de turbulência e uma rentabilidade eficiente no médio e no longo prazo. Não é o momento de tomar decisões baseados nas emoções. Tentar adivinhar a melhor hora para entrar em determinada classe de ativo é bastante arriscado, sendo assim, é importante buscar informação sobre os movimentos do mercado para manter o patrimônio resguardado em níveis saudáveis”.

Ainda segundo Jéssica, o cenário atual é atrativo para a renda fixa e, dentro da classe de ativos, é importante olhar para os investimentos com proteção de inflação. “Mas reforço a necessidade da diversificação, cautela e paciência”, disse.

Tempestade perfeita

O head da Assessoria de Investimentos da Terra Investimentos, Rogério Kurussu, destaca que a realidade brasileira reúne situações de uma tempestade perfeita nas bolsas de valores.

“A gente tem a guerra entre Rússia e Ucrânia e a mudança da postura monetária nos Estados Unidos, com elevação mais forte nas taxas de juros. A iminência dessas elevações combinadas com o Copom, que está na dúvida se os juros vão parar de subir nos 12,75%, somadas à inflação intermitente – que não consegue arrefecer -, o dólar atingindo o objetivo técnico de primeiro momento de R$ 4,60 e fazendo pullback provavelmente em direção a R$ 5,30, a gente não consegue ficar muito otimista com resultados da renda variável”. 

Kurussu explica ainda que diante da postura das commodities nas últimas, com elevação abrupta em todos os setores por falta de um cenário econômico normal, a recomendação  é fazer investimentos em  renda fixa.

“Essa postura de retirada de dinheiro da renda variável é justamente para evitar possibilidade de ajustes fortes como temos vistos em abril, onde a B3 está com queda de próxima a 9% e deve recuperar parte nos próximos dias, depois de quatro meses consecutivos de alta impulsionadas, justamente, pelos papéis de commodities no Brasil”.

Contudo, Kurussu não acredita que há uma mudança de saída dos papéis de commodities para o mercado doméstico, já que há uma postura um pouco mais otimista com o final dos lockdowns. Mas, é importante monitorar a China.

“Apesar de não saber, na realidade, se a China está proporcionando lockdowns de forma mais exagerada, temos poucas informações sobre o que acontece lá. Mas, as providências que estão acontecendo no Brasil e no mundo todo de recuperação da atividade econômica, diminuindo os compulsórios dos bancos, compulsórios do bancos no varejo, colocando mais dinheiro do fundo de garantia no caso brasileiro, isso tudo tem ajudado a ter uma certo otimismo para 2023”. 

Ainda segundo Kurussu, com a queda da bolsa, as ações estão bastante deterioradas, “Então, há oportunidades para a compra de papéis bastante descontados, mas, sem esperar resultados de curto e médio prazos. Investimentos de longo prazo na B3 podem ser oportunidade únicas. Para quem não quer correr riscos, os papéis de renda fixa, desde Tesouro Direto, LCIs, LCAs, debêntures e CDBs são vantajosos em curto prazo”. 

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