Com menos dias úteis, transporte urbano em Minas Gerais tem queda de 10%

As empresas de transporte urbano em Minas Gerais registraram uma queda de 10% na movimentação de passageiros nos primeiros quatro meses deste ano, fruto de um período com menos dias úteis, em virtude do grande número de feriados prolongados. Com menos feriados no decorrer do ano, a Federação de Transportes de Passageiros de Minas Gerais (Fetram) espera que a demanda seja retomada e que o setor alcance o mesmo patamar do ano passado.
Além disso, a Fetram espera uma modernização contratual quando for realizada a nova licitação para transporte urbano da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), em 2028, com uma discussão sobre gratuidade e investimentos em corredores exclusivos.
O presidente da entidade, Rubens Lessa, explica que os diversos feriados ao longo do ano diminuíram o funcionamento das empresas de modo geral, como menor circulação de pessoas no comércio, na indústria e nos serviços, o que reflete diretamente na atividade das empresas de transporte urbano e metropolitano.
“Foi muito ruim o resultado (até agora). Estamos acreditando que agora nesse segundo trimestre, comece a recuperar um pouco, pelo menos para tentar chegar ao nível do ano passado”, declarou Lessa, em entrevista do Diário do Comércio durante o evento Conexão Transporte Mineiro, na segunda-feira (5), em Belo Horizonte.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Diferente do segmento de ônibus urbanos e metropolitanos, as empresas de transporte para viagens mais longas foram favorecidas pelo maior número de feriados em dias úteis e tiveram um pequeno aumento na movimentação de passageiros no início deste ano.
Além da queda na demanda, Lessa destacou ainda que o transporte de passageiros intermunicipal em Minas Gerais ainda enfrenta a concorrência com o transporte clandestino, o que tem retirado passageiros das empresas de transporte formais de forma constante.
Nova licitação de transporte urbano de Belo Horizonte
O setor de transporte de passageiros mineiro está atento à nova licitação para empresas de ônibus da PBH. O atual contrato de concessão se encerra em 2028. O presidente da Fetram destacou que, à época do lançamento, em 2008, o antigo contrato foi considerado um projeto de vanguarda. Atualmente, ele é alvo de críticas e o novo projeto, disse Lessa, deve ter a maior transparência possível em relação às empresas, o poder público e a segurança contratual.
“Faltou talvez uma planilha vinculada, igual hoje tem da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para saber realmente o custo com cada questão durante a prestação do serviço. Quanto você está gastando com combustível, com pessoal, com peça, pneu, imposto, gratuidade. Um dos grandes problemas é ter ponto de custeio de gratuidade”, disse.
O ponto de custeio de gratuidade define no contrato quem será responsável por cobrir o custo com a isenção da cobrança a determinados públicos da sociedade, como idosos e estudantes, por exemplo, durante a prestação do serviço. A responsabilidade pode ser do usuário não beneficiado, ou seja, ser incorporada na tarifa comum de ônibus.
Lessa aponta que a maior expectativa de vida da população brasileira eleva o número de passageiros idosos nos ônibus e que o maior custo com mais gratuidades tem sido repassado ao usuário comum de ônibus, que geralmente tem um poder aquisitivo menor. Ele argumenta que a isenção seja custeada pelo ente federativo que instituiu o benefício. “Cada um que deu a sua gratuidade arca com ônus e não pode jogar para o usuário do transporte público pagar”, criticou.
Por fim, o presidente da Fetram deseja que a discussão da nova licitação de transporte urbano de Belo Horizonte inclua também mais investimentos em corredores exclusivos para ônibus.
Ouça a rádio de Minas