Com protestos e clima, diferença de preços dos alimentos chega a 300% em BH

O clima mais frio e chuvoso e o fechamento de rodovias – resultado das manifestações dos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro – impactaram a produção e distribuição de alimentos e têm gerado aumento dos preços. De acordo com o site de pesquisas Mercado Mineiro, há uma grande variação de preços dos hortifrútis nos sacolões em Belo Horizonte, diferença que supera 300% dependendo do item. Houve também um encarecimento significativo, alcançando até 55%, entre os dias 28 de outubro e 4 de novembro.
A pesquisa foi feita em 20 estabelecimentos de Belo Horizonte, entre os dias 3 e 4 de novembro. De acordo com o coordenador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, a pesquisa identificou uma oferta de produtos com qualidade inferior e preços elevados.
“O que chamou nossa atenção foi uma queda muito grande na qualidade dos produtos. É um gargalo que acaba prejudicando, mas que deve ser de curto prazo. O consumidor está pagando mais caro por itens com qualidade inferior”.
Ainda segundo Abreu, alguns fatores estão impactando a oferta e qualidade, como o tempo frio, as chuvas e o período de entressafra de alguns itens. Além disso, os bloqueios nas rodovias, organizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, afetam a distribuição e qualidade dos alimentos, principalmente, dos perecíveis.
“Os hortifrútis são muito perecíveis e, quando há alguma interferência no processo, como dificuldades de transporte pelas rodovias paralisadas, esses alimentos perdem qualidade e os preços sobem. O momento exige atenção do consumidor, que deve pesquisar os preços”.
Abreu explica ainda que, além da grande variação de preços entre os sacolões de Belo Horizonte, foi registrada alta nos preços se comparada à pesquisa atual, de 3 a 4 de novembro, com a concluída em 28 de outubro, antes do segundo turno das eleições.
“Os preços que já estavam subindo em virtude da entressafra de alguns itens, dispararam com a paralisação nas estradas, que afetou muito a qualidade dos hortifrútis. Lembrando que qualquer evento fora do padrão entre o ciclo de produção e comercialização para o consumidor final gera desequilíbrio de preços, especulação, perda de qualidade e até escassez do produto perecível”.
Conforme os dados da pesquisa, se comparamos os preços médios da pesquisa atual com a realizada em 28 de outubro, nos mesmos 20 estabelecimentos, o preço médio do quilo da batata inglesa passou de R$ 4,96 para R$ 7,69, um aumento de 55% em nove dias. O quilo da cenoura, que custava, em média, R$ 2,56, subiu para R$ 3,34, variação positiva de 30%.
O quilo do tomate comum saiu de R$ 6,39 para R$ 8,13, um aumento de 27%. Alta também no preço do quilo do pimentão verde, que custava R$ 6,39 e subiu para atuais R$ 8,49, um aumento de 33%.
Destaque também para o quilo da mandioca, que passou de R$ 4,59 para R$ 5,19, elevação de 13%. O quilo da banana ficou 14% mais caro, saindo de R$ 6,79 para R$ 7,74.
O quilo da laranja Pera Rio acumulou aumento de 9,84%, sendo negociado a R$ 3,36, ante a média de R$ 3,06. O abacaxi, que custava R$ 5,86, por quilo, aumentou 13,16% e chegou a R$ 6,63.
Variações
Além do aumento dos preços, o consumidor também precisa ficar atento às variações de valores entre os estabelecimentos. Na Capital, foi verificada diferença de mais de 300% entre os preços praticados.
O quilo do limão Tahiti custa de R$ 2,98 até R$ 13,99, com uma variação de 369%. Diferença significativa também no quilo da mexerica ponkan que pode custar de R$ 1,98 até R$ 6,99 – uma variação de 253% -, dependendo do sacolão.
Conforme os dados da pesquisa, foi registrada uma diferença de 350% no preço do quilo do quiabo, que é vendido de R$ 3,99 até R$ 17,99.
O quilo do tomate comum varia de R$ 4,99 até R$ 9,99, uma diferença de 100%. A batata inglesa é negociada na Capital de R$ 4,98 até R$ 9,99, uma variação de 100%.
Variação grande de preços também foi vista nos preços do chuchu, que variam até 202% nos estabelecimentos pesquisados. A diferença no valor da beterraba e da cenoura chega a 152%, do pimentão verde, a 150%, a cebolinha, salsinha ou couve variam 51%.
“Há uma grande variação de preços entre os estabelecimentos. Muitas pessoas estão saindo da zona Sul, região que tem custos mais caros, como os aluguéis, para a periferia, em busca de preços melhores”, disse Abreu.
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