Economia

Com R$ 80,6 bilhões em 5 anos, Minas tem espaço para mais investimentos em energia solar

Nos últimos cinco anos, Estado soma cerca de R$ 80,6 bilhões em investimentos; não só o Norte, mas outras regiões também são oportunidades para setor
Com R$ 80,6 bilhões em 5 anos, Minas tem espaço para mais investimentos em energia solar
Crédito: Divulgação/BDMG

A geografia favorável e o acesso a linhas de financiamento de bancos de desenvolvimento são vantagens que fazem Minas Gerais ainda ter muito espaço para mais investimentos em energia solar, mesmo após vultosos aportes do setor no Estado nos últimos anos. É o que aponta o diretor de atração de investimentos da Invest Minas, Ronaldo Barquette.

Nos últimos cinco anos, o Estado soma cerca de R$ 80,6 bilhões em aportes anunciados no setor de eletricidade gerada a partir do sol, segundo dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede).

“O Estado conjuga uma série de fatores que fazem com que os investimentos em energia solar sejam muito interessantes para o empresário”, declara o diretor da Invest Minas.

Um dos principais fatores é o alto nível de radiação solar combinado com temperaturas amenas. Em temperaturas muito altas, o painel solar gera menos energia. “Essa temperatura não tão alta, por exemplo, quanto o Nordeste do País, o Norte do Estado faz com que a geração de energia das placas seja maior”, explica Barquette.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Ronaldo Barquette
Barquette, da Invest Minas: geografia favorável e acesso a linhas de crédito de bancos de desenvolvimento são vantagens em Minas Gerais | Credito: Divulgação Invest Minas

A topografia também ajuda a tornar os investimentos em energia solar mais rentáveis, com vastas áreas planas para instalação das fazendas solares. Neste mês, Minas Gerais alcançou a marca de 10 gigawatts (GW) de potência fiscalizada em geração de energia fotovoltaica.

Essa geração é maior do que a soma das três maiores geradoras de energia elétrica de base fóssil em operação no País: Petrobras, Eneva e a usina termelétrica UTE GNA I, que, juntas, totalizam 8,5 GW.

Para além da geografia favorável aos investimentos em energia solar, o Estado também tem a vantagem de contar com financiamento de bancos com foco no setor, como o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), que também repassa recursos advindos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), que abrange o Norte mineiro.

“Não só o BDMG com linhas específicas para as energias renováveis, mas também o BNB, porque o Norte de Minas Gerais faz parte da região da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste), então, tem benefícios não só em relação à linha de financiamento, mas também a impostos”, aponta Ronaldo Barquette.

Ele ressaltou ainda o programa Sol em Minas, do governo estadual, que visa alavancar o setor de energia solar fotovoltaica no Estado, com, dentre outras medidas, incentivos fiscais e simplificação de licenciamento ambiental para empreendimentos nessa área.

Investimentos em energia solar para além do Norte de Minas

Esta semana, a norueguesa Scatec, especializada no desenvolvimento de múltiplas tecnologias renováveis em economias emergentes, anunciou investimentos de R$ 350 milhões em uma usina fotovoltaica no Norte de Minas, região que concentra a maior parte dos aportes em energia solar nos últimos anos.

Mas outras regiões mineiras também são oportunidades para o setor, ressalta Barquette. “O Norte é mais forte em função do custo da terra, da topografia, dos níveis de radiação solar e da Sudene. Mas tem também alguns projetos no Noroeste do Estado, no Triângulo Mineiro e até no Sul de Minas”. Dos R$ 6 bilhões de investimentos em energia solar anunciados no Estado este ano, R$ 4,1 bilhões são destinados ao Noroeste mineiro e R$ 1 bilhão no Norte.

O presidente da CMU Energia, Walter Fróes, faz a ressalva que, mesmo em um ambiente favorável, o curtailment – os cortes de geração do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) – é um desafio para a rentabilidade dos empreendimentos em energia renovável. “Tudo é lindo e maravilhoso até esbarrar no limite técnico-operacional e econômico”, disse.

O ONS precisa despachar no sistema um volume de energia igual à demanda. Em momentos do dia com bastante sol e vento, a geração das usinas solares e eólicas podem exceder o consumo, e o operador precisa desligar essas plantas para não sobrecarregar o sistema.

Fróes aponta que uma alternativa seria o ONS controlar também a geração distribuída (GD), além do uso de baterias para armazenar energia e preservar o sistema elétrico. “Bateria é uma solução para gerar energia durante o dia e injetar à noite pode ficar off grid”, finaliza.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas