Combustíveis têm altas consecutivas e impactam inflação

A retomada de parte das atividades econômicas está estimulando o mercado de combustíveis em Minas Gerais e em Belo Horizonte. Com a maior movimentação de veículos, os preços dos principais combustíveis vêm apresentando altas consecutivas, o que tem gerado aumento da inflação em julho.
De acordo com os dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o valor médio apurado nos postos de Minas Gerais para a gasolina foi de R$ 4,16 por litro entre os dias 28 de junho e 4 de julho.
Já no último levantamento – feito entre 19 e 25 de julho – o combustível foi comercializado, em média R$ 4,29, aumento de 3,12% entre as semanas. Na comparação com a semana imediatamente anterior (12 a 18 de julho), a gasolina ficou 0,7% mais cara, com o preço ao consumidor saindo de R$ 4,26 para R$ 4,29.
O etanol também apresentou alta nas últimas quatro semanas na média estadual. O levantamento da ANP mostra que o valor cobrado, em média, do consumidor encerrou a semana de 19 a 25 de julho em R$ 2,83 por litro, valor 1,4% mais caro que o praticado entre 28 de junho e 4 de julho, que foi de R$ 2,79 por litro. Na comparação com a semana imediatamente anterior – de 12 a 18 de julho – o preço se manteve estável.
Em relação ao diesel, em Minas Gerais, durante a semana de 19 a 25 de julho, o combustível foi vendido a R$ 3,34, o que representou uma alta de 4,7% quando comparado com quatro semanas antes (28 de junho a 4 de julho), quando o combustível estava cotado a R$ 3,19. Na comparação com a terceira semana, a alta foi de 1,21%, já que o diesel era vendido a R$ 3,30.
Distribuidoras – Assim como visto nos preços voltados para o consumidor, nas distribuidoras também foram feitos reajustes. No caso da gasolina, no acumulado das últimas quatro semanas, encerradas em 25 de julho, o combustível ficou 2,9% mais caro, com o preço saindo de R$ 3,79 o litro para R$ 3,90.
No mesmo período, o valor do diesel nas distribuidoras saiu de R$ 2,85 e chegou a R$ 2,96, variação positiva de 3,85%. Já no etanol, o valor ficou estável, com o litro vendido a R$ 2,46.
Assim como em Minas Gerais, em Belo Horizonte os combustíveis também tiveram reajustes nos preços. Na semana de 19 a 25 de julho, o litro da gasolina foi comercializado para o mercado final a R$ 4,20, em média, o que representou um avanço de 4,17% frente aos R$ 4,02 registrados na semana de 28 de junho a 4 de julho. Na comparação com a terceira semana, a variação positiva nos preços foi de 0,96%. Nas distribuidoras, o combustível subiu de R$ 3,8, o litro, para R$ 3,88, aumento de 2,01%.
Em relação ao etanol, o valor do biocombustível para os consumidores encerrou a semana da semana de 19 a 25 de julho em R$ 2,72, ante R$ 2,66 praticados na semana de 28 de junho a 4 de julho, alta de 2,25%. Em relação a terceira semana, houve manutenção do preço.
Ainda na capital mineira, o valor do diesel nos postos, na penúltima semana de julho, alcançou R$ 3,35 por litro, ficando 5% mais caro que os R$ 3,19 praticados na semana de 28 de junho a 4 de julho e 1,5% maior que os R$ 3,30 registrados na semana imediatamente anterior.
Inflação – A coordenadora de pesquisas da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais da Universidade Federal de Minas Gerais (Ipead/UFMG), Thaíze Martins, explica que a alta verificada nos preços dos combustíveis contribui para o aumento da inflação, uma vez, que o peso da gasolina, principalmente, é alto entre os componentes da inflação.
“A gasolina é o combustível com maior peso na composição do índice de inflação e quando há uma valorização, normalmente, ela impacta e se destaca no mês. No nosso resultado prévio para julho, referente à terceira quadrissemana de julho (três semanas de julho com a última de junho frente a igual período imediatamente anterior), a gente já tem a gasolina sendo destaque do período, com alta de 2,03%, em Belo Horizonte, e com uma contribuição de 0,08 pontos percentuais na inflação. No mesmo período, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) da cidade de Belo Horizonte, apresentou uma variação positiva de 0,28%”.
Ainda segundo Thaíze, com o relaxamento do distanciamento social, para controle do Covid-19, há um maior volume de veículos nas ruas, o que vem estimulando o consumo e provocando a alta dos combustíveis, que já era esperada devido à queda verificada nas primeiras semanas de distanciamento social, quando houve retração de consumo e de preços dos combustíveis.
“O que observamos é que no início da pandemia os preços e o consumo estavam em queda, não só no Brasil, nas em nível mundial. Agora, a demanda e os preços estão se recuperando, mas ainda estão abaixo dos valores praticados antes da pandemia”, disse Thaíze.
Dos 242 itens que compõem os cálculos do IPCA, a gasolina ocupa a sétima colocação e, por isso, tem maior peso. Os demais combustíveis, diesel e etanol, também contribuíram de forma positiva, porém a representatividade é muito pequena. O etanol ocupa a 88ª posição e o diesel a 176 ª.
Petrobras tem prejuízo de R$ 2,7 bilhões
São Paulo – A Petrobras reportou ontem prejuízo líquido de R$ 2,7 bilhões no segundo trimestre, ante lucro de R$ 18,87 bilhões mesmo período do ano passado, quando a companhia tinha registrado seu melhor resultado trimestral.
A Petrobras apontou que, em uma conjuntura de preços e demanda mais baixos devido à pandemia, houve uma melhora ante o prejuízo de R$ 48,5 bilhões no primeiro trimestre, principalmente devido à ausência de impairments no período.
Além de não ter registrado baixas contábeis, que no trimestre anterior colaboraram para a companhia ter a maior perda de sua história, um ganho proveniente da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/Confins, após decisão judicial favorável, limitou o prejuízo entre abril e junho, já que teve um efeito de R$ 10,9 bilhões no resultado.
Segundo a estatal, excluindo esses fatores, a perda teria sido pior devido aos impactos do Covid-19 nas operações, com reflexo nos preços, margens e volumes.
“A eclosão de uma crise global de saúde causou uma recessão global profunda e sincronizada que afetou severamente a indústria global de óleo e gás”, disse o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, em relatório.
“Os preços do petróleo Brent, que eram de US$ 65 por barril em fevereiro despencaram para US$ 19 em abril de 2020, devido à contração de 25% na demanda global, ameaçando uma parada súbita nos fluxos de caixa”, acrescentou o CEO.
A empresa também registrou maiores despesas operacionais relacionadas à hedge e à implementação dos planos de demissão voluntária.
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado somou cerca de R$ 25 bilhões, recuo de 23,5% na comparação anual.
Preços – A companhia anunciou a redução no preço médio da gasolina em suas refinarias em 4% a partir desta sexta-feira (31), enquanto o diesel seguirá com cotações estáveis.
O corte anunciado ontem segue-se a nove aumentos seguidos para a gasolina desde meados de abril, quatro deles na casa de dois dígitos, segundo dados da Petrobras compilados pela Reuters. (Reuters)
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