Economia

Comércio de bairro ganha espaço com novos hábitos

Comércio de bairro ganha espaço com novos hábitos
Consumir próximo de casa é mais barato e seguro do que fazer um deslocamento grande | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

A Covid-19 trouxe, com ela, muitas mudanças nos hábitos de consumo. Receio de aglomerações e mais comodidade deram impulso a negócios próximos das residências. A mudança de hábito é confirmada pelo presidente do Conselho Empresarial de Micro e Pequenas Empresas da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (ACMinas), Edvar Dias Campos, que destaca a facilidade de compra e da aproximação dos empreendimentos com as residências como estímulo para estratégia para o crescimento nas vendas das lojas de bairro.

“É mais barato consumir próximo de casa do que fazer um deslocamento grande à procura de produto mais barato. No fim, se computar o gasto com transporte e a compra do produto, acaba ficando mais caro. Além disso, com o processo da crise pandêmica, as pessoas sentiram a necessidade de um atendimento mais humanizado, diferente das grandes organizações que exercem o trabalho com metodologia diferente, de forma padronizada”, detalha.

Os maiores desafios encontrados durante este período foram manter a organização do empreendimento de acordo com as necessidades sanitárias e organizacionais. “Geralmente essas empresas têm poucos funcionários e os proprietários são os responsáveis por tudo. Os maiores desafios foram controlar as medidas de proteção à saúde, o estoque das mercadorias, além de estratégias de vendas”, avalia Campos.

A gerente da Unidade de Indústria, Comércio e Serviços do Sebrae Minas, Márcia Valéria Cota Machado, pontua que esses empreendedores que não aderiram à tecnologia também passaram por dificuldades. “Esses médios e pequenos empresários tiveram que se adaptar ao uso da tecnologia, ao capital de giro e inovação tecnológica como a adoção de entregas como a rede de delivery”, esclarece.

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Edvar Campos avalia que para continuar tendo bons resultados pós-pandemia, o comércio de bairro precisa manter investimentos em humanização e personalização no atendimento. “Procurar o que o cliente precisa e busca. Conhecer as necessidades deles é importante como também investir em organização e tecnologia. Lembrando que as MPEs são importantes geradoras de emprego local e isso acaba fazendo a economia local girar”.

Essa é a mesma opinião da gerente da Unidade de Indústria, Comércio e Serviço do Sebrae-Minas, Márcia Valéria Cota Machado, que acredita que a forma de compra dos consumidores mudou e que para manter essa mudança, os empresários precisam fidelizar seus clientes. “Personalização do produto, investimento em tecnologia são algumas das ações que deixam o ponto comercial ainda mais forte”, acrescenta.

Faturamento em alta

Proprietária do Empório Das Gerais, no bairro Santa Branca, na região da Pampulha, a microempreendedora Marília Vilela, 62 anos, há 15 anos dedica sua vida a atender aos vizinhos da região com as delícias do interior do Estado. “São doces, queijos, cachaças, farinhas. É o sabor de cada cantinho de Minas Gerais”, explica.

Ela conta que viu o faturamento crescer 20% durante a crise sanitária. O movimento desde junho do ano passado aumentou cerca de 60%  e o Empório, que é administrado por ela e mais dois filhos, teve que contratar mais dois funcionários. “Não nos demos conta do tamanho da demanda. Além disso, meu filho criou uma plataforma própria de entrega. Contratamos cerca de cinco motociclistas para fazer as entregas aqui na região”, conta.

Vilela acredita que mesmo depois que os “vizinhos” voltarem à rotina normal de trabalho, as vendas no empório continuarão aquecidas. “Muita gente do bairro e da região não conheciam o empório porque fechávamos cedo demais. Hoje, por ouvir os clientes mudamos os horários de funcionamento e passamos a abrir aos sábados. Além disso, ouvimos os pedidos de algumas mercadorias dos clientes e vimos que vale a pena investir”, destaca.

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