Economia

Comércio em Minas dribla crise e cresce em abril

Comércio em Minas dribla crise e cresce em abril
No ano até abril, o varejo mineiro registrou alta de 9,6% | Foto: Adão de Souza-PBH

O comércio varejista em Minas Gerais apresentou um avanço de 0,2% de março para abril deste ano. Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado do ano até abril, o varejo em Minas registrou crescimento de 9,6% na comparação com igual intervalo do ano passado.

Entre as atividades de destaque investigadas e que apresentaram avanço na comparação com o mesmo mês do ano anterior, para o comércio varejista, estão móveis (133,8%), tecidos, vestuários e calçados (99,9%) e eletrodomésticos (53,2%). No comércio varejista ampliado, o setor de veículos, motocicletas, partes e peças apresentou avanço de 97,9% e o setor de material de construção, de 33,7%.

A coordenadora de pesquisas econômicas do IBGE em Minas Gerais, Cláudia Pinelli, avalia que  a alta no comércio varejista é positiva se comparada ao mesmo período do ano anterior. “No ano passado, os empresários foram pegos de surpresa, as lojas ficaram fechadas por muito tempo e não houve planejamento para esse período”.

Cláudia Pinelli atribui a melhora no comércio, mesmo na crise pandêmica, às estratégias elaboradas pelos empresários. “Devido ao abre e fecha do comércio, os empresários investiram em delivery, em vendas on-line. Setores como perfumaria, farmácia, artigos pessoais, além de supermercados e hipermercados, mantiveram o faturamento em alta”, reforça.

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A pesquisadora salienta que a melhora no comércio varejista ainda depende das normas estabelecidas em cada estado. “Em Minas Gerais, o comércio teve uma melhora significativa quando voltou a funcionar no fim de março a abril, quando os indicadores começaram a subir. Percebemos também que os consumidores estão investindo em equipamentos para casa como móveis, eletrodomésticos, quesitos que tiveram maiores altas”.  

Cláudia Pinelli acredita que o pagamento do auxílio emergencial também estimulou as compras no comércio, além das datas comemorativas, o que deve alavancar ainda mais a alta no faturamento dos empresários.

Pensamento compartilhado pela economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Gabriela Martins, que aponta o salto positivo também para o comércio varejista ampliado. “Registramos uma recuperação de 32%, isso é ótimo se comparado ao mesmo período do ano anterior, quando ficamos com uma restrição em investimento”, explica.

A economista da Fecomércio reforça que outros fatores ajudaram a alavancar os números positivos para o comércio. “O pagamento da primeira parcela do novo auxílio emergencial, mesmo que pequeno, ajudou as famílias a comprarem alguns produtos de primeira necessidade. A vacinação ainda é lenta. E a flexibilização da onda roxa aqui no Estado, que permitiu a abertura gradual do comércio”.

A expectativa é de que no próximo semestre o comércio volte a ter bons resultados. “Com a vacinação ampliando, volta a esperança de que o comércio fique aberto e consiga estabilizar. Não dá para fazer um planejamento em longo prazo, mas as datas comemorativas são um estimulante para boas vendas”, afirma a economista Gabriela Martins.

ACMinas demonstra cautela

O economista da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Paulo Casaca, avalia com cautela os números da pesquisa. “A situação é de atenção, porque vislumbra, de fato, a recuperação da economia. Estamos na pandemia e não sabemos quando vamos melhorar. Mostra, na verdade, que o comércio varejista se adaptou, mas que ainda não é um sinal de recuperação. Estamos enxugando gelo”, opina.

Ainda de acordo com o economista, por causa dessa adaptação e a injeção do auxílio emergencial, as vendas ajudaram a impulsionar o comércio varejista. “Além disso, houve o investimento em utensílios para o lar para conforto e adaptação ao home office e isso também ajudou a aumentar as vendas”, explica Paulo Casaca.

Por outro lado, pontua o economista da ACMinas, tecidos, vestuário e calçados tiveram grandes quedas. “Isso porque as pessoas não gastam mais nesse tipo de produto. Não estão saindo nem trabalhando fora”, complementa.

Paulo Casaca ainda não faz uma estimativa para o futuro do comércio varejista. “O que precisamos é da recuperação da economia. Isso ainda está ligado diretamente ao fim da pandemia e à questão da vacinação, coisas que não temos previsão. O que vemos agora é a adaptação do setor, que está gerando bons resultados até o momento”, opina. 

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