Economia

Comércio interestadual de Minas Gerais tem superávit recorde de R$ 21,2 bilhões

Superávit histórico foi puxado por veículos, ferro, aço, máquinas e produtos farmacêuticos
Atualizado em 15 de julho de 2025 • 14:26
Comércio interestadual de Minas Gerais tem superávit recorde de R$ 21,2 bilhões
Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em 2024, a soma das exportações com as importações entre Minas Gerais e outros estados totalizou R$ 1,2 trilhão. O valor é 7% superior ao registrado em 2023. Com o resultado, a balança do comércio interestadual de Minas registrou um superávit recorde de R$ 21,2 bilhões. No ano anterior, o valor foi de R$ 1,8 bilhão.

No período analisado, as exportações mineiras para outros estados somaram R$ 629,8 bilhões, um incremento de 8,6%, enquanto as importações totalizaram R$ 608,61 bilhões, alta de 5,6%.

Os números foram divulgados nesta terça-feira (15) pela Fundação João Pinheiro (FJP). O levantamento foi realizado a partir da base de dados das Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e), disponibilizada pela Secretaria de Estado de Fazenda (SEF).

Apresentação FJP superávit comércio interestadual
Da esquerda para a direita: a vice presidente da FJP, Mônica Bernardi, o governador Romeu Zema (Novo) e o pesquisador da FJP Lúcio Barbosa | Foto: Divulgação FJP

“Os resultados mostram claramente que a produção de Minas Gerais vem crescendo e fazendo com que tenhamos saldo positivo no comércio com outros estados. Em 2023, pela primeira vez, tivemos um superávit de R$ 1,8 bilhão e, em 2024, tivemos um salto e chegamos a R$ 21,2 bilhões. Isso demonstra a competitividade da economia mineira. Minas está vendendo mais para outros estados e trazendo mais desenvolvimento, empregos e investimentos”, disse o governador Romeu Zema (Novo).

Segundo ele, nos últimos seis anos e meio, Minas atraiu cerca de R$ 497 bilhões em investimentos, o que dará sustentação ao crescimento do Estados nos próximos anos. Os aportes atraídos, conforme o governador, são principalmente dos setores de energia, mineração, automobilístico e farmacêutico.

“Os números da FJP demonstram que os principais produtos vendidos para outros estados são os de maior valor agregado. Com toda certeza, essa trajetória irá permanecer, já que muitos dos investimentos que citei estão amadurecendo e começando a produzir. Em Montes Claros, por exemplo, temos diversas indústrias farmacêuticas que estão concluindo as instalações e que irão iniciar a produção. Além disso, a economia mineira está cada vez mais diversificada, o que a deixa mais imune a crises”, salientou.

Para a vice-presidente da FJP, Mônica Bernardi, o estudo elaborado pela instituição é importante para subsidiar as tomadas de decisões.

“A produção desses dados, estatísticas e informações são muito importantes. Além da transparência para toda a sociedade, esperamos que os dados sirvam de subsídios à tomada de decisão do governo para a produção de políticas públicas com mais qualidade e efetividade. A FJP vai continuar contribuindo para que Minas siga nos trilhos rumo ao desenvolvimento econômico e social sustentável”, disse.

Setor automotivo lidera as exportações de Minas Gerais para outros estados

Conforme os dados da FJP, os principais produtos da pauta de exportação do Estado em 2024 foram os veículos automóveis e suas partes e acessórios, com crescimento nominal de 21,1% do valor exportado para outros estados em relação a 2023 e participação de 10,4% do valor total.

Ao todo, a exportação para os demais estados movimentou R$ 65,5 bilhões em 2024. São Paulo foi o principal destino dos produtos, respondendo por 29,3% das compras.

“Diferente da pauta exportadora internacional do Estado, que é composta basicamente por commodities, a pauta do comércio interestadual se concentra em produtos manufaturados. Entre os destaques, está o setor automobilístico, com participação de 10,4%. O resultado está associado à produção recorde do Grupo Stellantis em 2024, com fábrica em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH)”, explicou o pesquisador da FJP Lúcio Barbosa.

Na sequência, o segundo produto mais exportado por Minas Gerais foi o ferro fundido, ferro e aço, que movimentou R$ 47,07 bilhões. O valor recuou 3,8% em relação a 2023. A participação na pauta mineira também caiu, de 8,8% em 2023 para 7,5% em 2024. São Paulo e Rio de Janeiro foram os principais destinos.

“A queda observada nas exportações interestaduais da indústria siderúrgica, em parte, está associada ao menor volume vendido, resultado das importações chinesas. Em 2024, houve queda de preços dos produtos siderúrgicos. Desse modo, a participação voltou a cair de 8,8% em 2023 para 7,5% em 2024”, detalhou Barbosa.

Máquinas e equipamentos mecânicos ocuparam a terceira posição, com participação de 7,1% e crescimento de 13,7% em relação a 2023. Novamente, São Paulo figurou como destino principal
(39,2%).

Os produtos farmacêuticos aparecem em quarto lugar entre os principais produtos exportados, com crescimento nominal de 47,9% na comparação com 2023 e participação de 6,7% no total das exportações de Minas Gerais para outros estados. Os principais destinos foram o Espírito Santo (25,4%) e São Paulo (17%).

“Tivemos um crescimento expressivo no setor farmacêutico. Com isso, a participação passou de 5,2% em 2023 para 6,7% em 2024. A alta é resultado do crescimento da produção, principalmente, de medicamentos”, disse.

Já as máquinas e os equipamentos elétricos foram o quinto principal produto da pauta de exportação interestadual mineira, com aumento de 22,3% no valor exportado e participação de 5,4%. Os principais mercados consumidores foram São Paulo (37,5%) e Rio de Janeiro (10,5%).

Veículos também impactaram importações

Ao longo de 2024, os veículos automóveis, suas partes e acessórios também foram o principal produto importado de outros estados por Minas Gerais. O grupo encerrou o ano com participação de 13,2% no valor total em 2024. As importações tiveram origem, principalmente, de São Paulo (45,3%), Paraná (11,8%), Rio Grande do Sul (11,5%) e Pernambuco (9,1%).

Em seguida, veio o grupo de máquinas e equipamentos mecânicos, com participação de 10% no faturamento das importações feitas pelo Estado. O destaque também vai para as importações de máquinas e equipamentos elétricos (6,9%), comprados, principalmente, de São Paulo (56,6%), Santa Catarina (11,2%) e Amazonas (8,7%).

Os combustíveis minerais aparecem na sequência, com participação de 6,5% e importações originadas de São Paulo (50,8%) e Rio de Janeiro (28,7%). Plásticos e suas obras representaram 4,8% das compras mineiras de outros estados, especialmente de São Paulo (53,1%).

“Além dos três primeiros grupos, que em geral são de maior valor agregado, Minas importou combustíveis minerais. Temos, em Betim, uma refinaria importante, mas, o Estado não produz petróleo, então, importamos de outros estados para refinar”, concluiu o pesquisador da FJP, Lúcio Barbosa.

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