Comércio varejista mineiro avança 1,8% no primeiro semestre de 2025

Em junho deste ano, o volume de vendas no comércio varejista de Minas Gerais registrou uma variação positiva de 0,5% nas vendas em relação a maio, que já havia registrado alta de 0,4%. Com isso, o primeiro semestre se encerrou com alta de 1,8% no Estado.
O aumento segue o avanço registrado no País, que também teve um incremento de 1,8% no período de janeiro a junho de 2025. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgada nesta quarta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Considerando o comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, as atividades de veículos, motos, partes e peças; material de construção; e atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de vendas em junho de 2025 caiu 1,5% nas vendas em comparação com o mês imediatamente anterior, contribuindo para a estabilidade do primeiro semestre, que não apresentou variação no Estado.
Apenas uma das oito atividades do comércio varejista mineiro avaliadas pela PMC apresentou queda no primeiro semestre. A atividade Equipamentos e materiais de escritório, informática e comunicação caiu 39,5% no período.
Em contrapartida, as outras sete atividades analisadas apresentaram alta com destaque para Livros, jornais, revistas e papelaria, que foi a atividade com maior crescimento na comparação com o primeiro semestre do ano anterior, alta de 6,3%. Confira quais foram os aumentos nas outras atividades:
- Tecidos, vestuário e calçados (4,3%);
- Outros artigos de uso pessoal e doméstico (3,7%);
- Móveis e eletrodomésticos (2,8%);
- Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (2,6%);
- Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2%)
- Combustíveis e lubrificantes (1,1%)
Entre os destaques com desempenho positivo, o analista do IBGE responsável pela pesquisa em Minas Gerais, Daniel Dutra, chama a atenção para as atividades Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo e Combustíveis e lubrificantes. Segundo ele, o comércio é muito sensível à inflação e o volume de vendas nessas atividades cresceu nos últimos meses de forma significativa.
“Esses setores representam mais de 40% do peso do indicador geral e apresentaram crescimento de 2% e 1,1%, respectivamente, na comparação com o primeiro semestre do ano anterior, um aumento considerado relevante”, explica.
No comércio varejista ampliado, duas das três atividades complementares registraram alta no volume de vendas no primeiro semestre, contrastando com uma queda de 11,5% na atividade de Atacado de produtos alimentícios e bebidas. São elas os segmentos de Veículos, motocicletas e peças (2%) e Material de construção (1,6%).
Em Minas Gerais, nos últimos 12 meses, foram observadas nove taxas positivas e três negativas, o que sinaliza ainda uma tendência de crescimento do setor – com avanço de 1,9% em Minas Gerais e de 2,7% no Brasil.
Quando comparado o mês de junho deste ano com o mesmo mês do ano anterior, houve predomínio de taxas positivas no comércio varejista em todo o País, com 19 unidades da federação apresentando avanços. Os destaques foram: Paraná (3,2%), Paraíba (3,6%), Alagoas (4%) e Mato Grosso (4,6%). Minas Gerais registrou crescimento de 1,5% nesse comparativo. No Brasil, o aumento foi de 0,3%.
Comércio deve permanecer em ritmo moderado
Para o economista da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), João Gabriel Pio, o comércio varejista deve seguir em ritmo moderado em 2025 influenciado pela manutenção da política monetária restritiva e pela inflação acima do teto da meta, que corrói o poder de compra das famílias.
Entretanto, apesar desse cenário, o consumo encontra algum suporte em fatores pontuais como a segunda etapa do saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para trabalhadores demitidos que aderiram ao saque-aniversário em junho e o início do pagamento dos reembolsos às vítimas de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em julho. “Esses estímulos, combinados a um mercado de trabalho aquecido e resiliente podem suavizar os efeitos adversos sobre o setor”, diz.
Pio comenta que as incertezas seguem elevadas no ambiente externo, em especial pelas tensões geopolíticas e pelas mudanças nas políticas comerciais internacionais, o que pode vir a impor desafios adicionais ao comércio brasileiro. “Diante desse contexto, a Gerência de Economia da Fiemg projeta um crescimento de 1,7% para o volume de vendas no varejo restrito no Brasil e de 1,6% em Minas Gerais”, avalia.
Para especialista, crescimento nacional é aquém do esperado
O comércio varejista no País registrou crescimento de 1,8% no primeiro semestre de 2025 quando comparado ao mesmo período de 2024. No histórico nacional, essa foi a sétima taxa positiva levando em consideração os índices dos semestres imediatamente anteriores.
Na análise da economista-chefe da da Invest Smart XP, Mônica Araújo, as vendas do varejo no País, especificamente no mês de junho, apresentaram um comportamento muito inferior ao que o mercado esperava, corroborando a tese de que há um processo de redução do crescimento da atividade econômica em curso.
Essa desaceleração, na visão da economista, é importante para uma mudança na trajetória da expectativa de inflação futura e consequentemente para a análise do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) no que se refere à dosagem da taxa de juros para trazer a inflação para a meta.
No comparativo anual, a expectativa era de um crescimento de 2,4% e foi de apenas de 0,3% em relação a junho de 2024. Já no comparativo mensal, houve uma queda em junho de 0,1% enquanto a expectativa era de alta de 0,7%.
“Estamos acreditando que os dados divulgados nesta quarta-feira (13) de vendas no varejo devem contribuir para o fechamento da curva de juros. Porém, o anúncio do pacote de medidas para minimizar os efeitos das tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gera uma preocupação sobre o efeito fiscal dessa medida, já que pode inibir uma queda nas curvas de juros”, avalia Mônica Araújo.
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