Economia

Comércio de Minas Gerais vai contratar menos funcionários temporários para final do ano

Neste ano, 90,9% das empresas do varejo mineiro não devem optar por essa modalidade de contratação
Atualizado em 16 de outubro de 2025 • 20:51
Comércio de Minas Gerais vai contratar menos funcionários temporários para final do ano
Foto: Reprodução/Adobe Stock

Neste ano, menos empresas do comércio em Minas Gerais vão contratar funcionários temporários para trabalhar nas vendas do final de ano, segundo levantamento do Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG). Apenas 7,2% dos varejistas do Estado vão buscar mão de obra extra, percentual abaixo do registrado em 2024, quando 10,4% sinalizaram a admissão de temporários.

Em média, as empresas que deverão contratar por período determinado neste ano vão admitir dois funcionários. No geral, a intenção de contratação citada foi de um a dez empregados.

Em 2025, 90,9% do varejo mineiro não devem optar por essa modalidade de contratação. Outros 51,5% dos negócios do setor no Estado informaram que não contratam por período determinado e 34,5% dos respondentes da pesquisa dispensam a contratação temporária por considerar a equipe atual suficiente para o aumento do fluxo de vendas no de final de ano.

Para além do planejamento, a dificuldade de encontrar mão de obra também é apontada como um empecilho para a admissão de funcionários temporários no comércio de Minas.

A falta de experiência é citada por 32,4% das empresas do setor varejista como um dificultador da contratação, enquanto a pouca capacitação é citada por 32,4% dos respondentes da pesquisa da Fecomércio MG, sendo que 24,3% indicam que a dificuldade de contratar é pela falta de profissionalismo e 10,8% admite dificuldades em reter empregados.

As empresas do comércio de Minas Gerais que contrataram funcionários temporários em 2024 e contratarão novamente em 2025 somaram 4,2% do total dos respondentes da pesquisa, enquanto 3,2% não contrataram no ano passado e pretendem contratar este ano. Já 89,4% não realizaram contratações por período determinado no ano passado e não farão neste ano.

Para 80% das empresas contratantes, a oferta de vagas será apenas para uma função, enquanto 16,7% abrirão vagas para duas funções e 3,3% contratarão para três funções. A quantidade de vagas ofertadas no varejo de Minas Gerais neste ano, frente ao ano anterior, será igual para 58,8% das empresas, menor para 29,4% delas e maior para 11,8%.

Confira quais são as funções mais requisitadas para a contratação de temporários no comércio de MG

  • 63,3% são para vendedores
  • 16,7% para operadores de caixa
  • 13,3% para estoquistas
  • 10% para atendentes

Parte dos varejistas mineiros informou que a chance de contratação é média (36,8%) e alta (31,6%). Janeiro deve ser o principal mês para a efetivação (41,2%), seguido de dezembro (38,2%).

Atualmente, 27,1% das empresas do comércio varejista de Minas Gerais estão com vagas de emprego abertas para formação de quadro fixo dos funcionários. Já nos últimos 12 meses, 57,8% não abriram vagas para quadro fixo e 41,8% abriram.

Para 21,1% das empresas do Estado, houve dificuldades para contratar, porém conseguiram preencher as vagas. Outros 3,4% dos negócios mineiros tiveram dificuldades e não conseguiram preencher.

Menor cautela das empresas reflete na contratação de temporários

A economista da Fecomércio, MG Gabriela Martins aponta que o menor percentual de empresas com intenção de contratar funcionários temporários para as vendas do final do ano está atrelado à desaceleração econômica e aos patamares da inflação e da taxa básica de juros (Selic). Ela aponta que os setores de comércio e de serviços ainda tem registrado crescimento, mas os resultados positivos estão cada vez menores.

Com Selic alta e inflação ainda acima da meta, o consumo da população desacelerou, a renda ficou mais comprimida e o endividamento das famílias alcançou níveis elevados. Assim, o varejo reviu suas expectativas de aumento expressivo no fluxo de clientes para o final do ano.

“Essa redução acontece exatamente por isso, as pessoas estão mais endividadas, com uma maior cautela na hora de consumir, cautela muito atrelada ao crédito muito caro, e isso tem reflexo direto para as empresas”, explica a economista da Fecomércio MG.

Gabriela Martins destaca ainda que a dificuldade das empresas em encontrar mão de obra também impacta diretamente em uma menor contratação de funcionários temporários e, por consequência, também na efetivação para o quadro fixo de empregados.

A dificuldade é ainda maior em um cenário de pleno emprego, onde a taxa de desemprego está em níveis historicamente baixos. “Quando a gente vai ver a contratação de temporários, temos que pensar que com o mercado de trabalho já aquecido, conseguir pegar uma mão de obra qualificada fica ainda mais complicada. Essas questões também acabam se refletindo quando a gente fala no quadro fixo de funcionários”.

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