Comércio de Minas Gerais vai contratar menos funcionários temporários para final do ano

Neste ano, menos empresas do comércio em Minas Gerais vão contratar funcionários temporários para trabalhar nas vendas do final de ano, segundo levantamento do Núcleo de Pesquisa e Inteligência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG). Apenas 7,2% dos varejistas do Estado vão buscar mão de obra extra, percentual abaixo do registrado em 2024, quando 10,4% sinalizaram a admissão de temporários.
Em média, as empresas que deverão contratar por período determinado neste ano vão admitir dois funcionários. No geral, a intenção de contratação citada foi de um a dez empregados.
Em 2025, 90,9% do varejo mineiro não devem optar por essa modalidade de contratação. Outros 51,5% dos negócios do setor no Estado informaram que não contratam por período determinado e 34,5% dos respondentes da pesquisa dispensam a contratação temporária por considerar a equipe atual suficiente para o aumento do fluxo de vendas no de final de ano.
Para além do planejamento, a dificuldade de encontrar mão de obra também é apontada como um empecilho para a admissão de funcionários temporários no comércio de Minas.
A falta de experiência é citada por 32,4% das empresas do setor varejista como um dificultador da contratação, enquanto a pouca capacitação é citada por 32,4% dos respondentes da pesquisa da Fecomércio MG, sendo que 24,3% indicam que a dificuldade de contratar é pela falta de profissionalismo e 10,8% admite dificuldades em reter empregados.
As empresas do comércio de Minas Gerais que contrataram funcionários temporários em 2024 e contratarão novamente em 2025 somaram 4,2% do total dos respondentes da pesquisa, enquanto 3,2% não contrataram no ano passado e pretendem contratar este ano. Já 89,4% não realizaram contratações por período determinado no ano passado e não farão neste ano.
Para 80% das empresas contratantes, a oferta de vagas será apenas para uma função, enquanto 16,7% abrirão vagas para duas funções e 3,3% contratarão para três funções. A quantidade de vagas ofertadas no varejo de Minas Gerais neste ano, frente ao ano anterior, será igual para 58,8% das empresas, menor para 29,4% delas e maior para 11,8%.
Confira quais são as funções mais requisitadas para a contratação de temporários no comércio de MG
- 63,3% são para vendedores
- 16,7% para operadores de caixa
- 13,3% para estoquistas
- 10% para atendentes
Parte dos varejistas mineiros informou que a chance de contratação é média (36,8%) e alta (31,6%). Janeiro deve ser o principal mês para a efetivação (41,2%), seguido de dezembro (38,2%).
Atualmente, 27,1% das empresas do comércio varejista de Minas Gerais estão com vagas de emprego abertas para formação de quadro fixo dos funcionários. Já nos últimos 12 meses, 57,8% não abriram vagas para quadro fixo e 41,8% abriram.
Para 21,1% das empresas do Estado, houve dificuldades para contratar, porém conseguiram preencher as vagas. Outros 3,4% dos negócios mineiros tiveram dificuldades e não conseguiram preencher.
Menor cautela das empresas reflete na contratação de temporários
A economista da Fecomércio, MG Gabriela Martins aponta que o menor percentual de empresas com intenção de contratar funcionários temporários para as vendas do final do ano está atrelado à desaceleração econômica e aos patamares da inflação e da taxa básica de juros (Selic). Ela aponta que os setores de comércio e de serviços ainda tem registrado crescimento, mas os resultados positivos estão cada vez menores.
Com Selic alta e inflação ainda acima da meta, o consumo da população desacelerou, a renda ficou mais comprimida e o endividamento das famílias alcançou níveis elevados. Assim, o varejo reviu suas expectativas de aumento expressivo no fluxo de clientes para o final do ano.
“Essa redução acontece exatamente por isso, as pessoas estão mais endividadas, com uma maior cautela na hora de consumir, cautela muito atrelada ao crédito muito caro, e isso tem reflexo direto para as empresas”, explica a economista da Fecomércio MG.
Gabriela Martins destaca ainda que a dificuldade das empresas em encontrar mão de obra também impacta diretamente em uma menor contratação de funcionários temporários e, por consequência, também na efetivação para o quadro fixo de empregados.
A dificuldade é ainda maior em um cenário de pleno emprego, onde a taxa de desemprego está em níveis historicamente baixos. “Quando a gente vai ver a contratação de temporários, temos que pensar que com o mercado de trabalho já aquecido, conseguir pegar uma mão de obra qualificada fica ainda mais complicada. Essas questões também acabam se refletindo quando a gente fala no quadro fixo de funcionários”.
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