Comércio em Minas tem maior queda em mais de dois anos com impacto dos combustíveis

As vendas do comércio varejista em Minas Gerais encerraram agosto com a maior queda em 26 meses. O recuo, de 2,4% na comparação com o mês anterior, é o terceiro seguido e foi influenciado pelo segmento de combustíveis e lubrificantes, que retraiu 7,8%.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (10), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e fazem parte da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC).
Além dos combustíveis e lubrificantes, outros segmentos, como artigos de uso pessoal e doméstico (-9,4%), hiper e supermercados (-0,6%), papelaria, livros, jornais e revistas (-3,7%) também apresentaram queda.
Em contrapartida, os setores móveis e eletrodomésticos (8,3%) e tecidos, vestuário e calçados (6,8%) encerraram em alta e contribuíram para que o resultado negativo não fosse ainda mais acentuado.
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A queda do comércio nesta magnitude, segundo segundo o analista do IBGE responsável pela pesquisa em Minas Gerais, Daniel Dutra, não é algo comum e pode ser resultado de uma inversão da tendência observada nos meses anteriores.
“Nos últimos doze meses, observamos que alguns setores, como hipermercados aceleravam em altas constantes e é uma possibilidade estarmos passando por uma correção”, analisa.
Apesar disso, o especialista considera que o desempenho dos combustíveis afetaram significativamente o comércio, muito em razão de uma inflação nos preços, além de efeitos sazonais, como o período entressafra em Minas Gerais.
O momento é caracterizado por uma queda expressiva na safra agrícola, que impacta diretamente no tráfego de transportes e consequentemente reduz a procura pelo insumo.
Embora a queda acentuada e por três meses consecutivos acenda um alerta, Dutra considera que o Estado segue crescendo no mesmo ritmo do Brasil. Ao analisar o acumulado de 2024, o crescimento segue em patamar positivo de 4,3%, com cinco meses de avanços e três de retração. “Por enquanto, o cenário ainda é positivo e os próximos meses serão decisivos”, avalia.
Injeção de recursos na economia traz projeção otimista para o comércio
Na análise do professor de Ciências Contábeis e diretor da Estácio Floresta, Alisson Batista, o primeiro semestre historicamente é caracterizado por ser mais aquecido e algumas baixas, especialmente a partir de agosto não fogem do comum.
Segundo ele, é inegável que os combustíveis impactaram e a tendência é que fatores como o aumento no preço do petróleo impacte cada vez mais um País que possui uma malha viária muito forte.
Além disso, Batista reforça que o mês de agosto, principalmente no comércio, é fortemente impactado por suceder o período de férias, onde os gastos tendem a ser maiores e com isso, as pessoas optam por frear as compras.
“Acúmulos, como parcelamentos em períodos de férias podem impactar no mês seguinte, afetando o desempenho de diversos segmentos, como o de papelaria, que recuou em agosto”, analisa.
Para o último trimestre, as expectativas estão otimistas graças a injeção de recursos na economia, como o pagamento do 13º salário em novembro e dezembro. O período também conta com importantes datas comerciais, como Dia das Crianças, Black Friday e Natal, o que pode resultar em um encerramento positivo para o comércio.
“Temos uma perspectiva positiva para o último trimestre, com setores em alta que são relevantes e aparentemente um controle na inflação, resultado de medidas recentes implementadas pelo Banco Central para organizar a casa”, conclui o professor.
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