Comércio de Minas Gerais tem primeiro recuo em 2025, mostra IBGE

As vendas no comércio varejista em Minas Gerais caíram 1,7% na passagem de março para abril, na série com ajuste sazonal, enquanto no Brasil o recuo foi de 0,4%. É a primeira queda do setor no Estado neste ano. As informações são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta quinta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Minas foi um dos seis estados que recuaram no desempenho mensal.
Por outro lado, na comparação de abril com o mesmo mês do ano anterior, o Estado obteve uma alta de 2,9% nas vendas do varejo. O resultado é mais distante do desempenho médio brasileiro, de 4,8%. Todos os estados apresentaram alta em abril na comparação ano a ano.
No acumulado do ano, Minas Gerais e Brasil tiveram crescimento idêntico no comércio varejista, conforme a pesquisa mensal do IBGE. De janeiro a abril, o volume de vendas aumentou 2,1% no Estado e no País.
Já no acumulado dos últimos 12 meses, as vendas do comércio de Minas Gerais cresceram 2,5%. Durante este período foram oito meses de crescimento e quatro de queda no desempenho do setor no Estado. O resultado ficou abaixo da média nacional, que registrou alta de 3,4% no período.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Supermercados têm alta de 6,6% nas vendas em Minas Gerais
De acordo com o IBGE, em abril, comparado com o mesmo mês do ano anterior, se destaca a alta de 17,4% do grupo livros, jornais, revistas e papelaria em Minas Gerais. Entre as quedas apuradas na mesma base de comparação no Estado, a de maior recuo no comércio foi a venda de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-47%), seguida de móveis e eletrodomésticos (-7,7%) e combustíveis e lubrificantes (-5,1%).
Com representação de mais de 45% da pesquisa do IBGE em Minas Gerais, a atividade de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, apresentou alta de 6,6% no volume de vendas em abril, em relação ao mesmo mês do ano passado. As vendas de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, com segundo maior peso no índice, aumentaram apenas 0,2%.
Comércio varejista ampliado em Minas Gerais
No comércio varejista ampliado, em abril frente ao mesmo mês do ano anterior, Minas Gerais teve queda de 0,6% nas vendas. Já no acumulado entre janeiro e abril de 2025, a pesquisa do IBGE aponta que houve alta de 0,8% em relação ao mesmo período de 2024. Nos últimos 12 meses, o varejo ampliado do Estado teve aumento de 2% nas vendas.
Na comparação anual do mês de abril, as três atividades complementares do comércio varejista ampliado registraram redução do volume de vendas. O setor de veículos, motocicletas, partes e peças obteve a maior queda, de 8,5% no período, seguido do segmento de material de construção (-8,4%) e do atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,1%).
Resultado de abril não altera perspectiva moderada para o comércio em Minas
O economista, consultor e conselheiro de política econômica Stefan D’Amato explica que o recuo das vendas do comércio de Minas Gerais em abril indica mais um movimento pontual de acomodação do desempenho do setor varejista, do que uma tendência negativa. “O fato do recuo ter sido superior ao observado no Brasil, indica que o mercado mineiro foi particularmente impactado por dinâmicas locais”, analisa.
As retrações observadas em setores do varejo ampliado, como automotivo e no material de construção, aponta D’Amato, podem refletir tanto uma reavaliação de compras de maior valor por parte do consumidor, bem como o impacto de restrições no acesso ao financiamento.
“Por outro lado, o crescimento expressivo de livros, jornais, revistas e papelaria e o avanço de supermercados mostram que o consumo de itens essenciais e de menor ticket médio seguiu aquecido, o que corrobora uma possível seletividade no consumo das famílias”, ressalta.
O economista destaca que o resultado de abril não compromete o desempenho positivo do comércio mineiro acumulado no ano, nem altera a perspectiva de crescimento moderado do setor no Estado. “No entanto, setores mais dependentes de crédito, como veículos e eletrodomésticos, poderão seguir enfrentando desafios. O comportamento desses segmentos será determinante para o ritmo de crescimento do comércio no segundo semestre”, finaliza.
Ouça a rádio de Minas