Economia

Comércio mostra otimismo para vendas na Páscoa

Comércio mostra otimismo para vendas na Páscoa
Setor acredita que presença dos consumidores nas lojas deve alavancar venda de chocolates | Crédito: Arquivo DC

A Páscoa de 2022 promete aquecer as vendas para o comércio mineiro, aponta a pesquisa “Expectativa do Comércio Varejista – Páscoa 2022”, da Fecomércio MG. Segundo o levantamento, a data anima 43,1% das empresas do comércio varejista de produtos alimentícios de Minas Gerais. O valor afetivo da celebração, apontado por 47,9%, e o otimismo e a esperança com uma possível vitória sobre a pandemia (32,4%) foram os principais motivos para o otimismo do setor. 

De acordo com o economista-chefe da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, o primeiro fator é típico de datas comemorativas, que exercem um forte efeito sazonal no calendário varejista, devido ao seu apelo emotivo e comercial. “E temos também a flexibilização da atividade econômica. Afinal, em 2020 e 2021, por conta da pandemia, tínhamos uma série de restrições ao relacionamento do comércio com o consumidor final. Mas, neste ano, com o arrefecimento da pandemia, as empresas podem retomar o atendimento direto ao consumidor e, com isso, lançar ações promocionais para atrair sua atenção”, afirmou Almeida. 

A pesquisa não aborda dados quantitativos, mas um estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNI) estima que, no Brasil, serão injetados R$ 2,16 bilhões no varejo em decorrência das vendas na Páscoa. 

“Esse quantitativo é quase 2% superior ao observado em 2021, mas está abaixo do patamar de 2019, ou seja, do período pré-pandemia”, observa o economista, para quem a Páscoa vai além do feriado religioso ou do consumo de chocolates. “Por ter este apelo comercial e afetivo, a data se torna importante também para segmentos alimentícios como peixaria e demais guloseimas, minimercados, mercearias e armazéns, além do comércio de bebidas”, avaliou.

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É o caso, por exemplo, do restaurante Alguidares, no Sion, que “enche” neste período. Seu cardápio de comida baiana e especialidades com frutos do mar faz com que 300 pessoas almocem por lá na Sexta-Feira da Paixão. E pelo menos 200 continuem as comemorações no Domingo de Páscoa. “É o nosso dia de maior movimento, similar ao Dia das Mães”, conta o sócio-proprietário da casa, Hildebrando Mota.

Esta é a primeira vez que o restaurante vai abrir, depois de dois anos. “A gente sabe que não vai ser exatamente como antes da pandemia, já que as pessoas ainda têm muitas restrições, mas o movimento realmente aumenta e, como é uma data especial, comemorada em família, o pessoal resolve sair e não liga muito para o preço”, diz Mota. Mesmo assim, ele não vai reajustar o cardápio, providência que tomou no início do ano.

Supermercados e shoppings esperam crescimento

Mas quem faz a festa mesmo na Páscoa são as lojas de chocolates. Entre elas, os supermercados e hipermercados, que, durante boa parte da pandemia, foram os últimos refúgios dos chocólatras. E, consequentemente, suas vendas de chocolate cresceram neste cenário. 

Para este ano, o gerente de negócios do Supernosso, Lucas José Ferreira, espera um incremento ainda maior. Tanto em valor – já que os ovos estão entre 7% e 20% mais caros – quanto em volume. “A expectativa é que as vendas sejam 15% maiores do que em 2020 e 12%, quando comparadas a 2021”, informa Ferreira.

Para compensar a perda de poder aquisitivo dos consumidores com a inflação, a rede está apostando em alternativas para todas as faixas de renda. É o caso das barras de chocolate de até 110 gramas, os bombons e, no atacarejo Apoio Mineiro, as barras de cobertura de um quilo para que as pessoas possam fazer seus próprios ovos.

Mas não faltarão nas gôndolas da rede de supermercados os produtos Supernosso como as colombas pascais, doces e salgadas; ovos de colher, bolo de cenoura e pão de mel edição especial, entre outras delícias. 

No Shopping Del Rey, a expectativa também é de aquecimento nas vendas dos supermercados e nas lojas de artigos e decoração para casa, brinquedos e, naturalmente, nas que comercializam tradicionais marcas de chocolates.

Para Alexandre Pinheiro, franqueado da Kopenhagen no shopping, a data traz boas oportunidades. “A Páscoa é uma das datas mais importantes pra gente. Estamos otimistas e com perspectiva de crescimento em relação aos dois últimos anos. Apostamos em um mix de produtos variados, que atende todos os gostos, e estamos com o estoque preparado para atender o consumidor”, disse.

O shopping, por sua vez, vai ser vestido com “patinhas de coelho”, indicando as lojas especializadas. “Nas compras pelo WhatsApp haverá frete grátis até  este sábado (9), nos pedidos acima de R$ 100, que incluírem presentes de Páscoa”, revelou Juliana Trindade, gerente de marketing do Del Rey, destacando que a expectativa para a data é positiva, frente a 2021.

Outra aposta do Shopping Del Rey são os eventos de experiência para as famílias que incluem diversão para as crianças e seus pets, com oficinas de pintura, caça aos ovos de chocolate e distribuição de brindes e petiscos para os bichinhos. “Essa é uma data muito afetiva e especial, principalmente, para as crianças. Queremos que elas se divirtam e vivam momentos únicos durante o passeio com a família por aqui”, afirmou Juliana.

Contratações temporárias e promoções

O levantamento da Fecomércio-MG revela ainda que 7,8% das empresas afetadas de forma positiva pela Páscoa irão contratar funcionários temporários para as vendas do período. “Esse retorno das contratações temporárias é um indício positivo para o mercado de trabalho, que mostra também um aquecimento na economia, após dois anos consecutivos de retração”, pontuou  o economista-chefe da Fecomércio MG, Guilherme Almeida.  

Para impulsionar as vendas e atrair mais consumidores, 39,2% dos lojistas pretendem investir em promoções e 23,5% em publicidade.  Mas eles também apostam, segundo a pesquisa, em promoções, liquidações, propaganda, diversificação do mix de produtos e visibilidade de loja, entre outras ações. Em relação à forma de pagamento, espera-se que o cartão de crédito seja o mais utilizado e cerca de 50,9% dos empresários esperam que o consumidor gaste, em média, um valor de até R$ 50.

Mas nem todos os varejistas entrevistados estão otimistas. 27,9% dos empresários ouvidos pela pesquisa acreditam que as vendas serão inferiores às registradas em 2021 devido ao valor alto dos produtos (56,5%) e à crise econômica (39,1%). 

O economista-chefe da Fecomércio MG explicou ainda que esse viés pessimista se deve aos desafios enfrentados no cenário econômico. “A deterioração dos indicadores macroeconômicos, notadamente os ligados a decisões de consumo, como inflação e emprego, fazem com que os consumidores evitem gastos além dos necessários nesse primeiro semestre do ano, o que pode impactar também no ticket médio gasto pelo consumidor”, conclui.

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