Economia

Comércio varejista tem queda de 1,1% em julho em Minas Gerais

A queda das vendas no Estado é maior do que a registrada no Brasil, que foi de 0,3%
Atualizado em 11 de setembro de 2025 • 17:18
Comércio varejista tem queda de 1,1% em julho em Minas Gerais
Foto: Diário do Comércio/Arquivo/Charles Silva Duarte

O volume de vendas no comércio varejista em julho registrou queda de 1,1% em Minas Gerais em relação a junho. A queda é a segunda mais expressiva entre as unidades da federação pesquisadas, atrás apenas de Rondônia (-2,2%), e foi motivada, principalmente, pelo grupo de Hipermercados e supermercados que caiu 0,4% no mês.

Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgada nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e mostram ainda que a redução das vendas em Minas Gerais no mês de julho em relação a junho é maior do que a registrada no Brasil, que foi de 0,3% na mesma base de comparação.

Ainda segundo o levantamento, 16 dos 27 estados da federação registraram retração no indicador em julho, na comparação com o mês imediatamente anterior.

Das oito atividades do comércio varejista mineiro avaliadas pela PMC, três apresentaram queda no mês de julho em relação a junho.

  • Equipamentos e materiais de escritório, informática e comunicação (-50,7%)
  • Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios (-0,4%) – foi o maior responsável por puxar o índice para baixo
  • Tecidos, vestuário e calçados (-0,3%)

As atividades que se destacaram positivamente com maior peso para o resultado foram Móveis e eletrodomésticos (2%) e Combustíveis e lubrificantes (1,5%). Artigos farmacêuticos, médicos e cosméticos (11,2%), Livros, jornais e revistas (9,8%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,5%) também performaram positivamente em julho, mas com menos peso no resultado do índice.

Já no acumulado do ano, as vendas no varejo tiveram alta de 1,8% no Estado, acompanhando o índice nacional, que avançou 1,7% no mesmo período. De janeiro a julho, apenas a atividade Equipamentos e materiais de escritório, informática e comunicação apresentou retração no Estado (-41,2%). As outras atividades registraram crescimento, com destaque para Hipermercado e supermercados (2,2%).

Na comparação anual, as vendas cresceram 1,2% em relação a julho de 2024, ficando pouco acima do índice no País, de 1%. 

De acordo com a pesquisa, em Minas Gerais nos últimos 12 meses, foram sete taxas de variação positivas em relação ao mês anterior e cinco negativas, o que evidencia para o analista do IBGE responsável pela pesquisa em Minas Gerais, Daniel Dutra, uma tendência de crescimento do setor. Isso porque, segundo ele, “Minas Gerais tem apresentado, de modo geral, resultados melhores que os do Brasil”.

Números do varejo ampliado em Minas

Considerando o comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, as atividades de veículos, motos, partes e peças; material de construção; e atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de vendas em julho de 2025 aumentou 0,3% na comparação com o mês imediatamente anterior. Porém, na comparação anual, reduziu 3% e no acumulado do ano, também registrou retração, neste caso de 0,5%.

Na comparação anual, o volume de vendas de Veículos, motocicletas e peças caiu 8,5%, seguindo a tendência de recuos consecutivos e impactando o resultado acumulado de 0,2%. Já o item Atacado especializado em alimentos e bebidas, registrou queda significativa na comparação mensal (16,2%) e no acumulado do ano (12,2%).

Para especialista, juros altos impactam vendas do varejo

Economistas consultados pelo Diário do Comércio avaliam o resultado do setor no sétimo mês do ano e trançam perspectivas para o restante de 2025.

Para a economista-chefe da InvestSmart XP, Mônica Araújo, os produtos de maior valor absoluto, que precisam de um comprometimento de renda maior e até de financiamento mostram alguma dificuldade de crescimento, reforçando que a política monetária restritiva e o nível elevado de comprometimento da renda estão refletindo nas vendas no varejo.

“Diante dos dados apresentados na pesquisa e da expectativa que temos que essa tendência continue na margem nos próximos meses, reforçamos a expectativa dos agentes econômicos de que o Banco Central deve reavaliar a política monetária atual e iniciar o processo de redução da Selic no início de 2026”, avalia.

De acordo com o economista da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), João Gabriel Pio, o comércio varejista deve seguir em ritmo moderado em 2025, influenciado pela manutenção da política monetária restritiva.

Em sua última decisão, o Copom manteve a taxa Selic em 15%, o maior patamar desde 2006, prolongando um ciclo de juros elevados que encarece o crédito e desestimula os investimentos e o consumo.

Além disso, o País convive com uma inflação acima do teto da meta, o que corrói o poder de compra das famílias. Entretanto, o mercado de trabalho ainda aquecido, em conjunto com o pagamento expressivo de precatórios do Governo Federal, pode dar algum fôlego adicional para a demanda e, por consequência, para o desempenho do comércio no curto prazo.

“Diante desse contexto, a Gerência de Economia da Fiemg projeta um crescimento de 1,5% para o volume de vendas no varejo restrito no Brasil e de 1,6% em Minas Gerais”, diz.

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