De tendência a crucial nas empresas: saiba como implantar práticas ESG

Os mais recentes movimentos globais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, as ondas de propagação do Coronavírus, assim como a recessão da economia, deixaram rastros no mercado corporativo internacional. Esses impactos, porém, influenciaram diretamente na implantação de práticas de Environmental, Social and Governance (ESG) nas empresas.
As práticas, que no inglês significam Ambiente, Social e Governança, deixaram de ser uma tendência aplicável somente às grandes companhias e passaram a ser adotadas por médias e pequenas empresas brasileiras.
Criado há quase 20 anos numa reunião de banqueiros patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU), o conceito de ESG tinha como objetivo estabelecer um pacto global.
“Essa reunião determinou que o ESG passasse a ser um critério importante nos negócios, gerando um documento. Deste encontro, surgiram vários pedidos do mercado financeiro a respeito de práticas de gestão. Essas práticas tratam, basicamente, sobre o gerenciamento de risco das empresas e investimentos”, conta o professor da Fundação Dom Cabral (FDC) e coordenador do Programa ESG na Sala do Conselho, Carlos Braga.
O que é ESG?
Essas iniciativas, ressaltadas pelo docente, são critérios que passaram a ser adotados pelo mercado corporativo e são estruturados em três dimensões. “Temos as dimensões ambientais, que estão relacionadas às mudanças climáticas, seja por conta da poluição e emissão de carbono, seja através de eliminação de resíduos, assim como do uso de recursos naturais”, diz.
Quanto às dimensões sociais, Carlos Braga elenca que os critérios que tratam dessa esfera abrangem o direito do trabalhador, o impacto na comunidade, a responsabilidade com o cliente, assim como a saúde e segurança dos funcionários de uma empresa.
“Já em se tratando da Governança, ela seria as necessidades de preservar o direito do acionista, mais especialmente o acionista minoritário. A gestão dos riscos do negócio, a transparência fiscal, que é pagar os impostos corretamente, são outros pontos cruciais”, diz o professor da FDC.
Quais os benefícios ao adotar o ESG no seu negócio?
Ao entrelaçar as ações que englobam as práticas do ESG, Carlos Braga pontua que a expectativa é de um negócio ainda mais atrativo aos olhos do mercado.
“Um dos primeiros pontos é que a empresa tenha uma redução de riscos operacional e reputacional. Ao fazê-lo, aumentará o valor da marca e da reputação, permitindo que ela acesse capital no mercado a custos mais baratos”, pontua.
Ao acessar recursos mais baratos e ao reduzir riscos, o docente afirma que a empresa conseguirá alinhar melhores resultados financeiros, com geração de impacto positivo. “Fazendo isso tudo, a empresa terá futuro longevo, ou seja, uma perenidade do negócio”, acrescenta.
Como aplicar as práticas ESG?
A princípio, o ESG parece ser um processo trabalhoso, mas, na verdade, ele ocorre em etapas capazes de endireitar os negócios em um caminho de sustentabilidade e de lucratividade. Desta forma, Carlos Braga orienta que, para fazer a implantação do ESG dentro de uma empresa, é preciso seguir os seguintes passos:
1) Propósito
Defina um propósito que seu negócio deseja alcançar. Neste momento, estruture a nova versão de sua visão, missão e valores.
2) Diagnóstico
Neste segundo passo, é o momento de avaliar a maturidade da empresa. Importante elencar as atividades que estão caminhando bem e os possíveis gaps existentes dentro do negócio.
3) Matriz de Materialidade
Esta etapa complementa as anteriores, mas é uma autoavaliação organizacional que mapeia os itens que compreendem as oportunidades e os desafios internos e externos da empresa. Para avançar com o mapeamento, há relatórios de sustentabilidade globais que oferecem a padronização.
“Uma empresa que deseja ter um ESG genuíno e ser reconhecida pelo mercado precisa se referenciar aos relatórios globais. Cerca de 74% das empresas brasileiras, por exemplo, utilizam as normas do mais famoso que é o Global Reporting Initiative (GRI). Mas existem outros relatórios monitores também. Daí você vai ao mercado dizer que você aplica o ESG”, sugere o especialista.
Fundação Dom Cabral dá acesso ao ESG
Com o aumento da regulação no horizonte e o interesse crescente de investidores e outros públicos, existe uma pressão crescente sobre os membros de conselhos por questões ESG. Tendo os desafios expostos à mesa, a Fundação Dom Cabral conta com o programa ESG na Sala do Conselho.
A iniciativa apresenta uma nova perspectiva, que, segundo Carlos Braga, coordenador do curso, identifica como incorporar ESG na governança do negócio. Um dos pontos é estabelecer e garantir um futuro longevo para a organização.
O programa foi desenhado para membros de conselhos de administração e conselhos consultivos de empresas de todos os portes e de diversos setores econômicos. É também recomendado para profissionais C-level que desejam ter grande capacidade de entendimento do mindset e profissionais sêniores que se preparam para ocupar posições em conselhos.
A fundação ainda disponibiliza conteúdos ricos sobre ESG. O material é gratuito para empresários e está disponível no portal da instituição. Para fazer o download ou a leitura, basta clicar aqui.
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