Economia

Compras da Black Friday estão cada vez mais condicionadas a preços, aponta FGV

Parcela dos que têm certeza de que comprarão algo caiu de 9,6% para 5,6% do total, em relação ao ano passado
Compras da Black Friday estão cada vez mais condicionadas a preços, aponta FGV
Segundo levantamento da FGV Ibre, parcela dos que têm certeza que comprarão algo hoje diminuiu | Crédito: Paulo Pinto / Agência Brasil

O quesito especial de novembro da Sondagem do Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) revela aumento da parcela de consumidores brasileiros que cogitam a possibilidade de comprar produtos ou serviços na Black Friday em comparação com o ano passado. Mas as compras estão cada vez mais condicionadas aos preços ou a outros fatores.

A parcela dos que têm certeza de que comprarão algo nesta sexta-feira (29) diminuiu entre 2023 e 2024, de 9,6% para 5,6% do total. Mas houve também, no mesmo período, um aumento considerável da proporção dos que poderão adquirir produtos a depender de preços, condições de pagamento ou outros fatores, de 21,7% para 29,9%, sendo que esse aumento está relacionado principalmente à questão dos preços.

A soma das parcelas dos que comprarão com certeza ou que estão interessados em participar dependendo de preços ou outras condições aumentou, portanto, de 31,3% para 35,5% entre os dois anos. A parcela dos que não sabem se “pretendem comprar produtos ou serviços na Black Friday 2024” caiu de 5,3% para 4,4% dos respondentes.

Desde 2017, quando o tema foi incorporado à Sondagem do Consumidor do FGV Ibre, o percentual de pessoas que não tinham a intenção de comprar nessa data se manteve acima dos 60%, mas em 2024, pela primeira vez, esse percentual foi inferior a esse nível, embora muito próximo, ficando em 59,4%. 

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Com origem nos Estados Unidos, no Brasil, a Black Friday parece ainda enfrentar alguma resistência, devido a práticas como promoções falsas e fraudes, o que afeta a participação de parte do público. Apesar disso, desde 2022 tem-se identificado um aumento no ímpeto de compras nesta época do ano. Esse resultado parece ser influenciado tanto pelo aumento gradativo da popularidade do evento no Brasil quanto pelas melhores condições de emprego e renda das famílias e uma inflação mais moderada. A participação este ano, no entanto, está bastante condicionada aos preços que serão encontrados nas lojas e quase um quarto dos consumidores assume uma postura cautelosa.

“Alguns fatores podem levar a este aumento da incerteza quanto às compras na Black Friday. Primeiramente, a percepção de que algumas das promoções não são realmente descontos em relação aos preços vigentes nos diferentes mercados. Um segundo ponto é que as taxas de juros, embora estejam nominalmente abaixo dos níveis vigentes no ano passado, ainda são elevadas e com tendência de alta no momento. Por fim, as famílias brasileiras vivem um contexto de endividamento e inadimplência historicamente elevados”, destaca a economista do FGV Ibre e pesquisadora responsável pelo estudo, Anna Carolina Gouveia.

Motivação

Os resultados também mostram um aumento da parcela de consumidores que aguardam a ocasião para adquirir itens necessários às famílias, em comparação com aqueles que usam a Black Friday para antecipar compras de Natal. Em 2024, 70,9% dos consumidores aguardaram a ocasião para adquirir bens ou serviços necessários, uma alta em relação ao ano passado; já 25,9% deles estão aproveitando os descontos desta data para antecipar compras de Natal, um recuo na comparação anual.

A economista ressalta que esse aumento da frequência de consumidores sinalizando que irão adquirir produtos e serviços independente das compras de Natal foi influenciado principalmente pelo grupo de famílias de renda mais baixa, com um aumento de 59,4% para 71,4% desses consumidores optando por realizar compras na Black Friday independente do Natal.

“Esse resultado pode estar relacionado a uma melhora nas condições financeiras das famílias, se comparado com o ano passado, em que mais consumidores estão alocados no mercado de trabalho e conseguiram aumentar seus rendimentos. Isso permite que os consumidores aproveitem o evento para adquirir itens pessoais ou de uso cotidiano, sem a necessidade de planejar com antecedência as compras de presentes natalinos”, comentou Anna Carolina Gouveia.

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