Concessão deve resultar em mais de R$ 1 bi em investimentos no Triângulo

O Consórcio S, formado pela Soma Ambiental e pela Seleta, venceu o leilão da concessão de resíduos sólidos do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Regional do Vale do Rio Grande (Convale), realizado, na quinta-feira (14), na B3 . Com a vitória, o grupo S, que fez uma oferta de 30,17% de desconto sobre a tarifa, assumirá por 30 anos a operação dos serviços de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final de resíduos sólidos urbanos (RSU) dos oito municípios do Convale localizados na região do Triângulo Mineiro.

A estimativa é que sejam aplicados, em 30 anos, mais de R$ 1 bilhão em melhorias de estrutura e prestação de serviços, beneficiando mais de 400 mil moradores das cidades.

Também participou da concorrência a ViaSolo Engenharia Ambiental, formada pela parceria da Solví e da construtora Barbosa Mello. A ViaSolo propôs um desconto de apenas 0,21% sobre a tarifa.

Com a vitória, o grupo Soma assumirá por 30 anos a operação de coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos do bloco regional. Ao todo, estão previstos investimentos de R$ 165 milhões em obras e equipamentos, além de despesas operacionais estimadas em R$ 944 milhões.

O sócio do grupo vencedor, Jorge Saquy Neto, explicou que já está presente em Uberaba há 12 anos e, após um ano e meio estudando o projeto, fica muito feliz em continuar contribuindo, por mais 30 anos, para o desenvolvimento e melhorando a região.

“Fomos muito agressivos no nosso desconto porque temos um orgulho enorme de estar há 12 anos em Uberaba. Temos uma empresa que lutamos muito para fazer ela crescer e desenvolver lá dentro. Somos da região, conhecemos a cidade há muito tempo e estamos muito felizes de continuar por mais 30 anos desenvolvendo e melhorando a região que sempre acreditamos muito”, disse.

O presidente do Convale, o prefeito de Campo Florido, Renato Soares de Freitas, explicou que a concessão é um grande avanço e será importante para o desenvolvimento da região e nos ganhos ambientais.

“É um misto de sentimentos, um pouco de tensão antes da sessão, mas também de grande felicidade. Isso representa para os municípios que integram o consórcio o pioneirismo. A partir de hoje, a comunidade integra um projeto de educação ambiental e cultural. É uma mudança que teremos que aprender e que vai deixar uma enorme receita e uma melhor distribuição de renda para a nossa comunidade através de grandes incentivos à cooperativas e associações. Também é uma conformidade em relação às questões ambientais, desafio que sempre enfrentamos nos municípios pequenos”, disse Freitas.

O projeto, que é pioneiro por ser o primeiro contrato regional do setor de resíduos sólidos, conta com a adesão de oito cidades mineiras: Água Comprida, Campo Florido, Conceição das Alagoas, Delta, Planura, Sacramento, Uberaba e Veríssimo, e beneficiará cerca de 428 mil habitantes.

O projeto inclui o uso de tecnologias que permitirão a redução do volume de orgânicos aterrados e a geração de biogás para possível reaproveitamento energético. A rota tecnológica utilizada como base para o projeto vai além da coleta e aterramento de resíduos, pois permitirá o manejo adequado dos resíduos recicláveis secos, o tratamento dos resíduos sólidos com possibilidade de recuperação energética, além de promover o desvio de parcela significativa de resíduos sólidos do aterro sanitário, garantindo que seja disposto no aterro sanitário apenas os rejeitos.

A prefeita de Uberaba, Elisa Araújo, representando os prefeitos do Convale, ressaltou que o projeto é pioneiro, moderno e que vai contribuir para a maior sustentabilidade nos municípios participantes, permitindo, inclusive, que os de menor porte tenham acesso às tecnologias para o tratamento dos resíduos.

“Estamos muito felizes em participar deste projeto pioneiro. O ganho de escala é muito relevante no manejo desses resíduos, o que permite incluir os municípios de menor porte, fazendo com que eles tenham acesso ao serviço moderno e sustentável. E os municípios de menor porte, auxiliam os maiores porque avolumam o resíduo, favorecendo o ganho de escala e reduzir a tarifa para o cidadão. As oito cidades juntas produzem, hoje, 480 toneladas de resíduos por dia. O projeto inclui o uso de tecnologias que vão permitir reduzir o volume de produtos orgânicos aterrados e a geração de biogás e reaproveitamento energético.Também prevê a implantação da tão sonhada coleta seletiva”.

Desenvolvimento sustentável

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, destacou que o leilão da Convale, assim como o do Aeroporto da Pampulha e dos terminais rodoviários de Belo Horizonte, faz parte do que o governo almeja, que é o desenvolvimento sustentável.

“Assumimos um Estado arrasado e temos visto que diversas ações são capazes de mudar um cenário triste que vigorava em Minas. Para o desenvolvimento, é preciso ter um Estado seguro, com boa educação,saúde funcionando, ambiente propício a investimentos e precisamos, principalmente, aliviar a bota de chumbo colocada no setor privado nas últimas décadas. A iniciativa privada é de suma importância. Temos um Estado falido e sem a participação da iniciativa privada fica muito difícil o desenvolvimento acontecer. Que a concessão dos resíduos sólidos seja a primeira de muitas e que seja exemplo para todo o Brasil”.