Confiança do consumidor de Belo Horizonte sobe em fevereiro

Puxada por uma melhor percepção do emprego, a confiança do consumidor belo-horizontino subiu em fevereiro. O Índice de Confiança do Consumidor de Belo Horizonte (ICC-BH), calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), marcou 40,94 pontos, em uma escala que varia de 0 a 100. Uma leve alta de 0,85% frente a janeiro (40,60).
A alta no desempenho do ICC-BH está ligada à melhora na percepção da população em três dos seis componentes do indicador. Apesar disso, nos últimos 12 meses, o índice registra variação negativa de 2,17 %. No ano, a redução é de 6,12%.
O destaque foi a percepção sobre o emprego, que fechou o mês em alta de 9,61% e marcou 40,06 pontos na avaliação da população da capital mineira. As percepções sobre a situação econômica do País (4,41%) e situação financeira das famílias em relação ao passado (4,05%) também registraram crescimento na avaliação dos consumidores.
As percepções sobre situação financeira atual das famílias e situação financeira da família em relação ao passado foram as únicas acima de 50 pontos, com 58,45 e 50,60 pontos, respectivamente. O marco dos 50 pontos simboliza a passagem entre pessimismo e otimismo da população sobre a conjuntura econômica geral e familiar.
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A melhora na percepção em relação ao emprego e a situação econômica do País foram os principais fatores para o aumento de 5,17% no Índice de Expectativa Econômica do País (IEE) frente ao mês anterior. Apesar da alta, o IEE registra queda de 8,05% no ano.
A avaliação do consumidor belo-horizontino sobre a inflação piorou, com recuo de 2,74% e 23,33 pontos, o menor resultado no nível de satisfação entre os componentes do índice.
O Índice de Expectativa Financeira da Família (IEF) caiu 2,20% na comparação com janeiro, puxado, principalmente, pelas quedas de 7,32% no subgrupo de pretensão de compra e de 2,58% no subgrupo situação financeira atual das famílias. Em 2025, o IEF tem variação negativa de 4,61%.
Pretensão de compra do consumidor de Belo Horizonte
A pesquisa do Ipead ainda revelou que os grupos de vestuário e calçados e veículos lideram a lista de bens e serviços que o consumidor de Belo Horizonte planeja adquirir nos próximos três meses, com taxas de 21,43% e 14,76%, respectivamente. Em seguida estão eletrodomésticos e turismo, ambos com 7,14% da intenção de compra da população consumidora.
Vestuário, turismo e eletrodomésticos são os produtos e serviços que aparecem com maior interesse na intenção de compra entre mulheres. Já entre os homens, a prioridade do consumo está nos veículos, no vestuário e no turismo. O levantamento mostra que a proporção de mulheres com intenção de compras (73,39%) é menor quando comparada à dos homens (75,24%).
Selic alta impacta na percepção do poder de compra e deve impactar no emprego
O economista do Ipead Diogo Santos aponta que a leve alta na confiança do consumidor de Belo Horizonte em fevereiro é um bom sinal após a queda expressiva registrada em janeiro, de 6,91%. “Mostra que aquela piora de janeiro se estabilizou, não continuou piorando, a notícia desse mês é importante”, declarou.
Entretanto, por ter sido motivada principalmente pela percepção em relação ao emprego, o economista ressalta a incerteza se essa estabilidade irá sustentar, frente ao patamar elevado da taxa de juros, que vai desaquecer a economia. “A população pode começar a perceber nos próximos meses que o mercado de trabalho pode não estar tão favorável quanto estava o ano passado”, pontua Diogo Santos.
Ele afirma que os efeitos da política monetária contracionista do Banco Central já são percebidos pela população da capital mineira, com impactos na percepção no poder de compra. A Selic elevada desestimula o consumo de itens que não são de primeira necessidade e bens de maior valor, geralmente adquiridos pela população por meio de financiamentos.
O economista revela que os próximos levantamentos acerca da inflação da capital mineira devem registrar queda no preço dos alimentos, mas o movimento não deverá ser o suficiente para restaurar a confiança do consumidor de Belo Horizonte num primeiro momento.
“Tivemos alguns itens que subiram em BH, alimentação fora da residência, carne, que é item essencial. Agora vamos ver que até deu uma aliviada no bolso em relação ao preço dos alimentos, mas ainda assim, não é algo que a população vai expressar em termos de confiança. Isso me leva tempo”, analisa Santos.
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