Economia

Confiança da indústria avança em Minas

Confiança da indústria avança em Minas
Há setores registrando alta nas exportações por causa da guerra | Crédito: Paulo Whitaker / Reuters

A confiança dos industriais mineiros avançou em abril, após duas quedas seguidas, aponta o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei), medido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Os resultados mostram que os empresários permanecem confiantes pelo 21º mês consecutivo, período em que o índice superou os 50 pontos.

A boa avaliação da situação atual e as expectativas positivas se consolidaram com a flexibilização das medidas de restrição contra a Covid e a percepção de que a guerra na Ucrânia beneficia setores importantes da economia brasileira, como o de exportação de commodities.

O Icei cresceu 1,7 ponto entre março (55,8 pontos) e abril (57,5 pontos), após duas quedas seguidas – entre fevereiro e março, por exemplo, o índice registrou queda de 0,5 ponto.

O indicador aumentou 4 pontos em relação a abril de 2021 (53,5 pontos) e foi 4,9 pontos superior à sua média histórica (52,6 pontos). O Icei nacional registrou elevação de 1,4 ponto em abril (56,8 pontos), frente a março (55,4 pontos), e mostrou confiança dos industriais brasileiros também pelo 21º mês seguido.

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A analista de estudos econômicos da Fiemg, Daniela Muniz, explicou que o índice é calculado com base em dois componentes principais: o olhar do empresário sobre os últimos seis meses (condições atuais) e o que ele espera para o seu negócio no próximo semestre (expectativas).

O componente de condições atuais aumentou 1 ponto entre março (49,8 pontos) e abril (50,8 pontos). Com esse crescimento – o segundo consecutivo – o indicador passou de uma posição neutra para uma percepção positiva dos empresários com relação à situação atual, ao ultrapassar a linha dos 50 pontos. Em abril de 2021, ele era de 45,8 pontos.

O componente de expectativas para os próximos seis meses cresceu 2,1 pontos frente a março (58,8 pontos), alcançando 60,9 pontos em abril. O indicador mostrou industriais mais otimistas quanto aos seus negócios e às economias brasileira e mineira. Em relação a abril de 2021 (57,4 pontos), o índice aumentou 3,5 pontos.

“O otimismo se sustenta na ampla cobertura vacinal e consequente flexibilização das restrições. A guerra na Ucrânia, que afetou a confiança dos empresários no mês passado, segue como fator de risco à recuperação da atividade econômica, mas acabou mostrando que pode ser favorável a setores exportadores, que se beneficiaram da redução da oferta global”, explicou a analista da Fiemg.

Avaliação da economia

Os únicos índices abaixo de 50 pontos se referem à avaliação atual das economias nacional e estadual – tal desconfiança, mesmo que discreta, é mais visível nas impressões dos proprietários de indústrias de pequeno porte. Para Daniela Muniz, essa avaliação tem a ver com a falta de controle que o empresário tem sobre fatores externos ao seu negócio.

“No que é relativo à empresa, ou seja, no que depende dele, as expectativas são tradicionalmente melhores do que as que se referem à economia. Afinal, é o empresário que controla as encomendas, o estoque e tem como avaliar e planejar o futuro. Então, quando ele fala da própria empresa, seja agora ou nos próximos seis meses, ele é mais confiante”, disse a analista.

“Previsibilidade para o empresário é muito importante; e ele tem mais quando fala da própria empresa do que quando avalia a economia em geral”, acrescentou.

De qualquer maneira, ainda é cedo para avaliar se o otimismo dos industriais indicaria uma predisposição da indústria em aumentar o ritmo e investir mais na produção.

“Quando você tem um aumento de confiança, é normal que eles se sintam encorajados a investir; mas como é o primeiro mês de aumento depois de duas quedas, temos que esperar um pouco para ver se isso configura uma tendência”, observou Daniela Muniz.

“Aí nós poderemos ver se a confiança se mantém e pode se reverter em investimentos, contratações, enfim, em crescimento da empresa”, concluiu.

O estudo Icei é uma realização da gerência de Economia e Finanças Empresariais da Fiemg. A pesquisa foi realizada entre os dias 1º e 11 de abril de 2022 e foram coletados dados de 70 grandes empresas, 65 médias e 68 pequenas empresas.

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