Economia

Confiança empresarial apresenta segunda queda consecutiva

O recuo nas expectativas dos empresários brasileiros foi apontado como o principal fator para o resultado do indicador no mês
Confiança empresarial apresenta segunda queda consecutiva
Indicador mede confiança do empresário da indústria de Minas Gerais | Crédito: Adobe Stock

O Índice de Confiança Empresarial (ICE) no Brasil fechou outubro com 92,9 pontos. O resultado ficou 1,2 ponto abaixo do observado em setembro (94,1) e 5,3 pontos inferior ao registrado no mesmo mês de 2022 (98,2). Essa é a segunda queda consecutiva do índice e o menor nível desde maio deste ano, quando o indicador marcou 91,5 pontos.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), a queda da confiança no País foi motivada principalmente pela piora do Índice de Expectativas Empresarial (IE-E) em relação aos próximos meses. Em outubro, o indicador caiu 3,5 pontos frente a setembro, passando de 93,1 para 89,6 pontos. Essa foi a maior queda desde novembro do ano passado.

Além disso, pelo segundo mês consecutivo, todos os componentes do índice de expectativas apresentaram queda. O destaque ficou para os indicadores de “demanda no horizonte de três meses” e “tendência dos negócios seis meses à frente”, com quedas de 4,8 e 1,2 ponto, respectivamente. Ambos fecharam abaixo dos 90 pontos. Por outro lado, o componente de “emprego previsto” (94,5) se manteve acima desse patamar, porém, ainda distante do nível de neutralidade.

O IE também influenciou no recuo dos quatro principais setores que consolidam o ICE (Indústria, Serviços, Comércio e Construção). A confiança da Indústria caiu pelo quarto mês seguido, em 0,2 ponto, ficando com 90,8 pontos em outubro, mantendo-se no menor nível desde julho de 2020. Já a confiança de Serviços recuou 1,6 ponto, para 95,3 pontos; Comércio (89,2) caiu três pontos e Construção (96,3) baixou 1,8 ponto.

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Para o superintendente de estatísticas do FGV Ibre, Aloisio Campelo Jr., essa tendência de queda da confiança observada nos quatro grandes setores em outubro reforça a percepção de desaceleração dos segmentos cíclicos da economia no quarto trimestre do ano.

“Na Indústria e no Comércio, o enfraquecimento da demanda já começa a impactar negativamente o ímpeto de contratações, enquanto nos Serviços e na Construção, a relativa resiliência do nível de atividade ao longo do segundo semestre tem mantido este ímpeto estável. A piora das expectativas no horizonte de três meses são um sinal de continuidade do ritmo morno de atividade nesta virada do ano”, avalia.

Já o economista e colunista do DIÁRIO DO COMÉRCIO, Guilherme Almeida, explica que essa deterioração das expectativas dos empresários pode estar ligada a desaceleração no ritmo de crescimento da economia brasileira. “O ritmo que a gente observou nos dois primeiros trimestres, provavelmente não será acompanhado nos dados do terceiro e quarto trimestre”, deduz.

Ele lembra que o setor industrial já está estagnado desde o início do ano e o setor de comércio tem apresentado uma alta volatilidade, com meses de crescimento nas vendas e outros com queda; enquanto os serviços vêm perdendo força. “Então de certa forma a gente vem acompanhando esse movimento de desaceleração da atividade econômica e as perspectivas que os agentes econômicos têm a respeito de uma melhoria”, completa.

Para o economista, um dos fatores que tem contribuído para esse cenário é o endividamento e a inadimplência elevada, além dos aspectos relacionados à política monetária. “O Banco Central vai continuar reduzindo a taxa de juros, mas até certo limite. Ele não tem margem adicional para fazer movimentos mais bruscos de cortes, então é possível que nesse ano, por exemplo, a gente continue na casa dos dois dígitos da taxa Selic”, analisa.

Almeida ressalta que esse juros elevado acaba impactando no crédito para os empresários. Além disso, a situação fiscal do País também causa preocupação, principalmente após a fala do presidente Lula sobre o tema. “Existe uma dúvida quanto à meta estabelecida pelo novo arcabouço, se ela é atingível ou não para 2024. A declaração do presidente é como se ele tivesse dito que é impossível atingir a meta de déficit nulo no próximo ano e isso acaba gerando um impacto muito forte no mercado como um todo, deteriorando a expectativa dos agentes”, conclui.

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