Confiança da indústria diminui em abril, aponta Fiemg

O Índice de Confiança do Empresário Industrial de Minas Gerais (Icei) referente a abril deste ano caiu 2 pontos em relação ao índice de março, atingindo a marca de 45,9 pontos. Este foi o quinto mês seguido que o índice ficou abaixo dos 50 pontos no Estado, que é o limite entre a confiança e a falta dela. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (23) pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg).
O Icei chegou a ficar quase dois anos – 23 meses consecutivos – oscilando entre a confiança e a neutralidade, mas desde dezembro do ano passado o indicador está abaixo dos 50 pontos.
Quando comparado ao mês de abril do ano passado (50,4 pontos), o Icei teve uma queda de 4,5 pontos. É o menor nível para o mês em cinco anos. O indicador também ficou 6,7 pontos abaixo da média histórica do mês, que é de 52,6 pontos.
Já na comparação com o índice nacional, a pesquisa revela otimismo abaixo da média em Minas Gerais. O índice de otimismo dos empresários brasileiros caiu entre março (49,2 pontos) e abril (48 pontos) e, ainda assim, ficou maior que o dos mineiros.
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Ainda abaixo dos 50 pontos, o índice de condições atuais do Icei caiu 4,4 pontos frente março (43,8 pontos) e marcou 39,4 pontos em abril. O componente mostra uma percepção dos empresários de piora das condições das economias do País e do Estado, bem como dos seus negócios. Na comparação com abril do ano passado (44,1 pontos), o indicador diminuiu 4,7 pontos.
Confiança da grande indústria volta a ficar abaixo de 50 pontos
O componente de expectativas para os próximos seis meses da indústria de Minas Gerais diminuiu 0,8 ponto entre março (50 pontos) e abril (49,2 pontos). A queda fez o componente sair da neutralidade e mostrar pessimismo da percepção dos empresários mineiros quanto aos próximos seis meses. Frente a abril de 2024 (53,6 pontos), o índice diminuiu 5,8 pontos. É o menor nível para o mês em cinco anos.
Quando consideradas apenas as indústrias de grande porte, o índice de expectativas do Icei chega a 49,7 pontos no Estado. Diferente do cenário das indústrias de médio porte, em que os empresários estão mais confiantes e o índice está acima dos 50 pontos, marcando 50,8 pontos. Já a confiança dos industriais de pequeno porte alcançou 46,5 pontos.
O indicador de expectativas de abril das maiores indústrias é bem menor quando comparado ao mesmo período do ano passado (56,5 pontos). Já em relação ao mês anterior (52,1 pontos), o indicador caiu e voltou a estar abaixo de 50 pontos.
Junto à insegurança interna, tarifaço de Trump afeta confiança da indústria
Os índices de confiança dos industriais de Minas têm refletido os desafios de um cenário macroeconômico complexo, afirma a economista da Fiemg Daniela Muniz. Ela explica que a inflação ainda acima da meta restringe o orçamento das famílias, ao mesmo tempo que uma taxa básica de juros (Selic) em patamar elevado torna o crédito caro, o que também impacta o consumo, diminui a venda das empresas e dificulta o acesso dos empresários a financiamentos.
Há também a continuidade da preocupação do setor industrial com a situação fiscal do País, um dos fatores de insegurança para os agentes econômicos, conforme destaca a economista. A expansão da dívida pública e a ausência de medidas efetivas para controlar esse endividamento reforçam a percepção de risco do mercado, o que exige uma Selic alta para compensar a deterioração da confiança dos investidores e limita a expansão do setor produtivo, pontua.
A esperada desaceleração da economia brasileira já tinha derrubado paulatinamente a confiança da indústria nos últimos meses e, agora, Daniela Muniz analisa que o cenário interno está associado a um cenário externo turbulento, após o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump.
“A política comercial do governo Trump, a falta de clareza sobre o que pode ser esperado para os próximos meses, tudo isso está deixando o contexto global mais incerto e tem gerado mais cautela no mercado. Isso no mundo inteiro. Aqui no Brasil também, porque tem reflexo direto”, diz.
Em meio a toda turbulência econômica interna e externa, a economista da Fiemg ressalta que, no momento, não há perspectiva de quando a confiança do empresariado industrial de Minas Gerais irá melhorar. “Vai depender muito do que acontecer nos próximos meses, o que é uma incógnita”, finaliza.
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