Economia

Confiança da indústria em Minas Gerais avança, mas setor segue pessimista

Enquanto em outubro, o indicador estava em 47,3, saltou para 47,8, com a terceira melhora seguida
Confiança da indústria em Minas Gerais avança, mas setor segue pessimista
Foto: Reprodução/Adobe Stock

A confiança do empresário industrial mineiro em novembro teve melhora em relação ao mês passado, é o que apontou o Índice de Confiança do Empresário Industrial de Minas Gerais (Icei-MG), divulgado na terça-feira (18) pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O indicador que em outubro estava em 47,3 foi para 47,8, terceira melhora seguida, mas, apesar do avanço, os números seguem abaixo dos 50 pontos – limite que marca a confiança e a falta dela, o que mostra uma visão ainda pessimista do setor.

Foi o 12º mês consecutivo em que a atividade se mostrou pessimista. Na comparação com novembro de 2024 (51,8 pontos), observou-se uma queda de 4 pontos, sendo o pior resultado para o mês em 10 anos. Já o subíndice de “expectativas”, que é como os industriais preveem como estará o cenário nos próximos seis meses, o indicador chegou a 50,1 pontos, um aumento de 1,1 ponto em relação a outubro. Entretanto, como o valor é muito próximo ao limite, é considerado uma posição de neutralidade, cautela dos empresários.

A economista da Fiemg, Daniela Muniz, afirma que a pequena alta pode ser explicada por diferentes fatores, um deles é a sazonalidade, já que as festividades do final do ano aquecem o comércio e impactam a indústria.

“No mês de novembro, assim como foi em outubro e um pouco em setembro, é o período que costuma registrar maior demanda industrial impulsionada pela recomposição de estoque das empresas e pelas vendas de fim de ano. Isso acaba reduzindo o pessimismo dos industriais, porque eles sabem que são meses mais fortes por causa da Black Friday e das festas de fim de ano, que é quando eles sabem que vai ter mais encomendas”, analisou.

A economista observou que, como o indicador vem negativo há um bom tempo, os dados podem representar uma acomodação das expectativas dos empresários, pautada na sinalização do Banco Central de que a taxa básica de juros, a Selic, que está em 15% ao ano, patamar considerado alto, não deve ser alterada nos próximos meses, o que permite ao setor ter uma maior previsibilidade econômica.

Apesar disso, a desconfiança do empresariado mineiro pode ser explicada, segundo Daniela Muniz, por uma combinação de fatores, mas principalmente pela inflação acima da meta. Para 2025, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu em 3% a meta, com variação de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Nos últimos doze meses, ou seja, de outubro de 2024 a outubro de 2025, o acumulado foi de 4,68%.

Além dos juros elevados, a fragilidade política fiscal do País, além do cenário externo, principalmente em relação às tarifas de 40% impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros são alguns dos motivos para falta de otimismo do setor.

“(Uma melhora) vai depender da capacidade de o governo de restabelecer o equilíbrio fiscal, manter a inflação sob controle e coordenar melhor a política econômica, além da questão externa. Parece que está havendo uma mudança na ordem do comércio, a gente vê que vários setores afetados pelas tarifas estão se reorganizando e começando a vender para outros países”, afirmou a economista.

Esse cenário faz com que parte dos empresários e de investidores estrangeiros decida postergar possíveis aportes que seriam feitos em Minas Gerais. Uma maior previsibilidade é apontada como um caminho para que a economia volte a aquecer e a ter maior dinamismo.

O Icei-MG foi realizado com 135 empresas de Minas Gerais, entre 3 e 12 deste mês. A pesquisa da Fiemg ouviu 49 grandes empresas, 36 médias e 50 de pequeno porte.

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