Confiança da indústria mineira diminui em outubro, aponta Fiemg

O Índice de Confiança do Empresário Industrial de Minas Gerais (Icei) referente a outubro deste ano caiu 1,1 ponto em relação ao índice de setembro, atingindo a marca de 50,9 pontos. Este foi o 21º mês seguido que o índice fica acima de 50 pontos no Estado, que é o limite entre a confiança e a falta dela. Os dados foram divulgados pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
A economista da Fiemg, Daniela Muniz, explica que a incerteza em relação à situação fiscal do Brasil impede que os empresários sejam mais confiantes com o futuro, mesmo com o crescimento econômico atual (leia a análise completa ao final do texto).
Quando comparado ao mês de outubro do ano passado (50,3 pontos), o Icei teve um acréscimo de 0,6 ponto, porém, 1,8 ponto abaixo da média histórica do mês, que é de 52,7 pontos.
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Já na comparação com o índice nacional, a pesquisa revela otimismo abaixo da média por parte dos mineiros. O índice de otimismo dos empresários brasileiros ficou praticamente estável entre setembro (53,3 pontos) e outubro (53,2 pontos) e, ainda assim, maior que a dos mineiros.
Ainda abaixo dos 50 pontos, o índice de condições atuais do Icei diminuiu 1,6 ponto frente setembro (48,2 pontos) e marcou 46,6 pontos em outubro. O componente mostra uma percepção dos empresários de piora das condições das economias do País e do Estado, bem como dos seus negócios. Na comparação com outubro do ano passado (45,8 pontos), o indicador cresceu 0,8 ponto.
Indústria de grande porte em Minas Gerais é mais otimista
O componente de expectativas para os próximos seis meses da indústria teve queda de 0,8 ponto entre setembro (53,9 pontos) e outubro (53,1 pontos). A redução reflete que os empresários seguiram com perspectivas menos positivas quanto aos próximos seis meses. Frente a outubro de 2023 (52,5 pontos), o índice cresceu 0,6 ponto.
Quando consideradas apenas as indústrias de grande porte, o índice de expectativas do Icei chega a 54,3 pontos. Diferente do cenário das indústrias de médio e de pequeno porte, em que os empresários estão menos confiantes, em que o índice marca, respectivamente, 51,7 e 52,3 pontos.
Apesar do empresariado industrial de grande porte estar mais otimista que os industriais de médio e pequeno porte, o indicador de expectativas de outubro das maiores indústrias é menor quando comparado ao mês anterior (56,1 pontos) e ao mesmo período do ano passado (56,3 pontos).
Incerteza com situação fiscal impacta confiança da indústria
Essa maior resiliência nas expectativas dos industriais de grande porte, aponta Daniela Muniz, deve-se ao fato de serem menos vulneráveis às oscilações econômicas do que a indústria de pequeno e médio porte.
As empresas de grande porte têm mais acesso a crédito e capacidade de inovação e adaptação maior que o empresário industrial de pequeno e médio porte, mais sensível às mudanças regulatórias e de mercado. Além de ter a possibilidade de exportar a produção. “Quando sentem que o mercado interno às vezes não tá conseguindo ter a demanda que esperavam, muitas vezes conseguem ter uma demanda maior do mercado externo”, explica Daniela Muniz.
De forma geral, a economista da Fiemg ressalta que o cenário é de confiança moderada do empresariado industrial nos últimos meses. Mesmo com o bom desempenho da economia do País, a incerteza em relação a situação das contas públicas não deixa a confiança “emplacar”.
“As dívidas cuja dinâmica não tende à sustentabilidade, como é o que está acontecendo no País, provoca aumento da percepção de riscos, contamina o câmbio – teve uma desvalorização do real em relação ao dólar”, pontua.
“Isso acaba exigindo juros mais elevados e reduzindo a capacidade de investir no setor privado, depois reduzindo o crescimento econômico. Então isso está afetando a confiança dos empresários”, completa a economista.
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