Economia

Confiança do empresário industrial sobe, mas setor continua pessimista em Minas Gerais

Icei-MG subiu 3,1 pontos, mas permanece abaixo do nível de confiança pelo 11º mês seguido; índice teve o pior outubro desde 2015
Atualizado em 15 de outubro de 2025 • 20:55
Confiança do empresário industrial sobe, mas setor continua pessimista em Minas Gerais
Foto: Reprodução Adobe Stock

O Índice de Confiança do Empresário Industrial de Minas Gerais (Icei-MG) subiu 3,1 pontos entre setembro e outubro, alcançando 47,3 pontos. Apesar da alta, o indicador permaneceu abaixo dos 50 pontos — limite que separa falta de confiança e confiança —, segundo pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

Esse foi o 11º mês consecutivo de pessimismo no setor e o pior resultado para outubro desde 2015, quando o Icei registrou 32 pontos. Além disso, houve retração de 3,6 pontos em relação ao mesmo período do ano passado, quando o indicador marcou 50,9 pontos. O índice também ficou cinco pontos abaixo da média histórica, de 52,3 pontos.

Os dois subíndices que compõem o Icei também avançaram, mas continuaram abaixo dos 50 pontos. O componente de condições atuais atingiu 43,8 pontos, sinalizando uma percepção de piora dos industriais em relação à economia do Estado, do País e dos próprios negócios. Já o componente de expectativas para os próximos seis meses chegou a 49 pontos, confirmando o pessimismo do setor quanto ao futuro.

A economista da Fiemg, Daniela Muniz, explica que a sazonalidade pode ter levado os empresários a adotar uma postura ligeiramente menos pessimista no mês. “Outubro costuma marcar o início de um dos períodos mais fortes para a indústria. As empresas precisam produzir mais para atender à Black Friday e às vendas de fim de ano”, destaca.

O resultado de outubro também pode indicar uma acomodação natural das perspectivas dos industriais, já que o indicador partia de um patamar baixo. Segundo ela, a pontuação ficou dentro da média dos últimos 11 meses, período em que o Icei apresentou oscilações.

Pessimismo está relacionado a fatores internos e externos

Conforme o levantamento, apesar da melhora em relação a setembro, o Icei de outubro continua refletindo um ambiente econômico desafiador, com os industriais ainda demonstrando cautela. A falta de confiança persiste diante de fatores internos, como a inflação acima da meta e a taxa básica de juros (Selic) em patamar elevado, e externos, como as dificuldades que alguns segmentos podem enfrentar com o “tarifaço” dos Estados Unidos (EUA) sobre o Brasil.

Daniela Muniz ressalta que a inflação acumulada em 12 meses até setembro chegou a 5,17%, bem acima do teto estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2025 — de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Esse cenário afeta o orçamento das famílias e limita a demanda por bens industriais.

A economista observa que a Selic está em 15% ao ano, com o Banco Central sinalizando que a taxa permanecerá elevada por mais tempo. Como consequência, o crédito se torna mais caro, os encargos das empresas aumentam e o poder de compra dos consumidores diminui, reduzindo o consumo de bens industriais e o nível de investimentos do setor.

Ela pondera que, por causa do tarifaço, o Brasil ficou em desvantagem em relação a países que conseguiram negociar melhores condições tarifárias com os Estados Unidos. Assim, segmentos do setor industrial mineiro que exportam para os EUA, como o de metalurgia, sentem os impactos da medida imposta pelo governo norte-americano.

De acordo com a economista, no cenário interno, a política fiscal expansionista, que eleva o nível de incerteza no País, também contribui para a falta de confiança do empresário industrial em Minas Gerais. No contexto internacional, Daniela Muniz destaca as projeções de desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) global neste ano, que tendem a impactar a demanda por produtos brasileiros e os segmentos exportadores.

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