Confiança das micro e pequenas empresas volta a crescer em novembro

As micro e pequenas empresas (MPEs) voltaram a registrar aumento da confiança depois de dois meses seguidos de queda no Índice de Confiança das Micros e Pequenas Empresas (IC-MPE). No mês de novembro, o indicador chegou aos 92,8 pontos, resultado do avanço da confiança nas empresas do setor industrial, influenciado pelo escoamento dos estoques de produtos verificado no mês passado.
O índice é calculado mensalmente a partir de dados avaliados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a variação em novembro foi de 0,6 ponto, o que ainda não foi o suficiente para reverter as quedas de setembro e outubro.
O cenário de juros praticados no País e o nível de endividamento dos consumidores ainda em patamar elevado têm freado a retomada do otimismo dos empreendedores na avaliação do presidente do Sebrae, Décio Lima. “Apesar da quarta redução seguida na taxa Selic, o fato é que os juros brasileiros ainda são os mais altos do mundo. Sem crédito, os donos de pequenos negócios não conseguem pensar em investir. Até porque uma parte significativa deles, principalmente os microempreendedores individuais, têm dívidas para pagar”, comenta.
Indústria é responsável pelo otimismo das MPEs
A alta do IC-MPE em novembro foi exclusivamente puxada pelo aumento da confiança do setor industrial que, após quatro meses de queda, voltou a apresentar o maior nível entre os pesquisados, o que não acontecia desde julho deste ano.
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O principal destaque da indústria no período foi o momento corrente, uma vez que o Índice da Situação Atual das MPE da Indústria de Transformação (ISA-I-MPE) avançou 13,5 pontos, alcançando os 99,6 pontos. O indicador de estoque teve forte aumento de 25,3 pontos, para 108,3 pontos, apontando um movimento de escoamento dos estoques no mês, proporcionado pelas sinalizações de 16,1% das empresas que estavam com estoque insuficiente, em novembro, contra 7%, em outubro.
O crescimento do Índice de Expectativas das MPE da Indústria de Transformação (IE-I-MPE), em novembro, foi de 5,2 pontos, levando à marca de 96,7 pontos. O quesito volume de produção prevista teve forte participação no resultado, ao subir 10,2 pontos, para 99,9 pontos, e interrompendo quatro meses de queda.
Comércio e Serviços registram recuo
Pelo segundo mês seguido, a confiança das micro e pequenas empresas do setor de comércio (MPE-Comércio) recuou 2,3 pontos, para 86,3 pontos. A perda acumulada no bimestre findo em novembro é de 6,1 pontos. O Índice de Confiança do Comércio, divulgado pela FGV, acompanhou a trajetória descendente das MPE ao cair 2,7 pontos, para 86,5 pontos.
Mesmo com o alívio da inflação, reduções das taxas de juro e do desemprego, a demanda dos consumidores segue fraca ou aquém do esperado para o fim do ano, gerando maior cautela por parte dos empresários. Por essa razão, o desânimo da confiança não é observado exclusivamente nas MPE, mas também nas médias e grandes empresas do setor.
Já o setor de serviços apresentou forte queda em novembro, revertendo a alta do mês anterior. O Índice de Confiança dos Micros e Pequenos Empresários do setor de Serviços (MPE-Serviços) caiu 4,1 pontos, para 91,1 pontos, o menor nível desde abril de 2023.
Em novembro, tanto o cenário da situação corrente, mas em especial, as expectativas de curto prazo contribuíram para a queda da MPE-Serviços. O Índice de Expectativas das MPE dos Serviços (IE-S-MPE) recuou 5,6 pontos, para 88,1 pontos e foi impactado igualmente pelos quesitos volume de demanda para os três meses seguintes e situação dos negócios para os próximos seis meses, que caíram 5,6 pontos, para 90,2 e 86,1 pontos, respectivamente.
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