Economia

Confiança dos pequenos negócios de Minas Gerais é recuperada em março; veja o que mudou

Melhora pode estar relacionada a uma adaptação dos empresários mineiros à atual situação econômica do Brasil
Confiança dos pequenos negócios de Minas Gerais é recuperada em março; veja o que mudou
Foto: Claraboia Filmes / CNI

A confiança dos empresários donos de pequenos negócios em Minas Gerais apresentou recuperação após queda em fevereiro. O Índice Sebrae de Confiança dos Pequenos Negócios (Iscon) passou de 103 pontos em janeiro e 99 pontos no mês passado para 106 pontos em março.

O levantamento realizado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas) expressa a tendência para o nível de atividade destes pequenos negócios, levando em conta os últimos três meses e os próximos três meses. Veja como funciona:

  • se o indicador atingir uma pontuação acima de 100 pontos, há tendência de expansão da atividade;
  • igual a 100 pontos, há estabilidade da atividade;
  • abaixo desse resultado, a tendência é de retração da atividade.

A analista do Sebrae Minas, Izabella Diniz Siqueira, explica que o recuo observado em fevereiro pode ter sido causado pela aceleração da inflação e pelas incertezas regulatórias. Já a recuperação de março foi motivada pela adaptação a esse cenário e a uma melhora nas expectativas para os próximos meses.

“Essa combinação de fatores adversos continuou a pesar sobre os pequenos negócios no primeiro trimestre de 2025. Embora março tenha apresentado sinais preliminares de recuperação nas expectativas, os desafios estruturais mantiveram o ambiente de negócios cautelosos”, avalia.

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Para a especialista, a melhora recente sugere que os empresários já começaram a se adaptar a esse contexto menos favorável, buscando oportunidades mesmo em condições adversas. No entanto, ela ressalta que não é possível garantir que esse cenário mais positivo permaneça nos próximos meses.

O grupo dos microempreendedores individuais (MEIs) começou o ano com 105 pontos no Iscon, caiu para 97 pontos em fevereiro e fechou o primeiro trimestre com 108 pontos, o que representa uma melhora nas expectativas. Já as empresas de pequeno porte (EPPs) registraram 90 pontos em janeiro e 103 nos dois meses seguintes, refletindo uma maior confiança em relação ao futuro.

Confiança dos pequenos negócios por setor

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Foto: Reprodução Adobe Stock

A retomada da confiança entre os pequenos negócios mineiros também pode ser observada em alguns setores. Esse é o caso da Indústria, que saltou de 97 pontos no primeiro mês de 2025 para 108 pontos em março. “A indústria local pode ter se beneficiado dessa substituição de importações devido ao câmbio desfavorável”, avalia a analista do Sebrae Minas.

Já o Comércio iniciou o ano com 95 pontos, caiu para 94 em fevereiro, mas recuperou-se com 100 pontos em março, indicando uma estabilização no final do trimestre. O setor de Serviços, após cair de 110 pontos em janeiro para 98 em fevereiro, recuperou-se significativamente em março, alcançando 111 pontos. “Comércio e Serviços podem ter aumentado em março devido à movimentação no Carnaval”, diz Izabella Siqueira.

Por outro lado, as pequenas empresas que atuam no setor de Construção Civil registraram 111 pontos em janeiro, subiram para 113 no mês seguinte, mas recuaram para 102 em março, apresentando uma desaceleração nas expectativas do setor. De acordo com a especialista, o setor está mais sensível aos juros, ao custo de materiais e à redução do financiamento imobiliário.

Situação atual e expectativas

O estudo também apresenta a percepção dos empreendedores mineiros a respeito do desempenho nos últimos meses e as expectativas para os próximos. O Índice de Situação Recente (ISR) marcou 80 pontos em janeiro, recuou para 70 pontos em fevereiro e fechou o trimestre com 79 pontos.

Já o Índice de Situação Esperada (ISE), que reflete as expectativas para o trimestre seguinte, manteve-se relativamente estável, passando de 114 pontos em janeiro para 113 em fevereiro, atingindo 120 em março, o maior valor do trimestre.

A analista explica que essa diferença no desempenho é algo comum, uma vez que um indicador apresenta um cenário mais concreto enquanto o outro trabalha com as expectativas. Segundo ela, a pontuação registrada pelo ISR pode estar ligada a questões macroeconômicas como os juros e as incertezas regulatórias. “Já o ISE está baseado nesse otimismo que ainda persiste entre os pequenos negócios”, completa.

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