Consórcio segue como alternativa de investimento em cenário de juros altos

Com a população convivendo com juros em alta, impulsionados pelo recente aumento da taxa Selic para 14,75% ao ano e que alcança o maior nível desde julho de 2006, o debate sobre as alternativas de crédito disponíveis para os consumidores brasileiros voltou à pauta. O custo dos financiamentos tradicionais ficou mais caro e, diante deste cenário, o consórcio reaparece como uma solução para aquisição de bens e serviços de forma programada e sem incidência de juros.
Segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac), o setor segue em trajetória de crescimento. Em Minas Gerais, o número de ativos em consórcios registrou alta de 17,5% no último ano, passando de 1,03 milhão de participantes em 2023 para 1,18 milhão em 2024.
As vendas de cotas também tiveram alta no período: saltaram de 408,42 mil em 2023 para 437,04 mil em 2024, elevação de 7% no Estado. As contemplações também apresentaram um pequeno aumento em Minas, saindo de 165,12 mil em 2023 para 170,76 mil no ano seguinte.
Primeiro trimestre de 2025 foi melhor dos últimos 20 anos no País
Já no País, o Sistema de Consórcios encerrou os três primeiros meses deste ano registrando o maior volume trimestral de adesões dos últimos vinte anos, ao contabilizar 1,23 milhão de cotas comercializadas, com aumento de 26,0% sobre o mesmo período de 2024. Acumulou R$ 105,38 bilhões em negócios realizados, 36,4% acima dos R$ 77,24 bilhões do mesmo período em 2024.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
De acordo com o presidente executivo da Abac, Paulo Roberto Rossi, os bons resultados do Sistema de Consórcios, observados nos últimos anos, demonstram o quanto o consumidor vem se aprimorando no planejamento das finanças pessoais. “Tal postura reafirma o maior conhecimento sobre a essência da educação financeira e sinaliza maturidade para realização de desejos pessoais e para investimentos por meio do consórcio, a forma mais simples e econômica de poupar com objetivo definido”, explica.
Segundo Rossi, o principal diferencial está no caso de o interessado necessitar do bem ou do serviço de imediato. “Neste caso, é recomendável que faça a aquisição com financiamento, arcando com a entrada e o ônus dos juros, pagando parcelas mensais maiores e tornando o custo final elevado. Todavia, se não houver necessidade imediata, o interessado poderá planejar a compra pelo consórcio, com prazos longos de duração dos grupos, parcelas mensais adequadas ao seu orçamento – visto só haver cobrança de pequena taxa de administração mensal, resultando em baixo custo final”, orienta.
Consórcios figuram entre os produtos mais demandados para investimentos em 2025
De acordo com pesquisa realizada pelo Google em parceria com a Offerwise, os consórcios aparecem entre os três produtos financeiros mais procurados por brasileiros em 2025, com 45% das intenções de contratação. O levantamento indica que, especialmente diante do encarecimento do crédito, o consórcio surge como uma opção para diferentes perfis de renda.
“Sem cobrança de juros, o consórcio permite que famílias das classes C, D e E adquiram bens com parcelas mais acessíveis do que as encontradas em financiamentos, o que amplia significativamente o poder de compra dessas faixas de renda. Já para o público de maior renda, é uma forma de preservar o capital aplicado, evitando a descapitalização imediata para compra de imóveis, veículos ou serviços”, destaca o Head de Serviços Financeiros e CFO do Grupo Bamaq, Pindaro Sousa.
Outra vantagem do consórcio é que não há cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), presente em operações como empréstimos e financiamentos, aponta Sousa. A isenção dessa alíquota no consórcio torna essa opção de aquisição mais econômica quando comparada a outras opções de crédito para investimento.
Ao oferecer uma alternativa planejada de aquisição sem juros, o consórcio também tem sido visto como uma forma de investimento indireto. Participantes que não têm urgência para utilizar o crédito contemplado podem utilizá-lo estrategicamente, aproveitando oportunidades de mercado com maior poder de negociação à vista.
“Com os juros elevados, o consórcio se torna ainda mais competitivo frente ao financiamento. É uma forma inteligente de planejar aquisições sem arcar com juros, mas com potencial de valorização dos bens adquiridos. Além disso, funciona como ferramenta de educação financeira, já que exige disciplina e visão de longo prazo”, enumera Sousa.
O Índice de Confiança do Setor de Consórcios (ICSC) atingiu 63,4 pontos em abril, segundo a Abac, acima da linha de otimismo, refletindo expectativas positivas das administradoras em relação ao Sistema de Consórcios, mesmo diante das incertezas que ainda marcam o cenário macroeconômico nacional.
Ouça a rádio de Minas