Construção civil cresce na região Centro-Oeste de Minas Gerais

O faturamento da construção civil na região Centro-Oeste do Estado registrou crescimento de 5% a 10% no primeiro semestre deste ano frente ao mesmo período de 2023. Com o desempenho a perspectiva para 2024 é de alta de 7% a 8%.
As estimativas são do presidente da regional Centro-Oeste da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Eduardo Augusto Nunes Soares.
Embora o resultado seja positivo, o dirigente, que também é vice-presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Centro-Oeste de Minas (Sinduscon-CO), observa que a expansão acontece em cima de resultados fracos de anos anteriores.
Ele lembra que há demanda por imóveis, que esbarra na alta taxa de juros vigente no País. De acordo com dados mais recentes da Fundação João Pinheiro (FJP), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), Minas Gerais tem o segundo maior déficit habitacional do Brasil, com 556 mil moradias em 2022. O Estado fica atrás de São Paulo, que registrou escassez de 1,2 milhão de domicílios.
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Soares explica que os juros elevados impactam nos investimentos do setor, bem como tem reflexos negativos para consumidor final, já que a maioria das famílias precisa contar com financiamento para poder adquirir um imóvel.
O dirigente criticou a manutenção da taxa Selic, juros básicos da economia, em 10,5% ao ano, que aconteceu no último dia 19, de forma unânime. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), já era esperada pelos analistas financeiros.
E a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira (1º) mostrou que em relação à política monetária, os especialistas seguem apostando que a Selic deve encerrar 2024 no patamar atual de 10,5%, indo a 9,5% no ano que vem.
Variáveis – Soares ressalta que o desempenho da atividade depende de vários fatores, além da taxa de juros, como nível de emprego e crescimento da economia. “O dólar que atualmente está alto, por exemplo, impacta no valor de alguns materiais”, observa. Ele conta que o setor ainda sente os resquícios da elevação nos preços dos materiais, que tiveram aumentos expressivos durante a pandemia.
O Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com a Caixa Econômica Federal, mais recente, mostrou que o custo médio da construção em Minas Gerais ficou praticamente estável em maio deste ano, já que a variação foi de 0,01% no Estado. A estabilidade dos insumos foi confirmada na ocasião pelo presidente do Sinduscon-MG, Renato Ferreira Machado Michel. Entretanto, ele observou que os materiais “se estabilizaram na alta”.
O vice-presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Centro-Oeste de Minas (Sinduscon-CO) conta que o retorno do programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida (MCMV) ainda não impactou plenamente o setor na região. “Ainda está tímido”, diz.
O programa inclusive é tema de um painel do maior evento da cadeia da construção civil de Minas Gerais, o Minascon 2024, que será realizado de 4 a 6 de julho no espaço Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Sest/Senat), em Divinópolis, na região Centro-Oeste.
A 21ª edição do evento tem como tema central “Descubra hoje o futuro da construção”. Entre os temas que serão abordados estão sustentabilidade, inovação na engenharia, acesso a linhas de financiamento para aquisição de imóvel, soluções competitivas, desburocratização do setor público, saúde e segurança no trabalho, legislação urbanística, entre outros assuntos.
Durante os três dias, o Minascon deve receber cerca de 20 mil pessoas. Em 2024, a estrutura de 6,5 mil metros quadrados montada no Sest Senat vai abrigar estandes, feira, auditórios, espaço para exposição de máquinas e salas de treinamentos.
Construção no Centro-Oeste tem “apagão” de mão de obra
Outra variável que tem desafiado o setor da construção na região Centro-Oeste, conforme vice-presidente do Sinduscon-CO, Eduardo Augusto Nunes Soares, é a dificuldade de encontrar mão de obra, mesmo com o aumento da remuneração.
Situação que vem impactando no cronograma de algumas obras. “É um problema enfrentado por vários segmentos”, observa. Diante dessa dificuldade, o dirigente destaca que é importante investir cada vez mais em tecnologia e repensar a forma de construir.
Apesar do desafio de encontrar mão de obra, estudo da gerência de economia da Fiemg, com base em dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Fundação João Pinheiro (FJP), mostra que, de janeiro a abril de 2024, a região Centro-Oeste de Minas Gerais criou 1.323 vagas formais na construção civil, o que representa um aumento de 42% em relação ao mesmo período do ano anterior (930).
Com 753 postos, Itaúna foi a cidade que mais gerou empregos, seguida de Divinópolis (163) e Mateus Leme (158). Somente em Divinópolis, há 434 empresas do segmento que empregam 4,6 mil pessoas e totalizam uma massa salarial anual de R$ 95 milhões. Desses empreendimentos, 230 atuam na construção de edifícios, 160 prestam serviços especializados para construção e 44 estão ligados a obras de infraestrutura. Os números são de 2022.
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