Economia

Construção cresce, mas está longe do nível pré-crise

Construção cresce, mas está longe do nível pré-crise
CRÉDITO: DIVULGAÇÃO

São Paulo – Após uma retração acumulada de quase 30% entre 2014 e 2018, o PIB da construção civil deve ter fechado 2019 com uma alta de 2%.

A melhora de indicadores recentes, dentre as quais o mercado imobiliário é um dos mais citados, vem alimentando expectativas de retomada de um dos principais setores da economia em termos de geração de emprego e renda.

No entanto, uma análise dos componentes do PIB da construção indica um cenário distinto – e mais cauteloso – do que as leituras correntes vêm afirmando.

Do lado das empresas, são os segmentos de infraestrutura e serviços os que apresentam melhores indicadores, aponta Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getulio Vargas/Ibre, em artigo para o Observatório Brasileiro do Crédito Habitacional.

De acordo com a sondagem da construção, feita pela FGV, a percepção do empresariado sobre a situação atual dos negócios melhorou 14,3 pontos no segmento de serviços especializados (como acabamento e instalações) e 13,3 pontos no de infraestrutura na comparação de dezembro de 2019 com o mesmo mês do ano anterior. Já no segmento de edificações o aumento foi bem mais tímido: 0,8 ponto.

Dados sobre geração de empregos refletem esse cenário: as obras de instalação lideraram a geração de empregos no setor de construção, com uma taxa de crescimento em 12 meses de 8,64%. Em segundo lugar, vem serviços de engenharia, com uma taxa de 6,45%. O mercado imobiliário, por sua vez, apresenta a taxa mais baixa nessa comparação: apenas 0,08%.

A contribuição das famílias e pequenos empreiteiros também vem sendo importante para a recuperação.

Embora o mercado imobiliário esteja dando sinais de melhora, sobretudo nos grandes centros, como São Paulo, essa retomada acontece ainda de forma desigual pelo País, diz Ana Maria Castelo.

 “Assim, essa dinâmica ainda não está se traduzindo em atividade, ou seja, as obras não começaram efetivamente”, escreve a economista no artigo. Por outro lado, a atividade de preparação de terrenos tem crescido, o que indica um cenário diferente para 2020.

Na leitura de Ana Maria Castelo, 2019 deve ter encerrado, portanto, um ciclo de cinco anos de retração da construção, abrindo caminho para um novo em 2020 no qual o mercado imobiliário deverá desempenhar um papel mais expressivo.

Esse novo cenário, no entanto, ainda está muito aquém do período pré-crise, quando o setor viveu um boom. Para o próximo ano, a expectativa de expansão do PIB da construção ainda fica abaixo dos 3%. “Nesse ritmo, o setor levará mais de dez anos para retomar o pico alcançado em 2013”, escreve a especialista.

Década – Outra questão colocada pela economista diz respeito à continuidade dessa recuperação, tendo em vista a perspectiva de fim da faixa 1 do programa Minha casa, minha vida, direcionado às famílias mais pobres, e às mudanças relativas ao FGTS – uma das principais fontes de financiamento habitacional no Brasil, sobretudo para a baixa renda. (Folhapress)

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