Construção deverá fechar ano com alta de 4% em MG

O setor da construção civil em Minas Gerais revisou para cima a expectativa de crescimento em 2021. A tendência é encerrar o ano com alta de 4% frente a 2020, ante os 2,5% estimados anteriormente. O resultado positivo é considerado muito importante para o setor, que acumulou retração de 30% entre 2014 e 2020. O desempenho poderia ser ainda mais relevante, cerca de 6%, caso os custos de produção não estivessem tão altos.
Somente no primeiro semestre, os custos com material de construção subiram 20,91%, elevando para 41% a alta registrada nos últimos 12 meses no Estado. O aumento é considerado o maior dos últimos 30 anos.
De acordo com a economista e assessora econômica do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Ieda Vasconcelos, o mercado imobiliário de Minas está reagindo por alguns fatores, como os juros baixos para o financiamento, pessoas buscando mais conforto nos lares e também por ser uma opção interessante e segura para investidores.
“Hoje temos uma disponibilidade de crédito a taxas mais acessíveis, o que atrai os consumidores. Além disso, com a pandemia e o home office, as pessoas passaram a investir no lar, buscando mais conforto e, isso, estimula o mercado imobiliário. Analisando o mercado de Belo Horizonte, nós estamos com crescimento nas vendas e lançamentos e, isso, é muito importante para o setor, que é um grande gerador de empregos”, explicou.
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O mercado de imóveis também é considerado atrativo para investidores, principalmente nesse período em que as taxas de juros ainda estão baixas.
“De certa forma, a taxa de juros em menor patamar torna o investimento em imóvel atrativo. Além disso, temos pessoas que ao deixavam o dinheiro nas aplicações e estavam pensando em trocar de imóvel. Devido ao momento, essas pessoas acabam buscando boas oportunidades”.
Mesmo com as estimativas positivas, o setor da construção em Minas Gerais tem, hoje, como maior gargalo o aumento do custo com material de construção. De acordo com Ieda, nos primeiros seis meses do ano, a alta acumulada é de 20,91% e nos últimos 12 meses de 41%. O maior impacto vem do preço do aço, que nos últimos 12 meses ficou 132% mais caro.
“Há 13 meses consecutivos estamos registrando aumentos muito acentuados nos custos da construção e, isso, vem travando parte do crescimento do setor. Aumentos nesta proporção são os maiores desde o início da década de 1990, antes do plano real, e quando vivíamos a hiperinflação. Estimamos encerrar o ano com alta de 4% no setor da construção frente a 2020, mas, se os custos não estivessem tão elevados, esta alta poderia ser de 6%”.
Custos mais altos chegam aos consumidores
Com tantos reajustes, os custos têm sido repassados para os consumidores. Para imóveis que foram negociados nas plantas, geralmente, nos contratos os reajustes são baseados nos índices que calculam os custos. Já para os lançamentos, os valores dos imóveis estão mais caros, o que dificulta a compra da casa própria para parte da população.
“O aumento dos custos vai prejudicar o comprador. Hoje é impossível construir com um aumento de custo de 40% e manter os preços do início de 2020. O custo maior acaba inibindo uma parcela da população que poderia adquirir a casa própria. É um desafio muito grande”.
Expectativas são positivas
Para o segundo semestre, as expectativas são positivas, mas ainda existem receios. A tendência de novos aumentos de custos, alta taxa de desemprego e a possibilidade de uma nova onda de Covid-19 no mundo, pela variante Delta, são fatores que afligem os empresários.
Por outro lado, o avanço da vacinação contra o Covid-19, a estimativa de crescimento do PIB e a maior geração de empregos tem deixado o setor mais confiante.
INCC-M acumula alta de 10,7%
Brasília – O Índice Nacional de Custo da Construção-M (INCC-M), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), teve inflação de 1,24% em julho deste ano, percentual inferior ao apurado no mês anterior (2,3%). Com o resultado, o índice acumula 10,75% no ano e 17,35% em 12 meses.
De junho para julho, houve quedas nas taxas de inflação dos materiais, serviços e mão de obra. Os materiais e equipamentos passaram de 1,75% para 1,52%. Os serviços recuaram de 1,19% para 0,65%
Já o índice da mão de obra passou de 2,98% em junho para 1,12% em julho.
Confiança – Já o Índice de Confiança da Construção, medido também pela FGV, teve alta de 3,3 pontos de junho para julho deste ano e chegou a 95,7 pontos, em uma escala de zero a 200. Esse é o maior patamar do indicador, que mede a percepção dos empresários da construção, desde março de 2014 (96,3 pontos).
O crescimento foi puxado pela melhora da confiança dos empresários em relação aos próximos meses, medida pelo Índice de Expectativas, que subiu 6,8 pontos e chegou a 102,2.
Já o Índice de Situação Atual, que mede a percepção sobre o momento presente, recuou 0,1 ponto de junho para julho e atingiu 89,4 pontos.
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Construção caiu 3,7 pontos percentuais, passando para 73,7%. (ABr)
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