Economia

Mercado de trabalho contribui para queda na confiança do consumidor em BH

Em setembro, confiança em relação ao Emprego recuou 8,01% na Capital
Atualizado em 1 de outubro de 2025 • 19:37
Mercado de trabalho contribui para queda na confiança do consumidor em BH
Crédito: Diário do Comércio / Arquivo / Charles Silva Duarte

A confiança do consumidor de Belo Horizonte apresentou retração de 1,89% em setembro de 2025 frente ao mês anterior. O recuo está atrelado a uma piora na percepção da população com relação ao emprego, que segue perdendo fôlego no saldo com carteira assinada. Os dados, divulgados nesta quarta-feira (1º), constam no Índice de Confiança do Consumidor (ICC-BH), da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Fundação Ipead).

Em setembro, quatro dos seis componentes do índice apresentaram queda na Capital, com destaque para confiança em relação ao Emprego (-8,01%) e à Situação Financeira da Família Atual (-2,99%). Também desaceleraram o otimismo com a Situação Econômica do País (-0,91%) e à Situação Financeira da Família em Relação ao Passado (-0,17%).

Agora, o ICC-BH marca 41,55 pontos em uma escala que varia de 0 a 100, na qual 50 representa a linha divisória entre pessimismo e otimismo. No acumulado do ano, a queda da confiança do consumidor é ainda mais acentuada, somando 4,73%, enquanto nos últimos 12 meses o indicador acumula alta de 3,9%.

De acordo com o economista da Fundação Ipead Paulo Casaca o pico de empregabilidade no mercado de trabalho e a mão de obra disponível reduzida na capital mineira contribuíram para o pessimismo na percepção do consumidor. “Quando atingimos um patamar elevado em empregabilidade, a expectativa de melhorar a própria situação também tende a elevar, contribuindo para redução no otimismo”, explica.

Segundo o economista, a atual situação econômica no País, marcada pela elevada inflação e alta taxa de juros, segue reduzindo investimentos por parte das empresas, o que impacta significativamente nas contratações. Ele avalia que os contratantes, que agora lidam com taxas mais baixas de desemprego, começam a limitar novas contratações e não preveem uma margem de melhoria como nos últimos três anos.

Com o recuo no indicador de emprego, a tendência é que o consumidor de Belo Horizonte comece a se movimentar para buscar novas oportunidades ou para melhorar o rendimento no próprio emprego. “A percepção da população às vezes não se encaixa na realidade de quem oferta mão de obra e acaba gerando essa percepção negativa. Isso impacta nas possibilidades de oportunidades em um contexto de desaceleração na economia”, avalia Casaca.

Por outro lado, o indicador revela avanços na confiança quanto à Inflação (6,75%) e a Pretensão de Compra (3,68%). Para o economista, esses resultados sinalizam que, apesar das incertezas ligadas ao mercado de trabalho, há percepção mais favorável sobre a estabilidade de preços e uma disposição ligeiramente maior do consumidor para retomar a aquisição de produtos e serviços.

Preferência por consumo de maior valor agregado resgata otimismo

O levantamento da Fundação Ipead apresentou ainda os grupos de bens e serviços que o consumidor de Belo Horizonte planeja adquirir nos próximos três meses. No topo entre as preferências estão os setores de Vestuário e Calçados (21,10%), Móveis (8,26%) e Turismo (7,8%).

Segundo Casaca, o avanço em segmentos, como móveis e turismo é um reflexo de melhoria na renda da população, já que representa consumo de maior valor agregado em itens não essenciais como alimento e moradia. Com relação ao gênero, a proporção de mulheres com intenção de compra nos meses seguintes é menor em comparação à dos homens, 70,91% e 72,23%, respectivamente.

Para os próximos meses, o economista avalia que as expectativas são incertas, já que a percepção da população também é subjetiva e não envolvem apenas variáveis econômicas. Apesar disso, o otimismo deve ganhar força no último trimestre: período marcado pelas festas de fim de ano, pagamento do 13º salário e férias escolares.

“Esses eventos acabam gerando um certo otimismo na população e, com uma renda melhor neste ano que ano passado, acredito que possa haver uma melhora nos indicadores”, conclui.

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