Mudar marcas não é suficiente para equilibrar compras e consumidor troca de categoria

O consumidor brasileiro começa a mudar hábitos durante as compras no mercado neste ano em decorrência da inflação. Se no ano passado os consumidores optaram pela mudança de marcas, desta vez as pessoas têm intensificado a troca de categoria em busca de um preço mais acessível, como a substituição do café em pó pelo solúvel, por exemplo, aponta a NielsenIQ (NIQ), empresa especializada em comportamento de compra do consumidor.
Ao mesmo tempo que reorganiza a cesta de produtos consumida pela população, o novo comportamento surge como uma oportunidade de negócios para outros segmentos, como algumas farmácias que vendem produtos de suas próprias marcas.
O diretor de Atendimento ao Varejo da NielsenIQ, Domenico Tremarolli, explic que 77% das marcas que registraram crescimento nas vendas em 2024 estavam nos extremos da faixa de preço: ou eram marcas mais populares ou produtos premium. O dado mostra que o brasileiro havia adotado uma maneira de contrabalaçar as compras, em que mudava de marca para economizar com alguns produtos, enquanto gastava mais com outros.
Agora, o especialista aponta que, neste ano, em busca de um equilíbrio no orçamento familiar frente à inflação, sobretudo nos alimentos, o consumidor encontrou um “meio-termo”. Intensificou o hábito de mudança no consumo, em que não só troca de marca, bem como troca de categoria de produtos, algo observado em outros anos, mas sem ser tão significativo.
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“As pessoas mudavam de marca, agora estão mudando de categoria. Estão deixando de consumir café em pó para consumir café solúvel, que custa praticamente metade do preço. O hábito é praticamente o mesmo, mas o produto é completamente diferente, uma entrega diferente”, disse Tremarolli durante a 44ª Convenção Nacional e Anual do Canal Indireto, realizada pela Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad) em Atibaia (SP).
“Mudar de marca já não está sendo suficiente. O consumidor começa a mudar para uma categoria inferior, mas com preço muito mais acessível”, completou o executivo da NielsenIQ.
Ele destacou que os preços de 80% das categorias de consumo no Brasil aumentaram no ano passado e o movimento ainda continua – os custos de cerca de 78% dos produtos consumidos na cesta de produtos nacional subiram neste ano. Boa parte das categorias desses produtos tem observada uma menor penetração de compra nos lares brasileiros, já que os consumidores estão em busca do equilíbrio financeiro de uma nova forma.
A busca por um novo equilíbrio possibilita um crescimento das vendas no ramo farmacêutico, analisa Tremarolli, que trabalham com um portfólio de produtos mais sofisticados, mais exclusivos do segmento, ao mesmo tempo que algumas empresas do setor contam com marcas próprias, que oferecem a vantagem de preços mais competitivos para o consumidor.
“A marca própria na farmácia cresce muito e é um produto de qualidade com preço (competitivo). Então esse movimento favorece”, avalia.
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