Economia

Consumidores deixam de viajar para investir no mercado financeiro

Consumidores deixam de viajar para investir no mercado financeiro
Entre os consumidores que vão fazer compras, a maior parte vai usar o cartão de crédito | CRÉDITO: CHARLES SILVA DUARTE/Arquivo DC

A insegurança causada pela pandemia, pela  inflação de produtos básicos e pelos altos índices de desemprego vai fazer com que boa parte das famílias mineiras use o mês de julho para aplicar e investir o dinheiro, normalmente usado na compra de pacotes turísticos para o descanso das férias escolares de julho. 

A constatação foi feita por pesquisa realizada entre os dias 6 e 25 de junho pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Minas Gerais (FCDL-MG). Os pesquisadores ouviram 350 famílias em todo o Estado, constataram que 67,6% dos entrevistados pretendem usar o dinheiro que seria gasto com turismo em investimentos financeiros. 

“Entre os entrevistados,  67,6%  disseram que vão investir o dinheiro que normalmente seria utilizado na compra de pacotes turísticos. A grande maioria, 41,7% destes entrevistados deve fazer depósitos na poupança. E cerca de 30,0% disseram preferir aplicar seus  recursos em fundos de investimento”, explicou o economista da FCDL-MG, Vinícius Carlos Silva.

Cautela

Entre os 32,4% das famílias que pretendem investir o dinheiro em compras, conforme a análise da pesquisa, a maioria pretende adquirir itens de primeira necessidade, deixando o consumo supérfluo para outro momento. 

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Conforme os dados coletados neste estudo, 25,9% dos consumidores pretendem comprar alimentos, 18,5%  medicamentos, 14,8%  móveis e artigos de decoração e 11,1% vão investir na compra de vestuário.

“Com a insegurança causada pela pandemia, pelo cenário econômico e político nacional e pelos grandes índices de desemprego, as pessoas estão mais cautelosas. Estão praticando um consumo consciente, baseado na compra de produtos de primeira necessidade”, avaliou Silva.

Home Office

A inclusão da  compra de móveis e artigos de decoração, entre os itens classificados como consumo de primeira necessidade tem uma explicação. Segundo Silva, como a pandemia provocou o aumento do trabalho do tipo  home office e  com a tendência de manutenção de regimes híbridos de trabalho no período pós-pandemia, as pessoas estão investindo na compra de móveis que ajudem na adequação ao novo tipo de trabalho.

“Muitos vão comprar escrivaninhas, luminárias e outros itens que façam da casa, onde estão passando mais tempo, um lugar confortável, aprazível, em que seja possível conciliar a vida profissional à doméstica”, explicou.

Parcelamento em cartão de crédito deve ser feito com cautela

Entre as 32,4% de famílias mineiras que pretendem usar o mês de julho  para fazer compras, a maioria, cerca de 40,9%, deve usar o parcelamento em cartão de crédito como forma de pagamento. Outras 31,4% darão preferência ao pagamento feito à vista, com o cartão de débito.

O economista da FCDL-MG, no entanto, alerta para a necessidade de os consumidores ficarem atentos entre a diferença entre o pagamento à vista e os juros embutidos nas parcelas divididas pelo cartão de crédito.

“É preciso fazer as contas. Embora o cartão de crédito seja uma boa opção, liderando o ranking dos meios de pagamento, muitas vezes,um produto que custaria R$100, dividido em dez parcelas, passa a custar R$180, ou seja, quase o dobro”, explicou. 

Além disso, tal tipo de financiamento das compras deve levar em conta a capacidade orçamentária familiar em honrar o pagamento das parcelas divididas pelo cartão de crédito.

“É preciso comprar o que for prioritário. Quem faz compras de forma impulsiva, muitas vezes, deixa de investir em coisas básicas como educação e saúde e não consegue pagar as parcelas de produtos supérfluos. O momento é de  priorizar o essencial”, aconselhou.

Redução do auxílio emergencial

Outro fator que também pode explicar a  preferência dos consumidores mineiros pela compra de produtos de primeira necessidade foi a redução do valor e do número de famílias atendidas pelo auxílio emergencial,  No ano passado, esse benefício variou entre R$ 600 e R$ 1.200, mas no atual exercício está variando entre R$ 150 e R$ 375. 

“Embora tenha sido prorrogado, as famílias que recebem esta ajuda não têm como investir em viagens ou gastar com produtos que não sejam prioridade .O atual cenário é de insegurança e grande parte da população está consciente disso”, afirmou. 

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