Economia

Consumo de energia no mercado livre em Minas Gerais alcança 56% de participação da demanda

Dados da Abraceel mostram ainda que o número de unidades consumidoras no Estado também aumentou
Consumo de energia no mercado livre em Minas Gerais alcança 56% de participação da demanda
Foto: Reprodução Adobe Stock

O consumo mensal de energia elétrica no mercado livre expandiu sua participação em Minas Gerais. Enquanto em fevereiro do ano passado cerca de 52% do consumo total demandado no Estado vieram de unidades consumidoras livres, que negociam a eletricidade fora do ambiente de contratação regulado (ACR), este ano a participação alcançou 56% no mesmo período.

Os dados constam no Boletim Anual de Energia Livre da Associação Brasileiras dos Comercializadores de Energia (Abraceel) e mostram ainda que o número de unidades consumidoras também aumentou. Em fevereiro de 2024, eram 3.478 unidades consumidoras no mercado livre no Estado. No mesmo período deste ano, o número saltou para 5.501, alta de 45%.

Já na comparação com o mês imediatamente anterior, o número de unidades consumidoras em Minas Gerais teve alta de 4,8% em relação a janeiro. No primeiro mês do ano, o Estado possuía 5.247 unidades consumidoras no mercado livre de energia, saltando em fevereiro para as 5.501 já mencionadas.

Segundo o vice-presidente executivo da Abraceel, Frederico Rodrigues, o crescimento do mercado livre de energia no Estado foi puxado principalmente pelos consumidores do grupo A, ou seja, aqueles atendidos em média e alta tensão, que puderam migrar a partir de janeiro de 2024, por causa da Portaria 50/2022 do Ministério de Minas e Energia. A medida concedeu o direito dos consumidores do grupo em questão escolher o fornecedor de energia elétrica.

“Esse grupo tem pouco mais de 200 mil consumidores e os números ajudam a compreender o impacto que essa mudança proporcionou. O mercado livre de energia elétrica encerrou 2023 com pouco mais de 38 mil unidades consumidoras. Em 2024, ganhou 26 mil novas unidades, encerrando o ano com 64,5 mil aproximadamente de unidades consumidoras livres. Agora, continua crescendo e já está próximo de 70 mil”, diz Rodrigues.

O mercado mineiro segue a tendência nacional. Em todo o País, o mercado livre de energia ganhou 27.905 novas unidades consumidoras, marcando um crescimento de 67% em 12 meses. Agora, são 69.861 unidades consumidoras no Brasil, segundo os dados da Abraceel.

Tal aumento acabou propiciando alta também no consumo no mercado livre de energia elétrica. No Brasil, pela primeira vez, a demanda superou a marca de 30 mil megawatts (MW) em média e, em fevereiro deste ano atingiu a média de 32.165 MW. Um aumento de 15% no período acumulado de 12 meses. O valor representa 40% de toda a eletricidade consumida no País.

Rodrigues ressalta que como o acesso ao mercado livre está restrito a consumidores do Grupo A, a maior parte são empresas que consomem energia de média e alta tensão. Assim, os estados que possuem uma quantidade relevante de empresas nos setores industriais, comerciais e serviços tendem a se destacar como é o caso de Minas Gerais.

Em todo o País, conforme a Abraceel, o consumo total de energia elétrica aumentou 6% nos últimos 12 meses, evidenciando um crescimento maior do mercado livre.

Tendência é de manutenção do crescimento

Na avaliação de Rodrigues, a tendência de crescimento do mercado livre de energia deve continuar. “Conforme os consumidores de energia começam a conhecer melhor os benefícios e o funcionamento desse mercado e a possibilidade que eles têm em escolher o fornecedor, prazo de fornecimento, tipo de fonte energética que eles preferem, renovável ou não e várias outras flexibilidades, a perspectiva deste crescimento é continuar este ano”, diz.

Além disso, o vice-presidente da Abraceel ressalta que o projeto de lei encaminhado pelo Ministério de Minas Energia para a Casa Civil na semana passada, prevê a abertura do mercado para todos os consumidores. “Então, vai propiciar que todos os consumidores, de qualquer faixa tenham direito de escolha. A gente entende que isso é um aspecto fundamental para ter maior redução de preços e melhoria do serviço”, projeta.

Os dados da associação mostram ainda que, em fevereiro de 2025, Minas Gerais só perdeu em participação no ambiente de contratação livre (ACL) no consumo mensal de energia para o Pará, que está em 59%. Em seguida, dos dois estados, estão Maranhão (51%), Paraná (47%) e São Paulo (43%).

Em fevereiro de 2025, 93% do consumo industrial e 43% do consumo comercial de energia elétrica do País foram atendidos pelo mercado livre.

Mercado livre de energia absorve 68% da energia elétrica gerada por fontes renováveis

O mercado livre de energia no País também tem se destacado na utilização de fontes renováveis. Em fevereiro deste ano, o ACL absorveu 68% de toda a eletricidade gerada por fontes alternativas. Sendo 63% da energia eólica vendida, 96% da biomassa, 86% da energia solar, aqui desconsiderando a mini e micro energia solar distribuídas, e 57% da produção vendida das pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).

Grande parcela do consumo do mercado livre é atendido também por grandes hidrelétricas (UHEs), o que faz com que praticamente toda a matriz do ambiente livre seja renovável.

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