Economia

Conta de luz deve ficar sem taxas extras neste ano, aponta a ONS

Conta de luz deve ficar sem taxas extras neste ano, aponta a ONS
Crédito: Pixabay

São Paulo – O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, afirmou ontem esperar que a conta de luz dos brasileiros passe todo o ano de 2022 sem taxas extras para bancar usinas térmicas.

Já na segunda quinzena de abril a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adotará a chamada bandeira verde na conta de luz, depois de oito meses de vigência da bandeira de escassez hídrica, taxa extraordinária para cobrir o rombo gerado pela seca no setor.

Essa taxa extraordinária duraria até o fim de abril, mas o governo decidiu antecipar seu fim, alegando que os reservatórios foram recuperados com as fortes chuvas de verão e as medidas adotadas pelas autoridades do setor para poupar água durante a seca de 2021.

Ciocchi lembra que os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste terminam o período de chuvas no melhor nível desde 2012. Ontem, eles estavam com 65,14% de sua capacidade de armazenamento de energia.

As projeções do ONS indicam que, mesmo com chuvas semelhantes às de 2021, não perderiam tanta água em relação ao momento atual. Nesse cenário, o nível de armazenamento ao fim de novembro chegaria a 62,9%.

Mesmo considerando a média de chuvas de 2008, quando o fenômeno La Niña atrasou a chegada das chuvas de fim de ano, a situação é mais confortável do que a de 2021, com os reservatórios encerrando novembro com 39,6% da capacidade, o dobro do verificado no ano passado.

Por isso, a expectativa é que a geração térmica se limite a usinas inflexíveis, aquelas que não podem parar, disse o executivo. Essas usinas têm capacidade em torno de 4 mil MW, bem inferior aos mais de 20 mil MW demandados de térmicas nos piores momentos da crise de 2021.

“Teremos um ano bastante bom, bastante tranquilo, que não vai causar tanta dor de cabeça, tanta dor no bolso”, disse Chiocchi, em encontro virtual com a imprensa para falar do cenário do setor após o fim do período chuvoso.

Em 2021, a adoção da bandeira de escassez hídrica foi um dos vilões da inflação, que fechou o ano em 10,6%, a maior taxa anual desde 2015. A expectativa é que o fim da taxa extra ajude a aliviar o indicador, que hoje sofre com o mega-aumento nos preços dos combustíveis.

O diretor do ONS defendeu a manutenção dos contratos das térmicas emergenciais contratadas pelo governo no auge da crise, que custarão R$ 39 bilhões pelos próximos cinco anos. Essas usinas foram justificadas à época como necessárias para ajudar na recuperação de longo prazo dos reservatórios.

“Na hora que tomamos a decisão [pela contratação] existia uma incerteza muito grande. Tínhamos duas escolhas: o arrependimento de contratar e o arrependimento de não contratar”, afirmou. “A decisão acertada, a meu ver, foi contratar”. 

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