Contratação de temporários deve crescer 20% no segundo semestre

A retração econômica causada pela crise sanitária e pela alta da inflação não deverá afetar a contratação de trabalhadores temporários nos setores de comércio e serviços no segundo semestre de 2021. Em Minas Gerais, a abertura de vagas deve superar em 20% o resultado do exercício anterior. O dado é da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) Regional Minas Gerais.
Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que, no cenário nacional, a estimativa é de que as vendas de Natal aumentem 3,8% em relação à mesma data do ano passado, com expectativa de contratação de 94,2 mil trabalhadores temporários para atender ao aumento sazonal das vendas neste fim de ano. Uma vez confirmada a previsão da entidade, o varejo brasileiro produziria a maior oferta de trabalho temporário desde o Natal de 2013, quando foram abertos 115,5 mil postos de trabalho com essas características.
“Estamos com uma demanda reprimida do comércio varejista. A indústria está produzindo para as vendas do Dia das Crianças, Black Friday e a data mais importante que é o Natal e, por isso, as contratações temporárias são de extrema importância para o atendimento dessa demanda”, explica a diretora da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) Regional Minas Gerais, Mara Bonafé.
Conforme dados da pesquisa da CNC, Minas Gerais deverá disponibilizar 10,67 mil vagas temporárias. “O comércio e o setor de serviços como um todo estão apostando neste final do segundo semestre. Apesar da inflação reduzir o consumo das famílias, esses períodos sazonais são aguardados para que a população realize as compras necessárias e com preços mais baixos e, para esse atendimento, é preciso ter funcionários, seja no presencial, on-line, mas também na entrega e distribuição. Há vários setores que podem surgir com oportunidades para funcionários temporários”, reforça Mara Bonafé.
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A estimativa da Asserttem Regional Minas Gerais sobre o cenário nacional é de que nos próximos meses poderão ser geradas mais de 565 mil vagas temporárias, frente às 400 mil de 2020.
Crédito – A despeito do patamar elevado da inflação e do encarecimento do crédito às famílias, a pesquisa detalha que o avanço no combate à pandemia por meio da ampliação da vacinação tem garantido o aumento da circulação dos consumidores nos estabelecimentos comerciais e, consequentemente, avanços sucessivos nas vendas desde o arrefecimento da segunda onda da pandemia a partir de abril deste ano.
Maiores demandas
Os maiores volumes de contratações deverão ser nos segmentos de vestuário, com 57,91 mil vagas, e de hiper e supermercados, 18,99 mil. “Dentre os dez segmentos do varejo, as lojas de vestuário, acessórios e calçados são, historicamente, os mais positivamente afetados pelas vendas natalinas. Enquanto o faturamento do varejo cresce em média 34% na passagem de novembro para dezembro, no segmento de vestuário o faturamento costuma subir 90%”, complementa Mara Bonafé.
Mara Bonafé esclarece que os funcionários temporários têm os mesmos direitos trabalhistas que os efetivados. “A única diferença é que quando o contrato é encerrado, os trabalhadores não têm acesso ao seguro-desemprego e nem à multa de 40% do fundo de garantia”.
Para os interessados nas vagas, Mara Bonafé reforça que ainda dá tempo de investir em qualificação. “Vale a pena reciclar, preparar e aprimorar os conhecimentos para que possa concorrer a uma vaga e, quem sabe, ser efetivado”, defende.
Inflação derruba confiança do consumidor
São Paulo – A confiança dos consumidores brasileiros recuou ao menor patamar em cinco meses em setembro diante de temores inflacionários, risco de crise energética e crescentes incertezas econômicas e políticas, de acordo com dados da Fundação Getulio Vargas.
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da FGV, divulgado na sexta-feira (24), teve queda de 6,5 pontos neste mês, a 75,3 pontos, mínima desde abril de 2021 (72,1 pontos).
Esse resultado, disse em nota a coordenadora das sondagens, Viviane Seda Bittencourt, confirma a interrupção da tendência de recuperação da confiança iniciada em abril, na esteira da segunda onda de Covid-19.
“A queda foi determinada pela combinação de fatores que já vinham afetando a confiança em meses anteriores, como a inflação e desemprego elevados, e de novos fatores, como o risco de crise energética e o aumento da incerteza econômica e política”, explicou Viviane Bittencourt.
Ela acrescentou que o pessimismo está bastante disseminado entre todas as faixas de renda, embora se destaque entre as famílias de menor poder aquisitivo.
No mês, o Índice de Situação Atual (ISA) caiu 1,0 ponto, a 68,8 pontos, mínima desde maio passado (68,7). Já o Índice de Expectativas (IE) teve queda mais expressiva, de 9,8 pontos, a 81,1, menor nível desde abril de 2021 (79,2).
Segundo a FGV, o componente das expectativas que mais influenciou a queda do índice geral de confiança foi o que mede as perspectivas em relação à situação da economia. O indicador despencou 14,3 pontos, a 97,5 pontos, mínima desde março deste ano (92,1).
“A fragilidade da confiança dos consumidores tem sido marcada pela grande distância em relação à confiança empresarial e pela alta sensibilidade a qualquer novo fator, tornando muito difícil a antecipação de alguma tendência para os meses seguintes”, completou Viviane Bittencourt. (Reuteres)
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