SomosCoop quer valorizar cooperativismo
Uma forma transformadora de negócios responsável direta pelo desenvolvimento econômico e social de boa parte do País. Isso é o cooperativismo, cuja importância para a sociedade e sua presença no dia a dia muitas vezes passa despercebida.
Para mudar este cenário foi criado o movimento SomosCoop, que vem propondo ações para valorizar este sistema.
O SomosCoop surgiu a partir do objetivo do Sistema OCB (Organização das Cooperativas do Brasil) de promover o cooperativismo. “A partir de pesquisa interna, foi possível constatar que o que já era percebido por muitos, ou seja, que poucos brasileiros sabem o que é o cooperativismo. A decisão estratégica foi por criar uma marca nacional para valorizar o movimento e melhorar o entendimento e a visibilidade do cooperativismo no País”, afirma a gerente de Marketing e Comunicação do Sistema OCB, Samara Araujo.
Segundo ela, o SomosCoop vai além de uma simples campanha de comunicação e é a marca de um movimento. “Ele é articulado, colaborativo, inspirador e representa o propósito de muitas pessoas ao defender uma causa, que é a causa do cooperativismo. O SomosCoop nasceu com objetivo de despertar o orgulho de ser cooperativista e conectar pessoas que acreditam na força de trabalhar junto para tornar o cooperativismo conhecido e reconhecido na sociedade”, disse.
O SomosCoop é uma marca criada pelo Sistema OCB, porém ela pode ser utilizada por todo ecossistema cooperativista no Brasil. Toda cooperativa registrada no sistema pode carregar em suas expressões o orgulho de ser “coop”.
O movimento mostra que o cooperativismo pode trazer vantagens para todos. O modelo traz impactos positivos para quem produz, para quem vende, para quem trabalha e para quem consome produtos e serviços com preço justo e responsabilidade socioambiental.
“O SomosCoop é essencialmente um movimento de valorização do cooperativismo, uma iniciativa de comunicação para tornar o nosso setor mais conhecido e reconhecido pela sociedade. Sabemos o quanto o Coop entrega qualidade, sustentabilidade, colaboração e inovação, e queremos ampliar o entendimento da sociedade nesse sentido”, afirma o presidente do Sistema Ocemg, formado pela junção do Sindicato e da Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg), Ronaldo Scucato.
Um caminho possível
“O cooperativismo pode ser visto como um caminho possível para conciliar o desenvolvimento econômico e social com produtividade e sustentabilidade. Ao ter o capital humano no centro da estratégia, caminha-se na direção de uma economia circular, colaborativa e sustentável, demandada pelos novos tempos”, afirma o diretor-presidente da Unimed-BH, Frederico Peret.
Ele lembra que, além de gerar impacto econômico positivo, o modelo cooperativista pode melhorar também os indicadores sociais que transformam o cotidiano, com impactos positivos na reputação da marca, gerando um círculo virtuoso de crescimento.
A Unimed-BH é um dos exemplos de como o cooperativismo está presente em nossa vida cotidiana. Referência quando o assunto é saúde, a cooperativa médica conta com mais de 1,5 milhão de clientes, sendo responsável por 54% do mercado em que atua.
Além disso, a Unimed-BH tem 5.264 médicos cooperados, 12 unidades próprias e está presente em 34 municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Para Peret, o cooperativismo é responsável direto por estes números significativos registrados pela Unimed-BH.
“O modelo de participação democrática do cooperativismo, aliado ao seu modelo financeiro de reinvestir a receita na própria cooperativa e distribuí-la de forma igualitária entre os sócios, é um fator que movimenta todos em prol do mesmo objetivo, que é o crescimento e a busca por melhores resultados”, disse.
Mesmo com o desafiador cenário do setor de saúde suplementar, a solidez da cooperativa se reflete nos seus resultados econômico-financeiros. Em 2022, a cooperativa fechou o ano com R$ 5,48 bilhões em contraprestações efetivas (que correspondem à receita líquida), um aumento de 12,6% em relação a 2021, quando a cooperativa registrou R$ 4,86 bilhões.
Potência dos transportes
Em Minas Gerais, são centenas de exemplos de cooperativas que prosperaram e, com isso, impactaram de forma positiva a vida de milhares de pessoas.
A Cooperativa dos Transportadores Autônomos de Cargas e Passageiros (Coopmetro) foi criada em 1999 e nasceu como caminho para organização, profissionalização e liberdade de transportadores autônomos que buscaram, neste modelo societário, condições para exercerem sua profissão de forma digna e economicamente viável. “A partir da união desses transportadores por meio da cooperativa, estávamos habilitados para atender o mercado de fretes e oferecer segurança jurídica, maior eficiência produtiva e preços justos”, afirma o presidente da Coopmetro, Marcos Leisson Alves.
Mais de duas décadas depois, a Coopmetro, criada em Pará de Minas e com sede administrativa em Contagem, conta com 4.032 cooperados. São 32 unidades, entre matriz, filiais e pontos de atendimento distribuídos em várias localidades do Brasil.
Entre motoristas, ajudantes, manobristas, operadores de carga e setores administrativos são 6.400 trabalhadores ligados diretamente nas operações.
“Pelo lado mercadológico, o modelo do cooperativismo de transporte vem ganhando cada vez mais espaço na nossa sociedade pela dinâmica jurídica e operacional sustentável da operação. No modelo cooperativo, o próprio cooperado é o dono da cooperativa e ele mesmo exerce o papel de transportador.
E essa condição de empreendedor resulta em uma melhor prestação de serviço no dia a dia. Tudo isso resulta em melhores resultados para os clientes e cooperados, pois elimina o atravessador dessa operação”, afirma Alves, apontando as vantagens de atuar no segmento de transporte por meio de uma cooperativa.
De acordo com o diretor-presidente da Coopmetro, o modelo cooperativo potencializa as oportunidades para atuação no transporte, principalmente no tocante a possibilidade de acesso ao mercado de fretes com segurança jurídica, redução de custos de insumos a partir da estratégia de compras coletivas entre os cooperados por meio da cooperativa.
Cooperativismo torna o pequeno produtor em player do mercado
Entre os setores que o cooperativismo é mais disseminado é o agronegócio. Este modelo é responsável por boa parte da movimentação econômica, com inúmeros exemplos de como uma cooperativa pode mudar vidas.
No Sul de Minas, a Cooperativa Agrária de Machado (Coopama) reúne aproximadamente 3.500 cooperados, onde 70% são considerados pequenos produtores, que trabalham em sistema de agricultura familiar.
“Possuímos uma estrutura em produtos e serviços para atender o produtor rural. Desde a comercialização de insumos, sementes, tratores e máquinas, até a armazenagem e comercialização da produção dos cooperados, como café, milho e soja. Além disso, ofertamos assistência técnica agronômica”, explica a coordenadora de Marketing da Coopama, Aline Borges.
Estes produtores, na maioria da agricultura familiar, além de exportar seus produtos para 11 países e vender alguns itens no varejo, como café e botinas, contam com uma moderna fábrica de alimentação animal. A planta tem capacidade produtiva de 1.300 toneladas mensais. Algo impensável se não fosse o modelo do cooperativismo.
Cooperativas de crédito oferecem custo menor para os cooperados
Para financiar tanto as atividades das cooperativas quanto da sociedade em geral, as cooperativas de crédito vêm ganhando mercado em Minas e no Brasil. Dados do Anuário 2023, divulgado na semana passado pelo Sistema Ocemg, mostram que este ramo foi responsável por movimentar R$ 54,7 bilhões em 2022.
Na região Centro-Oeste de Minas, um exemplo de como este ramo é importante para o desenvolvimento socioeconômico do Estado é a Cooperativa de Crédito de Livre Admissão da Região Central e Oeste Mineiro (Sicoob Divicred).
A cooperativa conta uma Unidade de Investimento Social dedicada para elaborar e monitorar projetos de empreendedorismo, formação e educação de seus cooperados, além de ações para promoção do desenvolvimento da sociedade.
O Sicoob Divicred foi criado em 8 de maio de 1997 e conta com 32.429 cooperados. “A cooperativa atua na busca por justiça social e financeira, possuindo instalações em diversas partes de Minas Gerais e São Paulo”, afirma o gerente de Investimento Social e Estratégico da cooperativa, Vagner Gualberto Jr.
Atualmente, a cooperativa conta com 32 instalações distribuídas pelos dois estados. O Sicoob Divicred tem expectativa de expandir seus espaços, além de já possuir um projeto para a nova Sede Administrativa da cooperativa.
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