Economia

Cooperativas de crédito ganham escala em Minas e no Brasil com foco no atendimento

Fora das capitais e regiões metropolitanas a incidência das cooperativas como banco principal de pessoas jurídicas já atinge os 14%
Cooperativas de crédito ganham escala em Minas e no Brasil com foco no atendimento
Crédito: Adobe Stock

As cooperativas de crédito, instituições sem fins lucrativos que oferecem produtos e serviços financeiros, alcançaram mais de 19 milhões de cooperados no Brasil, o equivalente a 9% da população brasileira. O segmento registra uma alta de 64% quando comparado aos 11,6 milhões de cooperados que existiam em 2019.

Apenas em Minas Gerais são 182 cooperativas de crédito atuando, que contam com 2,7 milhões de cooperados e geram 18,4 mil empregos no Estado.

Embora o número de cooperativas tenha caído 12% nos últimos quatro anos no País, atualmente existem 768 cooperativas e, aproximadamente, 70% delas se organizam em sete principais sistemas que concentram 93% dos cooperados, segundo levantamento da empresa de consultoria e gestão, Bain & Company.

Na análise da consultoria, as cooperativas representam 6% da carteira de crédito ativa do Brasil e continuam crescendo de forma acelerada. Entre 2019 e 2023, registraram uma taxa de crescimento anual composta de 27%, o que representa uma alta de duas vezes acima do restante do setor.

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Além disso, as cooperativas conseguiram sustentar um crescimento de margem sobre intermediação financeira de aproximadamente 20% ao ano nos últimos 5 anos, quatro vezes acima do restante do setor.

Segundo o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, o cooperativismo de crédito tem avançado em Minas, no Brasil e no mundo em função do seu modelo de negócios inclusivo, no qual cada membro é também dono do negócio.

“De forma geral e, especialmente, em função dos resultados contundentes demonstrados pelo setor nos últimos anos, tivemos um aumento substancial de cooperados, o que demonstra a confiança das pessoas nas cooperativas. Hoje são 785 empreendimentos cooperativos em Minas Gerais, sendo 182 de crédito”, destaca.

De acordo com Scucato, o aumento real em Minas Gerais foi de 76% no número de cooperados em cinco anos somente no segmento do crédito.

“Nosso Estado é referência quando o assunto é cooperativismo e os números refletem a pujança de um setor que promove inclusão financeira, desenvolvimento econômico e social para a sociedade. Vale destacar que as cooperativas de crédito são a única instituição financeira em 78 municípios mineiros e que tem demonstrado grande eficiência no mercado, muito em função do seu atendimento personalizado e de suas boas práticas de gestão e governança”, explica.

Sede Sicoob
Sede do Sicoob em Belo Horizonte. Foto: Divulgação Sicoob

Segundo dados do Anuário do Cooperativismo Mineiro 2024, o desempenho geral do cooperativismo de crédito no Estado foi bastante positivo, com elevado crescimento em número de cooperados, empregados, movimentação econômica e ativos totais.

“Esse resultado permitiu alcançar R$ 2,2 bilhões em sobras distribuídas entre os cooperados em 2023 – um grande diferencial competitivo em relação às instituições financeiras tradicionais. Vale ressaltar também o avanço do setor no âmbito digital, aumentando o número de cooperados mais jovens e ampliando a escala de negócios”, afirma Scucato.

Estudos recentes realizados pelo Sistema OCB, em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), comprovam os impactos significativos das cooperativas de crédito no Brasil.

A presença dessas instituições nos municípios contribui para um incremento de R$ 3,9 mil no Produto Interno Bruto (PIB) por habitante, gera 25,3 empregos formais por mil habitantes e acrescenta R$ 506,6 por habitante em arrecadação federal. No agronegócio, há um aumento de produtividade de até R$ 1.371 por hectare”, enumera Scucato.

A cada R$ 1 em crédito concedido, há um impacto agregado de R$ 2,56 na economia brasileira, gerando 1,2 milhão de postos de trabalho. Para cada R$ 1 milhão em crédito concedido ou gasto, são criados 22,8 empregos formais, reforçando o papel das cooperativas na geração de emprego e renda no Brasil, salienta o dirigente do Sistema Ocemg.

“As cooperativas de crédito vão além de uma alternativa financeira, são solução para prosperidade e justiça social no País, visto que promovem com excelência o desenvolvimento econômico e social. Em Minas Gerais, o Sistema Ocemg está comprometido em fortalecer esse modelo de negócios, ampliando ainda mais esse impacto positivo na sociedade e criando um futuro mais próspero e inclusivo para todos”, reforça.

O diretor executivo do Sicoob Central Crediminas, Elson Rocha Justino, comenta que o crescimento das cooperativas de crédito é significativo nos últimos anos, como apontam também o Anuário do Sistema OCB e o Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo do Banco Central (Bacen) sobre o cooperativismo de crédito.

“Essas avaliações evidenciam não apenas o aumento no número de cooperados e crescimento do setor, mas também o fortalecimento das cooperativas como instituições financeiras relevantes, com uma crescente participação no mercado e uma importante função na inclusão financeira”, destaca.

Ainda de acordo com Justino, a adoção de cooperativas de crédito como principal instituição financeira tem experimentado um crescimento notável. “Nas cooperativas filiadas ao Sicoob Central Crediminas, por terem sua origem ligada ao agronegócio, percebemos isso de forma clara junto ao produtor rural e avanços recentes significativos junto à Pessoa Jurídica (PJ) e à Pessoa Física (PF)”, avalia.

O diretor aponta que o crescimento das cooperativas de crédito pode ser atribuído a diversos fatores estratégicos como o atendimento personalizado e a capacidade de oferecer soluções financeiras mais vantajosas, adaptadas às necessidades locais dos cooperados.

“Além disso, investimos em inovação tecnológica e na expansão das redes, tanto físicas quanto digitais, facilitando o acesso e a fidelização de clientes em regiões onde os grandes bancos muitas vezes não alcançam. Nesse sentido, no caso do Sicoob, somos hoje a maior rede física de atendimento em todo o País, considerando todo o Sistema Financeiro Nacional, com mais de 4 mil agências em todos os estados da federação”, pontua.

Justino ressalta ainda que, em 406 municípios mineiros, o Sicoob é a única instituição financeira. “Especialmente em Minas, 206 municípios contam apenas com a presença de cooperativas filiadas ao Sicoob Central Crediminas. Esse modelo, centrado no cooperado e na comunidade, tem mostrado ser uma alternativa sólida e sustentável, promovendo a inclusão financeira e o fortalecimento das economias locais, o que tem sido mais facilmente percebido também pela sociedade em geral”, diz.

O diretor explica que as cooperativas de crédito no Brasil têm se organizado em sistemas para ganhar escala e aumentar sua eficiência. “Esta organização permite que as cooperativas compartilhem recursos, conhecimentos e melhores práticas, além de oferecer uma gama mais ampla de serviços financeiros aos seus cooperados”.

Ao centralizar processos operacionais, como a gestão de tecnologia, marketing, finanças, planejamento, entre outros, as cooperativas podem reduzir custos e otimizar suas operações, tornando-se mais competitivas.

“A intercooperação, ou seja, a atuação conjunta com cooperativas, seja do mesmo segmento ou de outros ramos, bem como as parcerias estratégicas estabelecidas com outras instituições e organizações, contribuem para expandir a entrega de valor das cooperativas aos seus associados e sociedade”, conclui.

Veja cinco pontos que explicam o crescimento das cooperativas de crédito

  1. Relacionamento próximo: Alta capilaridade e presença em regiões do interior e de menor densidade; proximidade do cliente e senso de pertencimento e comunidade; flexibilidade de atuação na ponta
  2. Vantagens do cooperativismo: discurso comercial explorando benefícios do cooperativismo como distribuição das “sobras” e taxas atrativas
  3. Diminuição do gap digital e alavancagem do canal humano: melhora da experiência digital aliada a uma excelente experiência pessoal e na agência
  4. Fechamento do gap de produtos: oferta de cooperativas evoluíram de maneira significativa nos últimos anos e já se aproxima da oferta de bancos para clientes PF e PJ
  5. Consolidação: movimentos de incorporação das cooperativas singulares geram mais competitividade e escala

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