Cooperativismo gera 12% do PIB estadual

As cooperativas mineiras movimentaram R$ 93,5 bilhões em 2021, um crescimento de 27,4% em relação ao exercício anterior (R$ 73,4 bilhões). A cifra corresponde a aproximadamente 12% do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais. Os dados fazem parte do Anuário de Informações Econômicas e Sociais do Cooperativismo Mineiro – 2022, divulgado ontem pelo Sistema Ocemg, que reúne o Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo de Minas Gerais (Sescoop-MG).
“Muito me orgulha em afirmar, mais uma vez, que estamos crescendo e desenvolvendo a economia em todo o Estado”, celebrou o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, ao apresentar o anuário com os dados que, segundo ele, justificam a aceleração e o desempenho do setor na conjuntura.
O anuário contém as informações econômicas e sociais preliminares do cooperativismo mineiro com base em 2021, trazendo comparativos com 2020.
“Nós crescemos em todos os critérios. O nosso número de cooperados, por exemplo, saltou de 2,1 milhões para 2,4 milhões em Minas. O contingente de pessoas empregadas pelas cooperativas avançou de 47,5 mil para 51 mil. E no caso da nossa variação econômica, nós acompanhamos uma mudança de R$ 73,4 bilhões para R$ 93,5 bilhões em 2021”, detalhou Ronaldo Scucato.
Segundo ele, essa cifra representa um crescimento de 27,4%, o que corresponde a aproximadamente 12% de todo o PIB produzido por Minas Gerais.
Um raio-X
O Sistema Ocemg é formado por 800 cooperativas mineiras. Destas, 653 responderam à pesquisa de coleta de dados do setor. Esses ramos são segmentados em Agropecuário, Consumo, Infraestrutura, Transporte, Saúde, Crédito, além do segmento intitulado de Trabalho, Produção de Bens e Serviços. A pesquisa apontou que 84,9% das cooperativas mineiras pertencem aos ramos Agropecuário, Transporte, Crédito e Saúde.
Numa perspectiva macro, a participação dos entrevistados compreendeu 80% da rede de cooperativismo no Estado, dentre elas pequenas, médias e grandes cooperativas.
Os propósitos da entidade com a pesquisa giram em torno da necessidade de apresentar as novas tendências do setor com os principais dados econômicos, financeiros e sociais das cooperativas mineiras, além de ser fonte para consultas técnicas de mercado e pesquisas acadêmicas.
Empregos
O setor contou em 2021 com 50.956 postos de trabalho, registrando uma variação positiva de 7,5% em relação a 2020. Somando as contratações diretas e indiretas, são 58.935 colaboradores. Já 7.979 são profissionais terceirizados.
Agropecuária e crédito são destaques
O ramo do cooperativismo agropecuário promoveu serviços de atividades agropecuárias, extrativista, agroindustrial, aquícola ou pesqueira com uma movimentação de R$ 36 milhões na economia, com destaques para a produção de café (58,7%), borracha natural (48,8%), algodão (41,6%), alho (25,5%), cenoura (21,6%) e trigo (15,8%).
Na produção pecuária, o leite (22,4%) obteve vantagem em comparação com os produtos suínos (8,6%) e própolis in natura (7,8%).
Para Ronaldo Scucato, o agro é o alicerce do País. “No início da Ocemg, a nossa atuação começou com o agro, e as atividades agropecuárias merecem o reconhecimento das autoridades públicas do Brasil, pois tudo começa por ele. É o ramo que alimenta os brasileiros e é também um dos maiores exportadores de produtos mundialmente”, observou.
Já o cooperativismo de crédito registrou grande relevância com a movimentação de R$ 43,1 bilhões. Em Minas, as cooperativas de crédito estão localizadas em 607 municípios, com 1.350 postos de atendimento. Para 64 municípios do Estado, os atendimentos de crédito são realizados unicamente por cooperativas.
Em relação ao cooperativismo de saúde, o Estado conta com 124 cooperativas do ramo, das quais 67 são unidades Unimed e 11 pertencem à marca Uniodonto. Já as outras 46 cooperativas são de diversas especialidades, tais como anestesiologia, enfermagem, fisioterapia, cirurgia, serviços médicos, entre outras. A movimentação econômica deste segmento foi de R$ 12,1 bilhões entre 2020 e 2021.
Em transporte, a solução ofertada é a possibilidade de organização e valorização profissional dos pequenos e médios transportadores, donos de seus veículos, contando com melhor remuneração. O modelo societário para o perfil de transporte de cargas, transporte individual ou coletivo de passageiros teve impacto econômico de R$ 1,9 bilhão, com a oferta de 1,8 mil empregos diretos.
Destaque nacional
Para a economista Rita Mundim, Minas Gerais se destaca nacionalmente na economia, pois conta com um importante crescimento do cooperativismo. “Nós estamos num Estado pró-cooperativismo e isso tem influenciado para que esses números tivessem uma robustez. Eles transmitem confiança e seriedade ao crescimento do nosso setor”, disse.
“O cooperativismo é a face humanitária do agronegócio, da saúde, do crédito, do transporte, e dos outros ramos que fazem parte. As cooperativas estão no mercado fazendo negócio e é uma forma de cooperar para pessoas e com as pessoas. Pois todos merecem o nosso respeito”, reiterou o presidente da Ocemg, Ronaldo Scucato ao refletir sobre a importância do intercooperativismo mineiro diante de contextos de sustentabilidade e humanização.
DC Responde:
Qual a diferença de uma agência bancária para uma cooperativa de crédito?
Nas instituições bancárias, os donos e gestores visam ao lucro, e este mesmo lucro é obtido pela realização de transações bancárias de seus clientes. Já nas cooperativas de crédito, não existem clientes, apenas os sócios.
Para ser um cooperador, é necessário um investimento inicial que varia no mercado. Ao se tornar um cooperador, automaticamente o interessado se torna um sócio, em que pode participar das decisões e reuniões periódicas, recebe formação educativa sobre o setor e a responsabilidade de acompanhamento. Outras vantagens são o poder de votação para dirigentes e o direito sobre os lucros obtidos de forma justa, democrática, de acordo com o número de movimentação em conta corrente.
Em caso de falência, a cooperativa deve contar com um seguro bancário para que os seus associados possam receber a cobertura.
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