Economia

À espera da privatização, Copasa mira inovação e diversificação de receitas

Parceria com a Fiemg estreitará conexão com startups para soluções em comunicação com o usuário, resolução de problemas internos e reaproveitamento de rejeitos
À espera da privatização, Copasa mira inovação e diversificação de receitas
Presidente da Copasa, Fernando Passalio assinou ontem parceria com hub Fiemg Lab, no P7 Criativo | Foto: Diário do Comércio / Leonardo Morais

Com a privatização esperada até o fim do primeiro trimestre de 2026, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) projeta atrair startups para diversificar a receita. Nesse sentido, a companhia fechou parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), por meio do hub Fiemg Lab, reforçando a aproximação com o ecossistema de inovação.

A estratégia amplia o acesso a centenas de startups com potencial de apoiar soluções de alto impacto a serem desenvolvidas, especialmente no campo do saneamento. A partir da parceria, firmada nesta segunda-feira (6), no P7 Criativo, sede do Fiemg Lab, são esperadas transformações no campo da comunicação com o usuário, resolução de problemas internos e soluções para reaproveitamento de rejeitos.

O presidente da Copasa, Fernando Passalio, avalia que a companhia precisa, cada vez mais, de agilidade e modernidade nos processos, embora encontre eventuais travas por se tratar de uma empresa pública. “Enquanto estatal, vamos até onde a gente pode, com limite de contratações. Em uma eventual privatização, o limite passa a ser o céu”, destaca.

Se concretizada a privatização no próximo ano, o gestor considera que a parceria entre Copasa e Fiemg ganhará mais abertura, com possibilidade de gerar ainda mais receita. “Teremos ainda mais abertura para que o setor de startups possa encontrar na Copasa um palco de oportunidades”, acrescenta.

Dentre as soluções em desenvolvimento, a companhia destaca a parceria com a Aperam para a fertilização de eucaliptos com água de reúso proveniente do esgoto. A Copasa também aposta no aproveitamento do lodo e de rejeitos das estações de água e esgoto, que poderão ser utilizados para geração de energia, uma iniciativa que representa uma nova fonte potencial de receita para a empresa.

Também presente ao evento, o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, pontua que a entrada da Copasa é um divisor de águas para o ecossistema de inovação da federação, hoje considerado o melhor hub para startups do País. “Com a Copasa entrando, o projeto ganha ainda mais musculatura, capaz de oferecer trocas relevantes que beneficiem ambos os lados”.

Para o dirigente, a relação tem tudo para ampliar possibilidades, tanto para startups quanto para a estatal, um modelo considerado moderno e mais eficaz do que um próprio departamento de inovação. “As grandes empresas são mais lentas, morosas e têm maior dificuldade de lidar com inovação e as startups são empresas que são criadas pensando em versatilidade. Essa troca é relevante e tem tudo para somar”, afirma.

Passalio: “Privatização pode acelerar universalização do saneamento”

Em Minas Gerais, a universalização do saneamento básico até 2033 representa um dos maiores desafios de infraestrutura do Estado. A meta, estabelecida pelo novo marco legal do setor, prevê que 99% da população tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento de esgoto.

Apesar dos avanços recentes, especialmente nas regiões metropolitanas, o Estado convive com desigualdades entre áreas urbanas e rurais, onde o acesso aos serviços é ainda limitado. O cumprimento das metas com prazo estipulado é avaliado como desafiador, por exigir investimentos robustos e maior eficiência a partir de uma estrutura considerada burocrática.

Segundo Passalio, procedimentos típicos de empresas estatais como licitações, auditorias, prestação de contas e aprovação de gastos travam processos e postergam avanços rumo à universalização. “Com a privatização da Copasa, ela chega mais fácil, já como estatal temos um grande desafio”, ressalta.

Como exemplo, ele cita cidades que aguardam por obras de saneamento, cuja licitação de obras está na Justiça. “O tempo urge até 2033. Estamos em busca de levar agilidade e dinamismo no processo”, conclui.

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