Cotação do minério de ferro deve cair 34,1% em 2022

A balança comercial de Minas Gerais deve ser afetada com a queda nos preços de alguns de seus principais itens no próximo ano, entre eles o minério de ferro, devido a uma baixa demanda, principalmente no mercado chinês, e a uma readequação das cotações de commodities no mercado internacional. As projeções são da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
De acordo com a entidade, o minério de ferro, que responde pela maior parte das exportações do Estado, deve registrar uma queda de 34,1% na cotação internacional no próximo ano. As projeções apontam que a tonelada da commodity deve ser negociada a US$ 85 em 2022, contra US$ 129 neste ano.
O consultor de negócios internacionais da Fiemg, Alexandre Brito, explica que um dos entraves para a exportação do minério de ferro, em 2022, é a estabilidade do mercado imobiliário chinês. ‘’A demanda por imóveis está baixa na China. Tem empresas que compram o nosso minério, produzem aço e revendem para a construção civil. Isso, aliado à oferta muito grande de minério por aqui, pode representar queda nas exportações’’, diz.
Segundo o consultor, as previsões sobre exportações levam em conta tendências, mas sempre há um pouco de especulação. ‘’O minério é nosso campeão de exportação, mas temos que analisar também como serão as vendas de outros produtos mineiros, como o café, aço, ouro, produtos químicos, ferro-ligas, soja, carnes, açúcar para ver realmente como serão as exportações do Estado’’.
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De acordo com as projeções da AEB, o preço médio da carne bovina deverá apresentar um recuo de 6,4% no próximo ano. A tonelada passará de US$ 5.130 para US$ 4.800.
Outros itens importantes que devem ter redução de preço são o açúcar, com queda de -0,9% (US$ 333 em 2021 e US$ 330 em 2022), e o farelo de soja, que deverá cair de US$ 447 para US$ 430 (-3,8%).
Por outro lado, haverá elevação do preço da tonelada da soja em grão, passando de US$ 447 em 2021 para US$ 500 em 2022, alta de 11,8%. O café vai se valorizar 14,3%, com a tonelada passando a custar US$ 2.800 no ano que vem, contra US$ 2.500 no atual exercício.
Para o presidente-executivo da AEB, José de Augusto de Castro, vários fatores vão provocar impacto negativo no comércio exterior no ano que vem. ‘’A Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento) indica queda do comércio mundial; as commodities estão com preços elevados e devem cair. Minério, petróleo e soja não terão quedas abruptas, mas vão fazer com que as exportações caiam’’, afirmou. José Augusto de Castro relata que também vão atrapalhar o comércio a nova variante do coronavírus (Ômicron); as crises hídricas e energéticas na China; a crise hídrica no Brasil, que está provocando alta das importações; as eleições presidenciais, a inflação e seu impacto na economia, e a alta dos juros.
Apesar de todas as incertezas, em 2022, a soja voltará a ser o produto líder de exportação do País, com US$ 45 bilhões, o que será novo recorde. Em 2022 as vendas de soja para o mercado externo devem atingir 90 milhões de toneladas, ante 85 milhões em 2021.
Recuperação chinesa e atrasos na cadeia de fornecimento
Por outro lado, Brito, da Fiemg, afirma que já há sinais de recuperação da economia mundial, a começar pela China. ‘’As previsões são razoáveis, menores que a esperada, mas a economia deve crescer’’. Ele diz que isso vai depender muito da organização da cadeia de fornecimento de produtos e insumos, no mundo todo. ‘’Há atrasos nos portos, não embarques, cancelamentos, falta de contêineres. E desde o primeiro semestre de 2021 o custo dos fretes disparou. O transporte de um contêiner entre o Brasil e a China, e vice-versa, passou de US$ 2.000 para US$ 12.000, um absurdo. Essa desorganização começou com a pandemia e acaba afetando o custo das mercadorias’’, explica.
Balança comercial
No ano que vem, a previsão para a balança comercial brasileira são exportações de US$ 262,379 bilhões, queda de 4,7% em relação ao montante de US$ 275,316 bilhões estimados para 2021, enquanto as importações estão previstas em US$ 227,855 bilhões, aumento de 4,5% em relação aos US$ 218,094 bilhões estimados para 2021, e superávit comercial de US$ 34,524 bilhões, redução de 39,7% % em relação aos US$ 57,222 bilhões previstos para 2021. As projeções são da AEB
De acordo com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, no acumulado de janeiro a novembro de 2021, houve crescimento de 50,9% no fluxo comercial em Minas, 49% nas exportações e 56,6% nas importações, se comparado com o período de janeiro a novembro de 2020. O fluxo comercial de Minas Gerais somou US$ 46,9 bilhões. As exportações de Minas Gerais somaram US$ 35,1 bilhões, e as importações, US$ 11,7 bilhões relativos às importações.
A balança comercial internacional do estado foi superavitária no acumulado de janeiro a novembro de 2021, registrando um saldo de US$ 23,4 bilhões.
Dentre os principais parceiros comerciais de Minas Gerais nas exportações do acumulado, de janeiro a novembro de 2021, estão: China (42,3%), Estados Unidos (6,4%), Barein (4,6%), Países Baixos (Holanda) (4,0%) e Alemanha (3,4%).
Os dez principais produtos exportados por Minas Gerais em 2021 foram: minério de ferro (48,5%), café (11,0%), soja (5,8%), ferro-ligas (5,5%), ouro (4,6%), açúcares de cana ou de beterraba (2,9%), ferro fundido ( 2,8%), carnes bovina(2,1%), pastas químicas de madeira (1,7%) e hidrogênio (0,9%).
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