Cotação do minério de ferro supera US$ 200 por tonelada

A valorização do minério de ferro no mercado internacional vem batendo recordes. Na quinta-feira (6) o preço ultrapassou, pela primeira vez, a barreira de US$ 200 a tonelada, atingindo US$ 202,65. Na sexta-feira (7), o valor aumentou novamente (US$ 212,75 a tonelada). O último recorde, de acordo com a S&P Global Platts, havia sido registrado no dia 27 de abril (US$ 193,85 por tonelada).
Diversos fatores ajudam a explicar a elevação do produto, conforme especialistas consultados pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, que também destacam que os números deverão se estabilizar em alta por um tempo.
“Os preços do minério de ferro foram impulsionados pelos preços do aço chinês e pelas margens das usinas recentemente, e mesmo as notícias de reduções adicionais na produção com base em preocupações ambientais não devem afetar a demanda”, destaca o diretor regional de preços de metais – Américas da S&P Global Platts, Christopher Davis.
De acordo com ele, a pressão de alta de preços não parece estar diminuindo no curto prazo. “Na China, em particular, os participantes do mercado acabaram de retornar do feriado do Dia do Trabalho no início desta semana e parecem prontos para comprar e vender em um ritmo de alta. Combine isso com a temporada de construção principal e muitos segmentos de uso final e de uso intensivo de aço que esperam que a demanda aumente conforme as economias emergem da pandemia da Covid-19, e é fácil ver por que muitos participantes do mercado esperam que a pressão de alta de preços permaneça por algum tempo”, diz ele.
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Analista de Investimentos da Mirai Asset, Pedro Galdi também afirma que os preços do minério de ferro devem continuar em alta, mas que “tudo tem um limite”. “Os US$ 200 por tonelada já são um patamar mais do que importante”, afirma ele, que aposta que o preço mais elevado continue, pelo menos, no próximo trimestre. A vacinação da população e a recuperação econômica deverão contribuir para a alta dos preços ao longo do tempo, acrescenta ele, com o aumento da demanda.
Em todo esse cenário positivo para o minério de ferro, porém, os investimentos no setor deverão ser mais cautelosos, segundo Galdi. “Ninguém vai dar tiro no pé. Se aumentar muito a produção, vai derrubar os preços”, diz ele.
Além disso, o presidente do Conselho Empresarial de Mineração e Siderurgia da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Adriano Espeschit, destaca que não é possível implementar novos projetos tão rapidamente.
“Novos projetos não têm a velocidade de ser implantados para surfar nessa onda. O tempo de maturação de um projeto é de vários anos. Não há condições de se pensar em projetos rápidos de expansão além dos já planejados”, afirma.
Contribuições da alta do minério de ferro para o Brasil e para Minas Gerais
A alta dos preços do minério de ferro deve contribuir positivamente com o País e o Estado em vários sentidos. Diante desse quadro, Galdi ressalta, por exemplo, os ganhos para a balança comercial.
Além disso, Espeschit ressalta que Minas Gerais poderá ter um melhor aproveitamento das suas jazidas.
“O nosso minério de ferro tem uma margem de lucro menor porque ele precisa ser mais beneficiado do que outros. Temos um custo operacional mais alto”, afirma.
Nesse cenário, a alta dos preços é importante, explica ele, porque viabiliza minérios marginais que no passado foram estocados, mas não lavrados.
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