Credores da Samarco protocolam alternativas para recuperação judicial

A recuperação judicial da Samarco ganha novos capítulos. Após o plano proposto pela companhia ter sido recusado no mês passado, os próprios credores protocolaram alternativas que serão avaliadas pela 2ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte.
Uma das opções diz respeito aos credores financeiros e outra aos credores trabalhistas da mineradora. É possível que um processo de mediação seja iniciado para estruturar o plano final e caso não haja acordo entre as partes, uma nova assembleia deverá ser convocada.
O DIÁRIO DO COMÉRCIO apurou que a proposta apresentada pelos sindicatos Metabase, de Mariana (região Central) e Sindimetal, do Espírito Santo, é uma espécie de versão revisada do plano de reestruturação da dívida apresentada anteriormente pela mineradora. Fontes ligadas aos trabalhadores informaram que as acionistas da Samarco, Vale e BHP, apoiam as mudanças sugeridas.
Entre as sugestões, a garantia de 24 meses de estabilidade no emprego e juros de 1% ao mês, não ao ano, a serem aplicados em créditos retidos por trabalhadores e micro e pequenas empresas, que somam cerca de R$ 90 milhões. Também propõe que os detentores de títulos recebam pagamentos adicionais caso as projeções da mineradora, como os preços do minério de ferro, se mostrem mesmo muito conservadoras – como vêm argumentando até aqui.
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“A ideia é que haja um equilíbrio. Os sindicatos trazem um plano alternativo e sustentável. Os trabalhadores não são contra os credores financeiros receberem seus créditos deles, mas entendem que o pagamento precisa ocorrer de acordo com a possibilidade e viabilidade das operações de retomada da empresa”, disse uma pessoa ligada ao processo, que pediu sigilo por o documento ainda não ser público.
Na outra ponta, os detentores de títulos propuseram que 17 fundos, incluindo o Oaktree Emerging Market Debt Fund, assumissem o controle da mineradora. Esses fundos têm cerca de R$ 20,6 bilhões em créditos da Samarco.
Processo de recuperação judicial
A Samarco entrou em recuperação judicial ao lidar com as consequências do rompimento da barragem de Fundão, há quase sete anos. A empresa retomou a produção no fim do ano passado com 26% da capacidade de produção e atualmente trabalha com cerca de 8 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério de ferro por ano.
Fechou 2021 com faturamento de R$ 9 bilhões, mas prejuízo líquido de R$ 10,05 bilhões, ante um prejuízo de R$ 4,59 bilhões em 2020. Além disso, a receita líquida passou de R$ 115 milhões para R$ 8,9 bilhões de um exercício para o outro.
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