Economia

PIB de Minas Gerais pode estar no limite de crescimento, apontam especialistas

Crescimento do PIB de Minas Gerais dá sinais que está perdendo o ritmo, porém, cenário não é considerado negativo
PIB de Minas Gerais pode estar no limite de crescimento, apontam especialistas
Crédito: Leo Lara/Aestec

Impulsionado por um mercado de trabalho aquecido, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais pode perder fôlego nos próximos meses, avaliam economistas. Com queda do desemprego mais aguda que no País, o cenário de pleno emprego pode fazer o Estado chegar ao limite da sua capacidade de crescimento econômico por meio da incorporação de pessoas no mercado de trabalho, que aumenta a renda média da população e, por conseguinte, o consumo de bens e serviços.

A economia mineira cresceu 2,9% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2023 e 0,5% comparado com os três meses anteriores. A alta ficou acima do crescimento nacional, de 2,5%. Os dados foram divulgados na segunda-feira (1) pela Fundação João Pinheiro.

Entre os destaques no primeiro trimestre está o crescimento de 7,2% na indústria extrativa, uma das principais atividades econômicas do Estado, impulsionando o PIB do setor industrial, que registrou alta de 3,9% na mesma base de comparação.

Já o segmento de utilidades públicas, que inclui geração energia e saneamento, cresceu 10,4%, fomentado pelo momento de grandes investimentos em energia solar no Estado.

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Ainda dentro do setor industrial, a construção civil, impulsionada pelo programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), pela retomada de obras públicas e redução da taxa básica de juros (Selic), cresceu 4,4% no período em comparação com mesmo trimestre de 2023. O PIB nominal de Minas Gerais nos três primeiros meses totalizou R$ 253,8 bilhões.

Além disso, o aumento do consumo de bens e serviços, proveniente do crescimento da renda média da população, em um mercado de trabalho aquecido, impulsionou o comércio e os transportes e fez o setor de serviços crescer 2,5%.

O professor de economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mauro Sayar Ferreira, aponta que na comparação ano a ano, o crescimento do PIB estadual é superior ao nacional, impactado principalmente pelo mercado de trabalho mais aquecido no Estado que na média nacional.

Mas, na comparação com o trimestre anterior, a economia mineira dá sinais de esgotamento desse que é um de seus impulsos. “Como a população ocupada aqui cresceu muito ano passado, praticamente esgotou a capacidade de ampliar muito a produção através da incorporação de pessoas no mercado de trabalho. Chegou no limite para isso”, afirma.

Mas o professor da UFMG pontua que o fato não significa retração econômica. “Quer dizer simplesmente que um dos motores de crescimento mais acelerado talvez esteja se esgotando. Você continua produzindo no patamar elevado, mas em termos de taxa de crescimento, talvez ao longo deste ano o crescimento nacional suplante o de Minas”, disse Sayar Ferreira. Ele ressalta que a base de comparação alta pode resultar em taxas de crescimento menores do PIB de Minas Gerais e uma saída para continuar o crescimento é aumentar a produtividade.

Minas Gerais pode aumentar participação no PIB nacional

Walter Horta, economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), também espera um ritmo menor do crescimento econômico estadual, ainda que ligeiramente maior que o nacional. A estimativa da Fiemg é que o PIB mineiro cresça 2,1% este ano. Já o último Boletim Focus estimou alta de 2,09% do PIB brasileiro.

“Tem todo um contexto mais positivo na economia, principalmente se tem um mercado de trabalho aquecido, um patamar elevado de transferências de renda e gastos públicos, tudo isso favorece aumento da massa de rendimento das famílias”, comenta Horta. “Consequentemente, quando tem maior crescimento da renda, tem crescimento do consumo, seja de bens, de serviços também”, completa.

Ele destaca o aumento da participação de Minas Gerais na proporção do PIB nacional no primeiro trimestre deste ano, agora, de 9,4%, ante 9,3% no mesmo período de 2023. “Se continuar nessa toada, de Minas crescer com patamar acima do Brasil, a tendência é que a gente continue ganhando espaço na economia brasileira”, finaliza.

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