Criação de empresas cresce menos que encerramentos

Os juros altos e a dificuldade de acessar crédito têm impactado o desempenho das pequenas empresas de Minas Gerais. Ao longo do primeiro trimestre, as aberturas somaram 110 mil novos pequenos negócios, avanço de apenas 0,93% frente a igual intervalo do ano passado. Já em relação aos encerramentos, que totalizaram 66 mil pequenos negócios no Estado, foi verificado aumento de 34,41% em relação ao primeiro trimestre de 2022.
Os dados são do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) do Ministério da Economia e da Receita Federal e foram divulgados pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas).
Na avaliação da assistente de dados do Sebrae Minas, Bárbara Pimenta,a estabilidade registrada no número de aberturas é resultado da conjuntura econômica, que tem deixado os empresários mais cautelosos.
“O cenário econômico como um todo interfere na decisão dos empresários em abrir ou não um novo negócio. A conjuntura de hoje vem sendo marcada pelos juros elevados e inflação persistente. Além disso, há uma escassez de crédito e isso gera um desconforto para o empresário e também para o cidadão comum, o consumidor, e acaba impactando as decisões”, explicou.
No total de formalizações realizadas nos três primeiros meses deste ano no Estado, 87,5 mil – ou 79,5% – foram de Microempreendedor Individual (MEI). O número ficou 0,3% menor que o registrado em igual intervalo de 2022, quando foram abertas 87,7 mil MEIs.
Apesar da queda no encerramento do trimestre, considerando somente março, quando foram abertas 30,9 mil MEIs, houve avanço de 7,8% frente ao terceiro mês do ano passado.
Entre janeiro e março, foram abertas quase 20 mil novas Micro Empresas (ME), representando 18,1% do total do Estado e superando em 5% o volume de aberturas do primeiro trimestre de 2022. Somente em março, foram 7,5 mil formalizações, 13,3% de alta.
Em relação às Empresas de Pequeno Porte (EPP), foram formalizados 2,6 mil novos negócios entre janeiro e março, superando em 14,3% as aberturas de igual intervalo de 2022. No mês, as novas EPP somaram 1,04 mil, aumento de 17% na comparação com março de 2022. O número é o maior registrado para o período desde 2019.
“Nós temos uma perspectiva boa quando avaliamos o resultado das empresas de pequeno porte, as EPP, que apresentaram, no primeiro trimestre, a maior abertura de todos os tempos. Como é um porte de empresa que precisa de mais investimento e de maior planejamento para a abertura em relação a microempresas ou ao MEI, isso mostra um otimismo frente a uma possível melhora no ambiente de negócios do Estado”.
No primeiro trimestre, segundo dados do Sebrae, o setor de Serviços foi responsável pela abertura de quase 60 mil pequenos negócios em Minas Gerais, volume que representou 54,2% das formalizações no período. Em relação ao mesmo período do ano passado, a abertura de empresas do segmento cresceu 6,38%.
No Comércio, foram quase 27 mil formalizações, queda de 3,41% no comparativo com o primeiro trimestre de 2022. No setor da Indústria, foram 13,5 mil empresas abertas, 9,96% a menos. A Construção Civil foi responsável por 8,4 mil formalizações, queda de 2,15%; e a Agropecuária registrou 1,4 mil pequenos negócios abertos, ou seja, aumento de 5,17% em relação aos três primeiros meses do ano passado.
As atividades com maior número de abertura de pequenos negócios no primeiro trimestre de 2023 foram promoção de vendas (5.449); comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios (5.207) e cabeleireiros, manicures e pedicures (4.139).
Encerramentos
Em relação aos fechamentos, entre janeiro e março de 2023, foram fechados 66 mil pequenos negócios em Minas Gerais, superando em 34,41% o primeiro trimestre de 2022.
No intervalo, quase 80% dos encerramentos foram de empreendimentos de microempreendedor individual (MEI). A maior representatividade pode ser justificada pela maior facilidade em encerrar as atividades desta categoria, pois são empreendimentos menos burocráticos para realizar a baixa do CNPJ.
De acordo com a assistente de dados do Sebrae Minas, Bárbara Pimenta, a maior oferta de empregos também é um fator que promove o fechamento de MEIs.
“A gente acredita que o aumento dos encerramentos está aliado ao maior número de contratações e também à dificuldade de acesso ao crédito que têm acontecido no mercado. São pontos que potencializam a falta de confiança do pequeno empresário, que acaba recorrendo ao mercado de trabalho”.
Considerando o fechamento total dentre os setores, os de Serviços e Agropecuária foram os que apresentaram maior percentual de aumento em baixas de empresas. Em Serviços, o crescimento no encerramento das empresas chegou a 40,60% no comparativo com o primeiro trimestre de 2022. Na Agropecuária, o avanço foi de 44,09% no encerramento de pequenos negócios.
De acordo com o Sebrae, o comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios registrou um total de 4.582 empresas que fecharam as portas no primeiro trimestre, seguido por promoção de vendas (3.244), cabeleireiros, manicures e pedicures (2.432) e obras de alvenaria (2.133).
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