Economia

Crise argentina afeta exportações mineiras para o Mercosul

Entre janeiro e novembro de 2024, os embarques recuaram 25,2%
Crise argentina afeta exportações mineiras para o Mercosul
Embarques para o Mercosul somaram US$ 2,2 bilhões entre janeiro e novembro | Crédito: Diário do Comércio / Arquivo / Alisson J Silva

A crise econômica na Argentina impactou as exportações de Minas Gerais para os países do Mercosul. Entre janeiro e novembro de 2024, as vendas do Estado aos países do bloco econômico recuaram 25,2% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

Em 2025, o Estado deve retomar pelo menos o patamar que obteve em 2023, explica o diretor de Comércio Exterior da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços do Brasil (Cisbra), Arno Gleisner. “A queda realmente se deveu basicamente à Argentina, que esteve em crise nesse período. Mas agora ela está em recuperação, deixou de estar em recessão e, além do mais, há um fator adicional que favorece as exportações, que é o câmbio”, observou.

Uma cotação elevada deixa as exportações brasileiras mais competitivas. O dólar no Brasil acumula alta acima de 26% em 2024 e, nos últimos dias, a valorização frente ao real atingiu o maior valor nominal da história. O resultado obrigou o Banco Central (BC) a realizar leilões da moeda americana, para aumentar a oferta de dólar no País e conter a desvalorização da moeda brasileira.

Nos primeiros 11 meses de 2024, os embarques dos produtos de Minas Gerais, com destino aos países do Mercosul, movimentaram US$ 1,6 bilhão, contra US$ 2,2 bilhões no mesmo período do ano anterior. “Até desejamos eliminar essa base de comparação (2024) e sim tomar 2023 como uma base, e considerar que, talvez, é possível um pequeno incremento em relação a essa base de 2023”, avalia o diretor da Cisbra.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


O país argentino tem o maior impacto nas exportações de Minas Gerais para o Mercosul pelo grande fluxo comercial com a indústria automotiva mineira. Os principais produtos que saem do território mineiro, em direção aos países do bloco, são veículos, em geral, e autopeças.

“O mercado argentino, embora – curiosamente – em veículos não tenha caído tanto, mas mesmo assim ele vai reagir, e podemos esperar que em 2025 tenhamos um crescimento das importações mineiras (na Argentina) em relação a 2023”, pontua Gleisner.

O diretor da Cisbra ressalta que, em alguns casos do comércio internacional mineiro, há um fluxo comercial intercompany, uma relação entre empresas do mesmo grupo, em que tanto os produtos vão de Minas Gerais para a Argentina, como voltam do país para o Estado. É o que é observado no conglomerado automotivo Stellantis, que possui um polo industrial em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

“O câmbio, nesse caso, não é tão significativo. Muito significativo é o tamanho do mercado, mas de qualquer forma, ajuda também, nesse caso dos veículos e autopeças, e, principalmente, dos outros itens e para os demais países”, analisa Arno Gleisner.

Diversificação de exportações de Minas Gerais para o Mercosul

A elevada cotação do dólar no País tem uma contribuição temporária nos resultados do comércio exterior, aponta Gleisner. Com o passar do tempo, o custo da moeda americana encarece os insumos que a indústria nacional precisa para conseguir exportar. “Os custos internos sobem, não diretamente, mas indiretamente, como consequência do câmbio”, explica.

O diretor de comércio exterior da Cisbra prevê que a economia argentina terá um crescimento mais sustentável durante todo o ano de 2025, o que deve contribuir para um resultado positivo da balança comercial de Minas Gerais com o Mercosul.

Além disso, Arno Gleisner acredita que as ações em busca da diversificação das exportações mineiras, desenvolvido em entidades setoriais, como a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) e a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), deverão ter impacto efetivo no comércio exterior do Estado no próximo ano.

“São ações que, de maneira geral, capitaneadas pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), mas as federações de indústria de cada estado estão realmente trabalhando forte nesse trabalho de diversificação da indústria, e o próprio governo federal também, principalmente Apex, que está fazendo um bom trabalho nesse campo”, avalia.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas